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sexta-feira, 3 de abril de 2020

Vítima de Honda no Japão, Oswaldo lembra duelos com meia do Botafogo: "É um craque"


Técnico campeão carioca com o Alvinegro em 2013 compara contratação de meia japonês à de Clarence Seedorf e projeta influência dentro e fora de campo: "Tem tudo para ser um exemplo"


Keisuke Honda é o segundo astro internacional que chega ao Botafogo nesta década. Antes, em 2012, Clarence Seedorf elevou o patamar do clube. Naquela ocasião, Oswaldo de Oliveira era o comandante. Com duas passagens pelo Japão, o técnico campeão carioca pelo Alvinegro em 2013 enfrentou o meia em duas oportunidades e sabe o que um atleta desse nível pode acrescentar para a equipe.


"Quando vi que o Botafogo o contratou, achei maravilhoso, ele é um craque, joga muito".


Os confrontos aconteceram em 2007, na primeira passagem do técnico pelo futebol japonês. Em 24 de junho, o Kashima Antlers, de Oswaldo, derrotou o Nagoya Grampus, de Honda, por 2 a 1. Já no dia 15 de setembro, o time do meia venceu por 3 a 0, com dois gols do astro alvinegro.


- Nós jogamos quatro jogos contra o time dele, o Nagoya, mas ele participou de dois e lembro que jogou de ala esquerda. Ele estava começando e já arrebentava. Foi um pouco surpreendente, um garoto ainda. Nesse jogo que eles venceram, ele fez dois gols, sendo um da intermediária. Me impressionou bastante. Logo começou a ser convocado para a seleção japonesa. Chama atenção que ele se destacou muito rapidamente. O povo japonês adora ele, até porque é o grande destaque do Japão em Copas do Mundo.



Oswaldo de Oliveira foi o treinador de Seedorf no Botafogo — Foto: Gustavo Miranda/Agência O Globo


A segunda passagem de Oswaldo de Oliveira no Japão foi em 2018, à frente do Urawa Reds. O técnico, pelo conhecimento que tem da cultura japonesa, acredita que Honda será um exemplo positivo no futebol brasileiro e não duvida que ele se tornará um dos líderes do Botafogo em breve.


"Tem tudo para ser um exemplo. Com outra cultura, outro nível de prestígio, tecnicamente pode vir a ser um grande jogador aqui. Vai depender do nível de adaptação dele. Se conseguir, vai jogar muito aqui, tenho certeza disso".


- Ele é um pouco diferente do japonês típico. O japonês é disciplinado e educado, mas pouco ousado. O Honda é disciplinado, educado e é ousado. O jogador japonês, quando tem essas características, se destaca muito. Ele perambulou pelo mundo porque tem essa valência enorme de coisas que pode fazer. E ele faz tranquilo, não se estressa. Forte, inteligente, habilidoso, era muito rápido.


Oswaldo de Oliveira foi o técnico do Botafogo nas temporadas 2012 e 2013, quando Seedorf chegou e se firmou no clube alvinegro, ajudando também a lançar jovens como Dória, Gabriel, Jadson e Vitinho. Veja abaixo o bate-papo com o ex-treinador alvinegro:


Papel de Honda no Botafogo

- Hoje, eu o vejo meio Seedorf no Botafogo, fazendo a função de cérebro do time, incontestável sua capacidade para isso, chegando na área, decidindo, batendo pênalti como foi contra o Bangu e, gradativamente, se transformando no líder do time. Ele tem todas as credenciais. É um cara extremamente disciplinado. Se adaptando bem, o Honda tem tudo para vencer aqui.


Comparação com Seedorf

- Em 2012/2013, o Seedorf foi muito bem ladeado por outros caras que vieram com muita personalidade: Jefferson, Marcelo Mattos, Bolívar, Rafael Marques, Fellype Gabriel, Andrezinho. Eram caras focados e deram uma coadjuvação muito boa para ele. Eu olhando de fora vejo o elenco atual nesse nível: o goleiro, estrangeiros, meninos que estão aparecendo. Vai depender de quem serão os pares dele, o que vai ser determinante.


Importância de Seedorf extracampo

- O Seedorf tinha uma característica: todos os dias antes do treino ele ia até minha sala conversar comigo, trocar ideias, falava o que achava dos jogadores e de ideias que ele tinha. Ele tinha essa coisa de preparar as atitudes que ia tomar. Não fazia nada por iniciativa própria, ele se embasava para conversar com os jogadores.


- Eu admiro o Honda pelo que eu vi ele jogar, mas não sei até que ponto ele pode interferir nesse aspecto. Uma coisa que o Paulo Autuori vai avaliar e vai dar linha para ele à medida que for importante. É coisa do japonês, ele está se esforçando para aprender português. Para se ter uma ideia, no clube que eu trabalhei no Japão, eles tiveram muitos treinadores e jogadores brasileiros, então muita gente no clube passou a falar português pela necessidade de lidar com o brasileiro. Japonês é muito focado. Não se surpreenda se em poucos meses ele estiver mais fluente e independente.


"Se ele exercer uma certa liderança, aos poucos ele vai contagiar os colegas".


Título carioca de 2013


- Naquela época subimos acho que 16 jogadores e o aproveitamento foi excepcional. Gabriel, Dória, Jadson, Cidinho, Vitinho...


- O grande destaque foi o Rafael Marques, o craque do campeonato. Nesse aspecto técnico dentro do campo foi o Rafael. Fora de campo Seedorf, Bolívar, Jefferson... Era um grupo muito bom. Nós cruzamos quase que o ano todo com salários atrasados. E a manifestação deles para demonstrar insatisfação foi não concentrarem.


- Um dia, o Jefferson me procurou e disse que se concentraria, porque não dormiria bem em casa pois estava com neném novo. Para se ter uma ideia do nível daqueles caras, eram excepcionais. O jogador com salário atrasado fica perturbado, é uma insegurança muito grande. Eu disse: "Em algum momento vocês vão receber, mas não podem deixar isso fazer mal ao clube e à carreira de vocês. Encarem, façam da melhor maneira e depois a gente cobra".



Oswaldo foi campeão carioca com o Botafogo em 2013 — Foto: Satiro Sodré/SSPress


Clube-empresa

- O presidente dirige o clube por dois ou três anos e isso limita o horizonte dele. Raramente se encontra um cara que vai trabalhar para o projeto do próximo. Quando o cara trabalha a curto prazo, não mede esforços para as coisas acontecerem naquele momento. O clube-empresa pode ser solução para esse aspecto administrativo. O futebol administrado como empresa pode solucionar isso.


Fonte: Por Emanuelle Ribeiro — Rio de Janeiro

Botafogo aguarda fim da paralisação para avançar por Matheus Nascimento


Matheus Nascimento em ação em amistoso com o Boavista, no dia da apresentação do meia japonês Honda

Matheus Nascimento em ação em amistoso com o Boavista, no dia da apresentação do meia japonês Honda - Foto: Vitor Silva/Botafogo.
Imagem: Foto: Vitor Silva/Botafogo.


Alexandre Araújo e Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

O Botafogo aguarda o fim do período de paralisação do futebol brasileiro para dar continuidade às negociações para a assinatura do primeiro contrato profissional de Matheus Nascimento, apontado como uma das principais revelações do clube e que fez 16 anos no começo de março.

As conversas entre as partes já tinham começado, mas, neste momento, estão em um ritmo um pouco mais lento por conta de todo o cenário diante da pandemia de coronavírus — o Alvinegro está com as atividades suspensas e com o departamento de futebol em férias.


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O jovem atacante, assim como o restante dos companheiros, está realizando treinamentos em casa, sob orientação da comissão técnica e departamento médico do clube.

Recentemente, Matheus Nascimento foi um das atrações no evento de apresentação do meia japonês Honda, principal contratação do Botafogo para a temporada. Na ocasião, ele esteve em campo com o time sub-17 do Glorioso, que realizou um amistoso com o Boavista.

Desde o ano passado que a diretoria alvinegra e a família de Matheus Nascimento estão mantendo contatos. Em agosto, o clube apresentou um plano de carreira e apontou o que poderia ser feito a partir desta temporada em relação ao jogador, que foi descoberto na TROPS, um dos núcleos oficiais de escolinhas, em Niterói.

À época, Tiano Gomes, gerente geral das categorias de base, sinalizou a grande expectativa que havia em torno do jovem jogador, apontado como "expoente".

"Ele está conosco desde os 11 anos de idade, estabelecemos uma proximidade e um respeito muito grande com a família dele. Então, nós valorizamos essa relação entre clube, atleta e família para que ele siga evoluindo dentro do Botafogo e, no ano que vem [2020], assine o seu primeiro contrato profissional. O Botafogo enxerga o Matheus Nascimento como um expoente. É um menino que vem se destacando no clube e que está na décima convocação para a seleção brasileira, sendo titular e artilheiro. Então, o Botafogo o vê como um atleta de alto potencial", disse, na ocasião.

via Botafogo aguarda fim da paralisação para avançar por Matheus Nascimento