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terça-feira, 19 de maio de 2020

Montenegro, do Botafogo, critica movimentos de Flamengo e Vasco: "Eles podem se tornar homicidas"


"Quem vai se responsabilizar se um atleta ou um funcionário passar (o vírus) para um membro da família, alguém em casa?", diz o dirigente, que é contra a volta aos treinos durante a pandemia

Para Carlos Augusto Montenegro, ex-presidente e membro do comitê gestor do futebol do Botafogo, os rivais Flamengo e Vasco põem em risco as vidas de jogadores e funcionários ao agirem pela volta mais rápida do futebol. Em contato com o GloboEsporte.com, o dirigente usou a palavra "homicida" para adjetivar a atitude dos co-irmãos cariocas nos bastidores da bola.


+ Jair Bolsonaro se reúne com presidentes de Fla e Vasco


- Não tem justificativa para a volta do futebol. Estamos com um problema sério principalmente no Rio de Janeiro. No Brasil, estamos chegando perto de 1 mil pessoas (mortas) por dia. Todos os hospitais com problema. Não sei se as pessoas estão sendo irresponsáveis, homicidas ou se não estão regulando bem. O futebol não é atividade essencial - disse.


- Os clubes têm que ser grandes dentro e fora de campo. É uma atitude de time pequenininho. Eles podem se tornar homicidas forçando uma barra dessas. Quem vai se responsabilizar se um atleta ou um funcionário passar para um membro da família, alguém em casa? Que protocolo é esse? As pessoas vêm treinar e, quando voltam, podem estar contaminadas - completou Montenegro.



Montenegro em entrevista durante a pré-temporada do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Na manhã desta terça-feira, os presidentes de Flamengo (Rodolfo Landim) e Vasco (Alexandre Campello) estiveram em Brasília para reunião com o presidente da República, Jair Bolsonaro. O encontro serviu para tratar da possível volta ao trabalho dos dois clubes no Distrito Federal. Mesmo durante a pandemia, o Mané Garrincha seria usado para treinos, oferta que foi feita pelos administradores do estádio há três semanas.



- Já conversei com o Nelson (Mufarrej, presidente) e com todos. A posição do Botafogo é de não jogar. Acho que a posição de Flamengo e Vasco é fazer um Carioca só com eles dois, uma Copa do Brasil só com eles dois e um Campeonato Brasileiro só com eles dois - continuou Montenegro.



Flávio Bolsonaro, Alexandre Campello, Jair Bolsonaro, Rodolfo Landim e o diretor de marketing do Flamengo, Alexsander Santos — Foto: Reprodução


A posição divergente no futebol carioca não é novidade. No início deste mês, a Ferj liberou os clubes a voltarem aos treinos. A iniciativa dividiu os quatro grandes do estado. A carta endereçada à opinião pública trouxe as assinaturas de Flamengo e Vasco, mas Botafogo e Fluminense se recusaram a participar.



Mais respostas de Montenegro


Botafogo foi informado sobre a reunião?

Estão agindo por conta própria, ninguém procurou a gente. Porque eles sabem que a gente não é irresponsável. A gente pode ter problema, faltar dinheiro... Não temos o elenco do Flamengo, mas aqui não tem irresponsável. A síntese é a seguinte: isso é uma covardia com os jogadores, a comissão técnica e os familiares dessas pessoas todas.


Cautela com a pandemia
Por que arriscar a vida dos jogadores, dos profissionais de futebol? O problema não é protocolo, mas tudo o que está acontecendo. Há falta de respiradores nos hospitais. Quero ver os clubes comprarem respiradores para esses jogadores, os funcionários, as famílias. Porque no hospital não tem.


Estou trabalhando para o Ministério da Saúde no Ibope e sei que o caso é sério. Em muitos estados, seríssimo. E as pessoas pensando em futebol? Estão brincando com coisa séria. Então, combinem e façam todos os campeonatos só com Flamengo e Vasco. Arriscado o Vasco voltar a ser vice em tudo. Joguem só os dois, porque o Botafogo não vai jogar.


Comparação com Bundesliga

Estão querendo comparar com a Alemanha, mas já passou pelo pico. Por isso estão engatinhando uma volta. Aqui no Brasil, ninguém sabe. Estamos indo para segundo no mundo em número de casos.


Fonte: GE/Por Thayuan Leiras — Rio de Janeiro

Tá no sangue! Pedro segue os passos do irmão Luís Henrique no Botafogo


Enquanto atacante é um dos principais jogadores do time principal, meia está na equipe sub-17 do Alvinegro; ao LANCE!, irmão mais novo comenta emoção de jogar no Glorioso



Pedro e Luís Henrique treinam durante a quarentena (Foto: Arquivo Pessoal)



O futebol corre nas veias de uma família de jogadores no elenco do Botafogo. Se Luís Henrique brilha no time profissional e frequentemente é especulado em equipes da Europa, seu "trono" pode ser defendido pelo irmão, Pedro, atualmente na equipe sub-17 do clube de General Severiano, em caso de uma possível saída.

A trajetória dos dois é praticamente idêntica. Assim como Luís Henrique, Pedro começou a carreira no Três Passos Atlético Clube, do Rio Grande do Sul, clube que possui parceria com o Botafogo. O meia, que atua mais avançado, atrás do atacante, está nas categorias de base do Alvinegro desde o ano passado, e se diz orgulhoso do irmão mais velho.

- É muito gratificante vê-lo conquistando tudo que sempre sonhou e conseguir acompanhar sua trajetória de perto. No mesmo time, então, é melhor ainda. Certamente é uma inspiração, uma motivação a mais. O Luís é a minha principal inspiração. Ele sempre me ajuda muito e faz com que eu acredite que é possível concretizar os meus sonhos - afirmou, com exclusividade ao LANCE!.




Luís Henrique, Ronaldo (pai) e Pedro (Foto: Arquivo Pessoal)

A diferença de idade só permitiu que os dois só jogassem juntos na escolinha de futebol do pai, Ronaldo Tomaz, antes de qualquer envolvimento com o TAC ou o Botafogo, há alguns anos. Pedro, contudo, garante que sempre deu passes açucarados para o irmão mais velho.

- Passamos alguns meses juntos no TAC. Quando éramos pequenos sim (jogamos juntos), na escolinha do meu pai, Era livro na mão e bola no pé, aqui em Solânea (cidade natal dos dois). A sensação era muito boa e eu sempre deixava ele na cara do gol (risos) - contou.



Pedro e Luís, inclusive, passam a quarentena juntos. Os dois estão em Solânea, na Paraíba, onde nasceram, e vem treinando em um campo de futebol dentro da própria residência, respeitando as normas de segurança.

- Apesar de ficarmos ansiosos pela volta, nos mantemos tranquilos. Seguimos fazendo nossos treinos, jogamos futevôlei e aproveitamos bastante a família -declarou.

No ano passado, Pedro, que chegou ao Botafogo já no segundo semestre da temporada, fez dez jogos pelo time sub-15 do Alvinegro, contribuindo com dois gols e oito assistências no período. Em 2020, com 16 anos, tinha subido para o time sub-17 antes da paralisação das competições.

Pedro tem 1,75m e joga como meia avançado - diferente do irmão, que é ponta. Em contato com a reportagem, o atleta afirmou que suas principais características em campo são a visão de jogo, passe e finalização de meia distância.



Pedro em ação pelo Botafogo (Foto: Arquivo Pessoal)


BATE-BOLA COM PEDRO:

Qual a sua principal inspiração no futebol?

Lionel Messi.


Como é ver o Botafogo ter o Keisuke Honda no elenco?

É uma inspiração para mim ter um jogador renomado como o Honda no clube, especialmente por ser da minha posição. Talvez ainda consiga jogar ao seu lado, seria um prazer.


Ver que cada vez mais jogadores da base do clube têm chance no time profissional te dá ambição?

Claro, fico ainda mais motivado pois sei que minha hora pode chegar a qualquer momento. Quando isso acontecer, estarei pronto.



Fonte: LANCE!
Sergio Santana/Rio de Janeiro (RJ)