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quarta-feira, 14 de março de 2018

Marcinho iguala jogos de 2017 com moral e agora sem lesão: "Conquistei meu espaço"


Titular do Botafogo aos 21 anos, lateral-direito repete sequência no time antes de romper ligamento do joelho no ano passado e se candidata ao posto de cobrador de faltas: "Sempre tive esse recurso"






Domingo, 2 de abril de 2017. O jovem Marcinho, com só 20 anos, completava o quinto jogo como titular substituindo o lesionado Jonas na lateral direita do Botafogo. Mas na vitória por 3 a 2 sobre o Resende, no Nilton Santos, rompeu o ligamento cruzado do joelho direito e não jogou mais na temporada.


Domingo, 11 de março de 2018. Aos 21 anos, Marcinho voltou a atingir a sequência de cinco jogos seguidos como titular no empate por 1 a 1 com o Volta Redonda no Raulino de Oliveira. O resultado não foi tão bom, mas o final diferente foi motivo de comemoração: sem lesão e com moral.

– Antes da lesão tive uma sequência parecida, mas agora é diferente. Estou realmente titular, não entrei no lugar de ninguém, conquistei meu espaço. E está sendo muito bom para mim, espero continuar nessa sequência até o final do ano – vibrou o ala em entrevista coletiva nesta quarta-feira no Nilton Santos.

Do outro, Marcinho, Leo Valencia, João Paulo e Marcos Vinícius treinam faltas. Olha aí que cobrança do Marcinho #gebotapic.twitter.com/cgCJJLQoGcMarch 14, 2018

Titular desde a chegada de Alberto Valentim, Marcinho agora se candidata também a cobrador oficial de faltas da equipe, posto que ocupava nas categorias de base do clube. No fim do treino desta quarta, ele foi quem teve o melhor aproveitamento nas cobranças ao lado de Leo Valencia, João Paulo e Marcos Vinícius (veja um gol no vídeo acima).

– Desde a base (cobra), mas nunca fui um dos principais. Mas sempre tive esse recurso, treinava com o Jair, Felipe... Só não era o batedor – explicou, sendo questionado se poderia assumir o posto no profissional:

– Sim, sim, estamos treinando para isso.


Confira outros tópicos da coletiva:


OPORTUNIDADE
A gente tem que estar sempre preparado, esperando alguma coisa acontecer. Desde que voltei de lesão, até antes mesmo, com o Jair (Ventura), o Felipe (Conceição), assim que a chance viesse poder demonstrar dentro de campo.


COMO FOI ESCOLHIDO?
Foi nos treinos. Isso também é questão de gosto do treinador, do que o jogador produz. Ele tem que escolher, e eu fui uma opção. Estou muito feliz por ter sido escolhido.


O QUE MUDOU NAS RUAS?
Cara, não tenho saído muito, não (risos). Mas o pessoal tem reconhecido, mandado mensagem, é um momento legal, diferente de viver, ser mais paparicado, tirar foto...


VALENTIM
Cada treinador é um, isso varia muito da situação do time. Tem muitos treinadores bons que não encaixam, você vê o Mourinho ontem foi eliminado. Às vezes não dá sorte. Tem muita gente competente que não tem essa sorte. Acho que é um pouco da junção competência com sorte, o Valentim está unindo muito bem isso.


RECEBE DICAS DO TÉCNICO?
Ele tem muito mais noção da posição. Trata todos da mesma forma, mas comigo tem sido pontual, sabe muito ali e tem me ajudado bastante com toques de posicionamento de corpo... Vem sendo bastante importante.


EXPERIENTES NA RESERVA
Situação normal, é a roda gigante, um dia você está de terceiro, outro de reserva, outro de titular, ou nem vai para o jogo. Esses caras (Luis Ricardo e Arnaldo) são demais, estão sempre me apoiando, conversando. O Luis Ricardo desde quando subi em 2016 sempre me deu força. E o Arnaldo, depois que fiz meu primeiro jogo esse ano, me mandou mensagem de parabéns, que estamos juntos. Esse espírito de grupo é importante.


DERROTA DO VASCO ANTES DO CLÁSSICO
Isso para a gente pouco importa porque o Vasco é time grande, e a Libertadores é muito difícil. Não tem que ficar pensando na derrota deles, e sim no jogo contra o Vasco, que é uma equipe muito bem montada e vai ser muito complicado.


VIU O JOGO?
Vi uma parte só, depois os lances na internet. Mas é um jogo diferente, Libertadores, complicado. Vamos estudar depois com o Valentim.



Marcinho ao lado do médico João Grangeiro após a cirurgia (Foto: Divulgação)


AGRADECIMENTO

Tenho muito a agradecer ao Botafogo pela paciência que teve comigo, tratamento, um ótimo cirurgião que é o João Grangeiro, o pessoal da fisioterapia, Fabinho, Leandrinho, o Gui, os caras da academia, Ometto, Capella... Todos foram importantíssimos para minha volta, uni isso com a força de vontade minha. Deus premia a gente, depois de tanto trabalho, força de vontade, só quero dar continuidade a esse momento feliz na carreira.


MAIS DEFENSIVO DO QUE MOISÉS?
Foi ocasional. Cada jogo é um, tem jogo que flui mais do seu lado, mais de outro... Naquele jogo (contra o Volta Redonda) nossa melhor opção estava sendo o Moisés, se lá está bom tem que continuar. Tem que ser bem humilde nisso.


LIBERTADORES 2017
Muitos jogadores saíram daquele elenco, o ambiente é outro. É bom, mas não tem os mesmos jogadores. Temos a Sul-Americana esse ano, vamos usar como foi a Libertadores para chamar o torcedor, crescer, poder ser campeão também. Não tem muito o que comparar, é outro time, outro ano.


PÚBLICO RUIM NO CARIOCA
A gente fica de fora disso, mas é triste ver um campeonato tão tradicional, tão clássico, e ter esses públicos. Tudo que tem acontecido aí também, o Rio está muito perigoso. A gente sai do treino, essas redondezas são complicadas. Pela situação do país, está difícil.


Fonte: GE/Por Thiago Lima, Rio de Janeiro

Paizão não, professor sim: em um mês, Valentim revela-se estudioso e pulso firme


Feliz por ver bom início do ex-comandante no Botafogo, Felipe Melo, que defendia sua efetivação no Palmeiras, destaca características da escola italiana levadas por técnico aos treinos





Alberto Valentim fez questão de vestir a camisa em sua apresentação ao Botafogo, em 14 de fevereiro (Foto: Fred Gomes)



Alberto Valentim completa um mês de Botafogo nesta quarta-feira. Poderia ser diferente se aceitasse ficar no Palmeiras... como auxiliar. Recusou o passo atrás em novembro, quando seu ex-clube decidiu apostar em Roger Machado. A decisão foi apoiada por Felipe Melo, jogador que ajudou a recuperar e o recolocar no posto de líder na campanha do vice-campeonato brasileiro.


"Alberto é da escola italiana, do Luciano Spalletti"
À época defensor da efetivação de Valentim, Felipe disse ao técnico, após a escolha por Roger, que via nele um grande potencial e tratou o eventual retorno à condição de auxiliar como um erro. À imprensa, em 23 de novembro, afirmou: "É um cara que cobra, disciplinador, mas que não quer ser mais estrela do que jogador. Vai dar o que falar pela inteligência dele".


Agora feliz com o bom início de Valentim no Botafogo, Felipe Melo confirma ao GloboEsporte.com a conversa em particular na qual o disse que não queria vê-lo de novo como auxiliar e enumera qualidades de seu ex-treinador.


- Falei isso porque acho que, caso ele voltasse a ser auxiliar, seria um desperdício muito grande. Cara da nova geração que tem um futuro impressionante pela frente e entende muito de futebol. Sou um pouco suspeito de falar, porque todos os treinos que vi dele foram a nível italiano.


- Vi grandes treinadores italianos darem o mesmo tipo de treinamento. Ele é da escola do Luciano Spalletti (Inter), que é uma que eu aprecio muito, que arrisca quando tem que arriscar. É um cara ponderado - afirmou Felipe.



Felipe Melo e Alberto Valentim conversam durante treino do Palmeiras, em 2017 (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras)



Até agora são cinco jogos, três vitórias, um empate e uma derrota (66,6% de aproveitamento) com o Botafogo.


Alvinegros veem Valentim longe do "treinador-paizão" e com pulso firme
Para ter um termômetro de como o grupo do Botafogo tem recebido o trabalho de Alberto Valentim neste primeiro mês, a reportagem conversou com pessoas próximas aos atletas.


Entre os procurados pela reportagem, uma unanimidade: Valentim não faz o tipo "paizão". Cobra, é leal, justo, mas não busca a proximidade a ponto de virar um "parceirão" do grupo.


- Ele é um grande treinador, tem um futuro grande pela frente. Competitivo em todos os treinos. Estilo europeu. Sem história e muita conversa, cobrança é diária - afirmou.


Um outro atleta vê Valentim como bastante didático. "Mais professor, menos paizão". Fala com confiança e demonstrando conhecimento do que aborda. Além disso, afirma que as coisas que ele, durante palestras e preleções, afirma que irão acontecer nos jogos de fato normalmente acabam ocorrendo.


Tal característica de "antever o que vai acontecer" se revela pelo fato de Alberto, segundo pessoas próximas a ele, estudar à exaustão o adversário. Para isso, apoia-se muito em seu auxiliar Fernando Miranda e trabalha muito próximo aos analistas de desempenho.



Alberto Valentim fala muito durante os treinamentos (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)



"Fala muito!"


Desde as entrevistas como técnico do Palmeiras, Alberto se diz um "chato" e cobra "qualidade", palavra que repetiu muito em suas primeiras coletivas no Botafogo, nos treinamentos. Não tolera atrasos e gosta de corrigir erros de forma detalhista.


- Não é paizão, trata a gente como profissional. Todo mundo gosta do trabalho dele. Trouxe trabalho novo, e o cara tem pulso firme. O cara é fera. Espírito de liderança que não tem nem comparação - completou um terceiro atleta.


Desde a chegada de Valentim, nossa reportagem, presente a todos os treinamentos, reparou que o treinador fala muito e é inquieto. Anda para um lado e para o outro sem parar, sempre fazendo elogios ou correções aos erros. Costuma ficar perto do atleta. Repare em vídeo do treino desta terça ele contando os passes e completando com "Linda bola, Carli".





Fred Gomes
✔@fredgomes1985



Alberto estimula que jogadores toquem a bola rápido e marca os passes falando em “uma roubada, duas roubadas...”. #gebota


Nas atividades, costuma apresentar novidades. Faz muitas marcações no campo, usa bandeirinhas (auxiliares) e promove gincanas visando o acerto no gol.


Conceitos trazidos da Europa empregados no trabalho
Como Felipe Melo e um jogador alvinegro citaram, Alberto Valentim forjou seu estilo como treinador na Itália. O próprio técnico bateu muito nessa tecla desde a chegada a General Severiano.


Para dar às atividades a tal "qualidade" que tanto cobra dos seus comandados, Valentim prefere treinos não muito demorados, mas baseados em alta intensidade. Planeja com antecedência para reparar erros individuais e de olho no próximo adversário.


Seus treinos têm intervalos cronometrados, e todos envolvidos na atividade estão cientes disso. Tais conceitos de disciplina e organização Valentim tirou do que aprendeu na Europa.


Além de ter vestido as camisas de Siena e Udinese como jogador, Alberto Valentim fez estágios para crescer como treinador na própria Udinese, na Roma e na Juventus.


Fonte: GE/Por Felippe Costa, Fred Gomes e Thiago Lima, Rio de Janeiro