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domingo, 8 de novembro de 2015

Cartas, música e turbulência: 4 horas de voo do Bota em busca da Série A


Jogadores usam do bom humor para vencer tensão em avião de pequeno porte que levou delegação de Criciúma a Sinop, no interior do Mato Grosso





Neilton, Carleto e Tomas jogaram cartas no voo do
Botafogo (Foto: Gustavo Rotstein / GloboEsporte.com)
A derrota para o Criciúma no sábado adiou a classificação do Botafogo para a Série A e deu ao jogo contra o Luverdense um caráter maior de importância e tensão, mas com a expectativa de um final feliz. Então, a viagem até Lucas do Rio Verde, local da partida desta terça-feira, foi uma espécie de prévia do que o time de Ricardo Gomes vai encontrar na próxima rodada do Campeonato Brasileiro. As quatro horas e meia do voo fretado de Santa Catarina à cidade de Sinop, no Mato Grosso, foram marcadas por descontração e algum desconforto.


Ao olhar o avião de pequeno porte na pista do aeroporto de Criciúma (modelo ATR 72-600, com capacidade para 70 passageiros), Ricardo Gomes não escondeu estar pouco à vontade. Ele teve até algum motivo para isso. Pouco depois de uma hora de voo, começaram turbulências, e o balanço da aeronave – que levava 42 pessoas – foi encarado de diferentes maneiras. O preparador de goleiros Jorcey Anisio, por exemplo, ao ver o comandante Guima deixar a cabine, brincou:


- Piloto, você é o único que não pode ir ao banheiro!

Ricardo Gomes conversa com o médico do Bota, Luiz Fernando Medeiros (Foto: Gustavo Rotstein / GloboEsporte.com)

Já o lateral-esquerdo Carleto tentava disfarçar, mas não conseguia:


- Tenho medo de avião. Tô suando - disse, rindo, ele, que até cronometrou a viagem.


O período de turbulência durou cerca de 30 minutos. Depois, Carleto ficou mais tranquilo para voltar a comandar o jogo de cartas que também contava com Ronaldo, Neilton e Tomas. Por fim, o lateral não soube precisar o resultado exato, mas garantiu ter vencido com sobras. A tensão voltou no momento em que o avião se aproximou da aterrissagem. Foi quando ocorreu a turbulência mais forte, mas todos reagiram com bom-humor.

Tomas pega a máquina fotográfica emprestada para
 registrar os companheiros
(Foto: Gustavo Rotstein / GloboEsporte.com)
Outros, como Diego Giaretta, preferiram ler, e a maioria aproveitou para dormir. Para passar o tempo, outros se dedicaram a aprender novas atividades. Tomas e o lateral-direito Diego, por exemplo, pegaram emprestada a máquina do fotógrafo oficial do Botafogo e fizeram algumas imagens dos companheiros. O zagueiro Roger Carvalho assistiu no laptop ao filme "A Falha de San Andreas".


A resenha ficou na parte de trás do avião, onde uma caixa de som reproduzia músicas que foram do hip hop ao samba, passando por Jorge Ben Jor. Mas depois do jogo contra o Luverdense, o grupo espera mesmo ouvir o verso que a torcida tem cantado com frequência na arquibancada: “Ei, você aí, o Bota vai subir”.

Após 4h30 de voo fretado, Botafogo chegou a Sinop (MT) (Foto: Gustavo Rotstein / GloboEsporte.com)

Por Gustavo Rotstein Sinop, MT/GE

Na trave... e na outra! Lance raro volta a assombrar a vida do Botafogo


Depois de Ronaldo protagonizar bola nos dois postes, lembre outras vezes em que Alvinegro viveu situação semelhante nos últimos anos




Uma bola chutada que bate nas duas traves e não entra. O lance é raro no futebol, mas, quando se trata do Botafogo, pode-se dizer que não é incomum. A jogada protagonizada pelo atacante Ronaldo no primeiro tempo da derrota para o Criciúma, no último sábado, foi a repetição do que aconteceu três vezes na história recente do Alvinegro.


Somente no Campeonato Brasileiro de 2007, por duas vezes a torcida do Botafogo se viu com o grito de gol engasgado. Primeiro foi Joilson, no empate em 1 a 1 com o Internacional. Dois meses depois, foi Lucio Flavio quem parou nas duas traves na derrota por 2 a 1 para o Vasco. No ano seguinte, Wellington Paulista também ficou no quase na vitória por 2 a 0 sobre o Resende, pelo Campeonato Carioca.


Bola chutada por Ronaldo no primeiro tempo bateu
nas duas traves do goleiro do Criciúma
 (Foto: Vitor Silva / SSPress)
Em sua estreia como titular do Botafogo, Ronaldo demorou a acreditar no que aconteceu depois da finalização, aos 17 minutos do primeiro tempo partida contra Criciúma. Isso porque aos quatro minutos o atacante já havia acertado uma bomba na trave. O atacante lamentou muito a falta de sorte.


- Foi uma infelicidade. Fiquei triste, mas vou trabalhar para fazer o gol na próxima partida - disse.


Com a experiência de mais de 30 anos como jogador e treinador, Ricardo Gomes já testemunhou lances semelhantes. E ao analisar o protagonizado por Ronaldo, creditou o fato a uma tarde em que as coisas não deram certo para o Botafogo.


- Infelizmente era o dia que não era para ser. Não é a primeira vez que vejo isso no futebol. É raro, mas acontece. Principalmente quando a bola toca as duas traves e não volta para o jogador, como foi o caso do Ronaldo - observou.

Por Gustavo Rotstein Criciúma, SC/GE