Rubro-Negro se prepara para herdar casa do rival e vai sugerir redução de custo para dois lados, mas Alvinegro quer se desfazer de arquibancada e reaproveitar iluminação
Arena da Ilha recebeu 12 jogos do Botafogo em 2016: despedida será sábado (Foto: Divulgação / Botafogo) |
A rivalidade aflorou entre os dois clubes nas gestões de Eduardo Bandeira de Mello e Carlos Eduardo Pereira. O Flamengo, que precisava de uma alternativa na negociação pelo Maracanã, viu no acordo com a Portuguesa-RJ a oportunidade perfeita para evitar um 2017 itinerante, fato que não agradava ao departamento de futebol, e uma forma de pressionar um cenário que o permita enfim administrar o Maraca. De quebra, ainda assumiu um estádio praticamente pronto onde o Botafogo investiu R$ 5 milhões e fazia parte dos planos do rival, que tinha prioridade.
Pouco depois de o Flamengo divulgar em seu site oficial e redes sociais a parceria para jogar na Arena pelos próximos três anos – renováveis por mais três –, o Botafogo também foi à internet e postou no Twitter: "Em 2017, é Glorioso no Niltão! Como previsto, Arena Botafogo foi fundamental em 2016 (e ainda será sábado!), com contrato até o fim do ano", diz a mensagem, reforçando que o estádio ainda é do Alvinegro até dezembro.
Torcida do Flamengo no setor de visitantes da Arena: espaço pode ser ampliado por mais público (Foto: Mércio Querido) |
Em General Severiano, a notícia foi uma surpresa, embora não tenha sido um lamento. Internamente, dirigentes já se mostravam antes conformados com a inviabilidade de administrar a Arena junto com o Estádio Nilton Santos sem parceria. Mas o interesse era real, tanto que, no fim de outubro, pouco antes de Carlos Eduardo Pereira sair de férias e viajar para a Argentina, ele se reuniu com Rubens Lopes na Ferj para tratar do assunto. Do acordo firmado dia 29 de abril com a Portuguesa-RJ, a única promessa não cumprida foi a cessão de jogadores para a Lusa.
Sem mais planos para a Arena, o Botafogo, que já jogou 12 vezes no local com o time profissional – incluindo um Bota x Fla –, vai se despedir oficialmente do estádio no sábado, quando enfrenta a Ponte Preta às 20h (de Brasília). Aí surge um novo impasse: repassa a estrutura para o Flamengo ou a desmancha? Em entrevista ao SporTV, o diretor geral do Rubro-Negro, Fred Luz, revelou que haverá uma tentativa de diálogo com a diretoria alvinegra para redução de custos de obra: tanto de um para construir quanto de outro para desmontar.
Nesse processo de saída do Botafogo e de transição, acreditamos que tem a oportunidade de ajudar o Botafogo a ter menores custos, e o Botafogo nos ajudar a ter menores custos"
Fred Luz, diretor geral do Flamengo
– Pretendemos dar uma melhorada, eventualmente aumentar a capacidade. Temos um orçamento conservador, não vou abrir números, mas nesse processo de saída do Botafogo e de transição, acreditamos que tem a oportunidade de ajudar o Botafogo a ter menores custos, e o Botafogo nos ajudar a ter menores custos – ponderou.
Porém, a tendência é por um desmanche geral, de placas, refletores, arquibancadas, a começar por domingo. Até há dirigentes favoráveis à venda do material, mas a ideia encontra resistência internamente. Toda a parte de iluminação por exemplo, incluindo os quatro refletores, pertencem ao Botafogo e deve ser reaproveitada no Estádio Nilton Santos. Já as arquibancadas provisórias são alugadas junto à empresa "Mills", mas podem ser desmontadas pelo próprio Alvinegro.
O GloboEsporte.com consultou a "Mills" a respeito de contatos do Flamengo para manter as arquibancadas e prazo para reconstrui-las novamente se necessário, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. Fato é que um desmanche vai atrasar a estreia do Rubro-Negro em sua casa nova, que por enquanto segue sem previsão. Além de mais espaço para o público, a diretoria planeja melhorias em vários setores, especialmente no gramado, muito criticado.
– Com relação ao gramado pode ter certeza que ele será completamente reformado. Vamos ter um tapete. O Flamengo quer transformar a Arena na sua casa. Passa pela questão da transformação. Mexendo no próprio layout, cores. Tudo que envolve esse conceito – prometeu o vice-presidente de patrimônio do Flamengo, Alexandre Wrobel.
Fonte: GE/Por Amanda Kestelman, Raphael Zarko e Thiago Lima/Rio de Janeiro