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quarta-feira, 20 de junho de 2018

Fim de jejum, carrasco do Vasco e energia: os quatro meses de Valentim no Botafogo


Com 125 dias de Alvinegro, técnico conseguiu fazer o time voltar a vencer clássicos, quebrou sequência de anos sem título, mostrou-se agitado em treinos e jogos, "dividiu bola" e discutiu com rival



BP Filmes


É clichê, mas cabe. A relação de Alberto Valentim com o Botafogo foi curta, mas muito intensa. Em 125 dias (quatro meses), venceu clássicos, sagrou-se campeão, "dividiu" bola com jogador, discutiu com adversário à beira do campo e não respeitou o limite da área técnica.


Elétrico, o técnico chamou atenção em seus primeiros dias de treinos no Nilton Santos por não parar quieto. Com trabalhos curtos, falava muito e sempre tentava acertar erros que observava com conversas individuais.


No primeiro trabalho, aliás, empurrou balizas e fez questão de fazer marcações no gramado com fitas. No mesmo dia, durante a apresentação, vestiu a camisa do clube, como se fosse um jogador. Estava com vontade para seu primeiro desafio em time grande na condição de técnico efetivado.


Confira tópicos que resumem a passagem de Valentim:

Título carioca

Logo ao chegar, Alberto promoveu a entrada de três jogadores que se tornaram dos mais utilizados por ele: os laterais Marcinho e Moisés, além do volante Rodrigo Lindoso. Estreou em 22 de fevereiro, com vitória por 2 a 1 sobre o Nova Iguaçu.



Valentim orienta o Botafogo contra o Nova Iguaçu, em sua estreia pelo Botafogo (Foto: Vítor Silva/SSPress/Botafogo)


Os dois alas foram bem, e Valencia, outro jogador usado à exaustão por Alberto, marcou seu primeiro gol como alvinegro.


Embora não tenha feito campanha impecável na Taça Rio - perdeu a decisão por 3 a 0 para o Fluminense -, o Bota cresceu na reta final do Carioca.


Na semifinal, tirou o Flamengo com vitória por 1 a 0 e sem deixar o rival, favoritíssimo, andar em campo.



Vitória sobre o Flamengo foi capítulo marcante da passagem de Valentim pelo Botafogo (Foto: Vitor Silva / SS Press / BFR)


Nas finais, após derrota por 3 a 2 para o Vasco em casa, conseguiu a mesma diferença no Maraca (1 a 0) e levou a decisão para os pênaltis. Gatito brilhou, e o clube, que não era campeão desde 2013, voltou a levantar uma taça.


Carrasco do Vasco e vitória contra o Flu

Se no Carioca já havia batido Vasco e Flamengo, faltava vencer um arquirrival: o Fluminense. Na quinta rodada do Brasileiro, conseguiu um 2 a 1 sobre o Tricolor, mesmo sem jogar bem.


Três jogos depois, Alberto ratificou sua posição de carrasco do Vasco. Em São Januário, venceu o Cruz-Maltino, seu maior freguês na temporada, pela terceira vez: outro 2 a 1.



Kieza comemora o primeiro gol da vitória por 2 a 1 sobre o Vasco em São Januário (Foto: André Durão)


Dividida com Thiago Galhardo


Também contra o Vasco, na semifinal da Taça Rio, Valentim viveu um de seus momentos mais engraçados no clube. Sempre agitado à beira do campo e ultrapassando o limite da área dos técnicos com frequência, quis devolver a bola rapidamente ao seu time e se chocou com Thiago Galhardo.


Àquela altura, o jogo estava em 2 a 2, resultado que interessava ao Vasco, mas Rabello, no fim, garantiu o terceiro gol e a classificação.


Discussão com Robertinho

No momento de maior tensão como alvinegro, Alberto Valentim discutiu ásperamente com Robertinho, preparador de goleiros do Cruzeiro, no fim da derrota botafoguense no Mineirão, por 1 a 0, na quarta rodada do Brasileiro.


Alberto Valentim e Robertinho, preparador de goleiros do Cruzeiro discutem feio em campo


Quase foram às vias de fato. No meio dos muitos palavrões, uma ofensa arrancou risos de quem fez a leitura labial. Chamou Roberinho de "Bombadinho do c...".


Qualificar: o mantra de Alberto

Em suas coletivas semanais, Alberto repetia um verbo frequentemente: "qualificar". Além de dizer que seu time tinha que estar em constante evolução, insistia que pedia aos seus jogadores para "qualificarem" o treino.


Outra peculiaridade de seu discurso aparecia quando se referia a ataque e defesa como "fases ofensiva e defensiva". Isso é resquício de longo período no Itália. Outros jogadores que atuaram por lá em longos períodos também usam.


Fonte: GE/Por Fred Gomes, Rio de Janeiro