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sexta-feira, 13 de março de 2020

Autuori confirma estreia de Honda no Botafogo mesmo sem torcida: "A princípio, vai jogar"


CBF define jogos com portões fechados em Rio e São Paulo, e treinador critica decisão: "Jogadores e comissão estão imunes, são de raças diferentes? Não faz sentido"




O futebol brasileiro ainda não vai parar em meio à pandemia do coronavírus e, por isso, a estreia do meia Keisuke Honda pelo Botafogo está confirmada para o próximo domingo, às 16h (de Brasília), contra o Bangu, pela Taça Rio. Foi o que confirmou o técnico Paulo Autuori, que criticou a postura dos dirigentes em meio à crise mundial.


Antes da decisão final da CBF de jogar com portões fechados, nesta tarde, o comandante deu entrevista coletiva no Nilton Santos e respondeu sobre as consequências da proliferação do novo vírus no dia a dia do clube e do mundo do futebol de maneira geral. Para ele, o esporte não pode ficar alheio


- A princípio, vai jogar. A questão é: futebol sem torcida perde um dos protagonistas, que é o público. Tomar a decisão de jogar de portões fechados... Aí eu pergunto: jogadores e comissão estão imunes, são de raças diferentes? Não faz sentido. Se evita para os torcedores, evite para os outros também. Parece que o profissional de futebol é uma raça que está imune a qualquer problema - contestou.


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Paulo Autuori — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Em comunicado distribuído na manhã desta sexta, o Ministério da Saúde recomenda para todos os estados do Brasil o cancelamento, adiamento de partidas ou, se não houver tempo hábil para estas medidas, a realização de jogos com portões fechados devido à pandemia de coronavírus. Horas depois, a CBF decretou que as partidas nas cidades do Rio e de São Paulo tenham portões fechados.


Sobre o campo e bola, o Autuori deu pistas de como deve montar o time para a estreia do japonês. O treinador lembrou da vitória sobre o Boavista, no último dia 1º, para indicar qual deve ser a formação neste domingo. Na ocasião, o treinador escalou Bruno Nazário na ponta direita e Cortez como meia central. A tendência é que Honda assuma a vaga que foi do equatoriano naquele duelo.


- Isso está sendo preparado desde que ele começou a treinar com o grupo. Temos algumas hipóteses, algumas opções. O que é bom, não ter apenas uma. Ele nos dá essa possibilidade. No jogo com o Boavista, como a equipe jogou em termos de escalação? Fica essa dica, é uma opção - afirmou.


Outras respostas

Nazário e Honda podem jogar juntos?

- Dá para jogar o Bruno e o Honda? Claro que dá. Muda um pouco a característica da equipe. Se isso acontecer, temos que ter atenções a outras situações, que não vou falar aqui para não dar muitas pistas ao adversário.


Como Honda ajuda o grupo?

- Em países como o nosso, ele é, além de outras coisas, um banho de cidadania. Disciplina, lado profissional, como se sente envergonhado se não tiver performance... São coisas do japonês que transcendem o futebol. Como jogador, vai agregar porque joga sempre com o olhar no gol adversário, joga para frente. Temos que saber fazer isso. Se recuar a bola, é para gerar espaço no adversário e ter um caminho mais vertical. Quando ele vai receber a bola, o corpo já está preparado para fazer o jogo fluir para frente. É importante todos os jogadores entenderem isso.


Como o novo problema mundial afeta o clube e o futebol?


- Todos nós ficamos sem saber se vai haver ou não os jogos. Tem o jogo do Bangu, depois a Copa do Brasil, mas temos que esperar uma tomada de decisão geral. Isso transcende o futebol. Às vezes 


parece que o futebol fica alheio, e não é isso. Logicamente que afeta e preocupa. Qualquer cidadão tem algum nível de preocupação. Temos que pensar o futebol dentro desse contexto. Se parar, tem que parar tudo. Se tiver que mudar o calendário, que mude. Não houve Copa do Mundo em tempos de guerra. Hoje, não há guerra entre povos, ainda bem, mas vivemos uma guerra contra um vírus. Precisamos de medidas responsáveis.


- Essas tomadas de decisão têm que ser corajosas. Não importa muito tempo hábil. Me parece que clubes co-irmãos fecharam até para imprensa. É porque afeta todo mundo. Nós, que somos afetados pelo futebol, somos pessoas como as outras. Não podemos ficar alheios. É um respeito que tem haver com todos.


Fonte: GE/Por Thayuan Leiras — Rio de Janeiro