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quinta-feira, 18 de julho de 2019

Biro Biro recebe alta, mas segue afastado no Botafogo por 15 dias até conclusão de estudo


Atacante terá de passar por um estudo eletrofisiológico antes de ser discutido o retorno aos gramados



No início da tarde desta quinta-feira, o atacante Biro Biro teve alta da Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro, onde ficou internado desde terça-feira, quando desmaiou no campo anexo do Estádio Nilton Santos durante um treinamento do Botafogo.



Botafogo F.R.✔@Botafogo

O atleta Biro Biro recebeu alta e já deixou a Clínica São Vicente. O jogador deverá permanecer sob repouso para que, em quinze dias, realize o exame de estudo eletrofisiológico. O Botafogo, através de seu departamento médico, seguirá acompanhando de perto o dia a dia do atleta.


O jogador foi acompanhado pelo cardiologista Eduardo Saad, que já programou um estudo eletrofisiológico do jogador dentro de 15 dias para investigar o motivo da síncope - perda momentânea de consciência - sofrida pelo atleta.



Biro Biro, Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Biro Biro passou por uma série de exames. Na quarta-feira, Saad explicou:


- A suspeita ainda é de arritmia cardíaca, o que ainda não apareceu em nenhum exame. Fizemos mais uma ressonância, para pesquisar as causas desses desmaios, mas não tem nada encontrado ainda. Hoje, ele tem uma síncope a esclarecer. Ainda não está clara a razão dela.


Na quarta-feira, Biro Biro se manifestou através de redes sociais:

- Boa noite, gostaria de agradecer a todos pelas preocupações, pela mensagem e pelas orações. Graças a Deus, já está tudo bem e já estou descansando. E aguardando para voltar mais forte do que nunca. Mais uma vez agradeço a todos de coração.


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O estudo eletrofisiológico - introdução de cateter para captar atividade elétrica em áreas do coração - determinará se Biro Biro terá de fazer ou não uma nova ablação, procedimento para tratamento de algumas arritmias cardíacas.


A ablação é realizada por meio de cateteres, sem a necessidade de abertura do tórax para acesso ao coração, possibilitando rápida recuperação. Esses cateteres são posicionados no foco do problema e uma energia, chamada radiofrequência, que aquece o tecido e “queima” o local, é aplicada para eliminar a arritmia.



Biro Biro passou mal durante treino do Botafogo



No ano passado, Saad realizou a ablação no coração de Biro Biro. O jogador apresentou pela primeira vez um mal-estar, identificado posteriormente como miocardite (inflamação) viral, ainda quando atuava na China. Em agosto 2017, chegou a desmaiar durante um jogo do Shanghai Shenxin.


Desde então, segundo apurou o GloboEsporte.com, o jogador mostra ansiedade, receios e insegurança para voltar ao futebol. Ele recebeu dois relatórios o liberando para a prática do esporte, do médico Eduardo Saad. O primeiro quando voltou da China e outro, depois, quando foi jogar no São Paulo.


Na terça-feira, questionado sobre a possibilidade de Biro Biro ter de abandonar os gramados, Saad explicou:


- É muito difícil afirmar isso nesse momento. Como disse inicialmente, a gente ainda não tem ideia exatamente do que causou esse mal-estar. É precipitado dizer que aconteceu A, B ou C diagnósticos. Temos que reinvestigar. Nos exames recentes, ele não tinha nada de maligno no coração. Isso pode mudar? Pode. A gente precisa reavaliar, mas ainda é muito cedo para falar alguma coisa.


Fonte: GE/Por Fred Gomes — Rio de Janeiro

As finanças do Botafogo em 2018: futebol em baixa interrompe recuperação e estrangula o clube


No primeiro ano de Nelson Mufarrej, sem jogar a Libertadores, os cariocas perderam receitas e regrediram várias casas em um lento processo de reestruturação que havia começado em 2015



— Foto: Infoesporte



Na época em que ainda começava a sua administração no Botafogo, com três anos pela frente como presidente, Carlos Eduardo Pereira declarou em entrevista que o clube levaria oito anos para clarear a sua situação financeira. E então o seu mandato passou, com resultados positivos indicando, pouco a pouco, que talvez fosse possível chegar a 2023 com uma realidade no mínimo melhor. A dúvida, agora, depois do primeiro ano de Nelson Mufarrej em seu lugar, é quantas casas o Botafogo voltou para trás após sobreviver a 2018.


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A recuperação financeira que vinha acontecendo desde a chegada dos atuais dirigentes – Mufarrej foi vice-presidente de Carlos Eduardo, e Carlos Eduardo hoje é vice de Muffarrej – foi interrompida no ano passado. Depois de um período de três anos em que receitas aumentavam e dívidas diminuíam, ainda que lentamente, ainda que muito distantes de uma relação saudável, bastou um ano de crise para fazer com que indicadores financeiros regredissem em alguns anos.


É superficial – e até injusto – escolher um momento específico para justificar toda uma virada, mas, com certa licença poética, o processo pelo qual passava o Botafogo começou a mudar no momento em que o time deixou escapar a Libertadores. Como disse o então técnico Jair Ventura, o time vinha de uma temporada que havia começado cedo, com um time limitado pela falta de dinheiro. As dificuldades eram grandes. Era natural que a equipe não chegasse pela segunda vez consecutiva à competição. Mas como fez falta a tal da vaga no G-8.


A relação entre receitas e dívidas no Botafogo
A lenta recuperação que o clube esboçou nos últimos cinco anos foi interrompida em 2018

Fonte: Balanços financeiros


Quase todos os motivos que explicam a queda no faturamento estão ligados à não classificação para a Libertadores – e, claro, ao ânimo que a disputa da competição dá aos torcedores e ao mercado. Nos direitos de transmissão, linha na qual são computadas as cotas de participação, o clube deixou de arrecadar os R$ 13 milhões que tinha conseguido com a Libertadores no ano anterior. Por mais que a disputa da Copa Sul-Americana tenha colocado R$ 3 milhões que não tinham sido obtidos anteriormente, a diferença entre os números corresponde à perda.


Nas receitas diretamente ligadas à torcida, o Botafogo perdeu justamente aquilo que tinha sido um ponto alto da temporada retrasada. Se em 2017 a diretoria alvinegra pôde contar com um incremento relevante nas bilheterias, em 2018 essa receita desapareceu. A renda com bilheterias havia sido de R$ 12 milhões com a Libertadores, também não reposta pela Sul-Americana, cujos ingressos renderam R$ 1 milhão. A situação foi problemática suficiente para o então vice de comunicação alvinegro dizer que a torcida havia abandonado o clube.


E tem mais. O estádio Nilton Santos vinha representando uma vantagem competitiva ao clube – tanto no sentido esportivo, quanto no financeiro – na comparação direta com os demais cariocas. Sem a atratividade que a Libertadores proporcionava, o equipamento também caiu em termos de arrecadação. A receita que ele gera por meio de suas propriedades comerciais, estacionamentos e bares era de R$ 16 milhões e ficou em apenas R$ 8 milhões. As despesas do próprio estádio foram maiores do que isso, então ele se tornou deficitário dentro das contas alvinegras.


O detalhamento das receitas do Botafogo em 2018
Todas as linhas do faturamento caíram em relação ao ano anterior, exceto a venda de jogadores




Conforme as receitas caíram, a diretoria do Botafogo bem que tentou cortar custos para não fechar o ano no vermelho. E de fato cortou. A folha salarial do futebol profissional baixou em R$ 5 milhões, gastos administrativos caíram ainda mais do que isso. Mas não dá para cortar demais – porque há contratos assinados que não podem ser rescindidos sem multa, porque economia demais pode comprometer o futebol, porque a torcida tem xingado e ameaçado elenco e diretoria...


A única solução a que todo clube de futebol nessas condições recorre é a venda de jogadores, e o Botafogo, diferente de um Fluminense, tem uma enorme dificuldade de fazer dinheiro com as categorias de base. Em 2018, a diretoria botafoguense fez a maior receita dos últimos quatro anos, com R$ 17 milhões arrecadados. E mesmo assim não passa nem perto da concorrência ou, mais importante, da necessidade de caixa.


Todo esse traçado ajuda a entender por que o Botafogo levou a virada, em 2018, em sua recuperação financeira. Para que a situação continuasse a melhorar e a direção de Mufarrej e Carlos Eduardo fizesse o quarto ano positivo, em sequência, precisaria ter muito mais receitas e alguma sobra depois de pagar todas as despesas. Justamente para que essa sobra fosse usada para pagar dívidas. Não aconteceu. E, quando começamos a falar de dívidas, o quadro fica ainda mais complicado.


O perfil do endividamento do Botafogo por vencimento
Dívidas de curto e longo prazo aumentaram em 2018 e tornaram o futuro ainda mais difícil


Fonte: Balanços financeiros


A maior dificuldade ao administrar um clube como o Botafogo é que passivo precisa ser controlado. Existe algo chamado Ato Trabalhista, no qual estão concentradas dívidas com ex-jogadores e ex-funcionários, que funciona como uma fila de credores. Todo mês o clube precisa dedicar uma parte de suas receitas para quitar pendências com quem estiver à frente. Não é recomendável deixar de pagar, pois se o acordo for cancelado serão penhoradas e bloqueadas todas as receitas, em vez de apenas um percentual delas. Lógica parecida vale para a parte fiscal, que está parcelada via Profut, mas que não pode ser negligenciada.


Quando você precisa dedicar cerca de metade do dinheiro que entra mensalmente para honrar acordos trabalhistas e fiscais, e ainda está com as contas vermelhas na relação receitas-custos, sem conseguir vender jogador para resolver o curto prazo, restam poucas soluções.


O Botafogo vem sobrevivendo por meio de empréstimos. Em alguns casos, consegue descolar dinheiro com instituições financeiras como BMG e Banco Daycoval. O crédito só é aprovado porque o clube entrega aos bancos como garantia os seus contratos com a Globo, aqueles válidos pelo período de 2019 a 2024. Quando o crédito não é aprovado, entram no jogo botafoguenses ricos. O ex-presidente Carlos Augusto Montenegro emprestou R$ 11 milhões em 2018. Mas a quantidade de torcedores dispostos a arriscar seus patrimônios também é limitada.


Bem no início, quando fez a previsão sobre a quantidade de bons anos que levaria a recuperação, Carlos Eduardo Pereira também deu uma declaração forte sobre o que seria do clube se o processo desse errado. "Se fracassarmos nessa missão, arrisco dizer que o Botafogo entra num processo de apequenamento difícil de ser revertido". Ele se referia ao retorno para a primeira divisão, é verdade. O time tinha que subir para sobreviver. Mas o alerta continua a fazer sentido. Na atual situação, a menos que alguma revolução aconteça – leia-se: alguém apareça com muito, muito dinheiro para aportar –, não demora muito até o clube parar na segunda divisão. E talvez não voltar mais.


O perfil do endividamento do Botafogo por tipo em 2018
Ainda que metade das dívidas estejam no Profut, partes trabalhistas e bancárias são graves



Fonte: GE/São Paulo @rodrigocapelo