Autuori deve poupar jogadores para partida do Campeonato Brasileiro
A dois dias do confronto contra o Atlético-GO, às 18h15 do próximo domingo no Estádio Olímpico, pela 12ª rodada do Brasileirão, a escalação do Botafogo não está definida. Com incômodo na coxa, Marcelo Benevenuto não viajará com o grupo e, após classificação na Copa do Brasil e preocupado com a sequência intensa, Paulo Autuori deve poupar outros jogadores, como Kalou.
Jogador de 23 anos estava sem clube e assina contrato até dezembro de 2021
O Botafogo anunciou na tarde desta sexta-feira a contratação do lateral-direito Gustavo Cascardo, como havia informado o ge na véspera. O jogador de 23 anos, que pertencia ao Athletico-PR e passou a última temporada emprestado ao FK Senica, da Eslováquia, assinou contrato até o fim de 2021 com o clube alvinegro.
O lateral-direito se encaixa no perfil buscado pelo Botafogo. Como estava sem clube, ele chega sem custos e com a aprovação do técnico Paulo Autuori.
Com a contratação de Gustavo, o Botafogo dispensou Fernando. O lateral-direito de 21 anos tem contrato até o fim deste ano e foi informado que não faz parte dos planos do clube. Cria da base alvinegra, Fernando estuda com seus empresários oportunidades fora do Brasil. Ele atuou em 10 jogos pelo Bota em 2020.
Vínculo, a princípio, terminaria em dezembro de 2020; Brasileirão segue até fevereiro de 2021
O Botafogo tem acordo com o Hoffenheim, da Alemanha, para estender o empréstimo de Bruno Nazário até fevereiro de 2021, quando terminará o Campeonato Brasileiro. O vínculo, a princípio, terminaria em dezembro de 2020, mas o clube conseguiu a extensão sem custos. A informação foi dada inicialmente pelo Lance! e confirmada pelo ge.
Bruno Nazário fica no Botafogo até fim do Brasileirão — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Além de Nazário, o Botafogo negocia a extensão do vínculo com outros jogadores. Por conta da pandemia do novo coronavírus, o calendário do futebol brasileiro foi paralisado por alguns meses e sofreu alterações. Assim, o clube conversa com atletas para manter o elenco até o fim do Brasileirão pelo menos.
Bruno Nazário, ao lado de Pedro Raul, é o artilheiro do Botafogo na temporada, com seis gols marcados. Ele tem 25 jogos em 2020.
Atacante é o quarto reforço do clube francês para a temporada 2020/21. Segundo a imprensa local, vínculo com o novo time terá duração de cinco anos
Divulgação / OM
O Olympique de Marselha anunciou na manhã desta sexta-feira a contratação do atacante Luis Henrique, que estava no Botafogo. No comunicado oficial, o clube francês não informou o tempo de duração do vínculo com o jogador brasileiro, mas segundo a imprensa local são cinco anos. Ele vai vestir a camisa 11.
- Luis Henrique é um jogador de grande talento e futuro. Ele tem capacidades físicas significativas, uma boa qualidade de drible. São qualidades importantes no futebol de hoje e características valorizadas em nossa equipe. É um jogador promissor - disse Pablo Longoria, diretor esportivo do Olympique.
Trata-se do quarto reforço do Olympique para a temporada. Antes dele o clube francês já havia contratado o volante Pape Gueye, o zagueiro Leonardo Balerdi e o lateral-esquerdo Yuto Nagatomo.
Aos 18 anos, Luis Henrique é o 42º brasileiro a defender o Olympique de Marselha em sua história
Luis Henrique é anunciado pelo Olympique de Marselha — Foto: Divulgação
Ele pertencia ao Três Passos Atlético Clube, do Rio Grande do Sul, e tinha 40% dos direitos econômicos ligados ao Botafogo. Segundo apurou o ge, o Olympique desembolsou cerca de 12 milhões de euros (cerca de R$ 77,8 milhões na cotação atual) pelo atacante. Os clubes brasileiros irão manter porcentagem em uma eventual venda futura.
Luis Henrique chegou no Botafogo em 2018 e tinha contrato até dezembro de 2022. No fim do ano passado, recebeu as primeiras oportunidades no time profissional contra Atlético-MG e Ceará, pelas últimas duas rodadas do Brasileirão. Começou a atual temporada como titular, participou de 19 jogos, marcou dois gols e deu duas assistências.
Zagueiro de 23 anos lembra início da carreira como atacante e choque necessário após tempo emprestado à Cabofriense: "Vi uma realidade diferente, que abriu minha cabeça"
Kanu está em constante mudança desde que iniciou no futebol. Mudou de clube, de posição e, recentemente, trocou os hábitos para assumir a titularidade do Botafogo na temporada. O amadurecimento do zagueiro de 23 anos como pessoa foi fundamental para o atleta ganhar espaço e reconhecimento.
"Eu me preparei muito pra esse momento. Coloquei na cabeça que tinha que ser diferente. Mudei minha alimentação e abri mão de coisas que para um jogador de alto nível não convêm", resumiu Kanu.
Kanu se tornou titular absoluto no Botafogo — Foto: Vitor Silva/GloboEsporte.com
As primeiras mudanças
Depois de passar por Flamengo e Vasco, o zagueiro chegou ao Botafogo em 2014 para o time sub-17.
- Na época eu cheguei como atacante e joguei um torneio que tinha na base, Guilherme Embry, e a dupla de ataque foi eu e Ribamar (hoje no Vasco).
Ribamar e Kanu, atacantes na base do Botafogo — Foto: Arquivo pessoal
Sim, Kanu era atacante. E depois de dois jogos na posição, foi abordado por Mauricio Souza, técnico do sub-17 na ocasião, que viu no jogador potencial para ocupar uma vaga no sistema defensivo. O jovem mergulhou na ideia.
- O professor Mauricio chegou em mim logo depois desse jogo da Guilherme Embry e falou: "Te vejo como zagueiro, me acha louco?". Eu falei que achava. Mas já tinha rodado em alguns clubes e queria ficar em um time grande e falei que ia escutar. Conversei com o meu pai e ele: "Esse cara tá louco". Fiquei pensando: "O professor tem uma leitura. Ele não vai falar por acaso, eu vou comprar a ideia".
"Fui de cabeça aberta e aconteceu. Só tenho a agradecer a todos que acreditaram em mim e viram essa possibilidade".
Kanu e Felipe Conceição comentam o início da carreira do zagueiro do Botafogo
No ano seguinte, Mauricio deixou o Botafogo, e a tarefa de trabalhar Kanu na zaga ficou a cargo do então técnico do sub-15 Felipe Conceição. Ao ge, o ex-jogador e treinador do Botafogo falou do comprometimento do atleta com a nova posição, dividida com o zagueiro Lyanco.
- O que eu passei para o Kanu e ele foi muito receptivo é ter paciência de saber lidar com os erros no início do processo, mas que teria a minha confiança, teria o respaldo do treinador para que ele pudesse evoluir. Com uma dedicação enorme que servia até de exemplo para os outros meninos do clube, foi evoluindo a passos largos - lembrou Felipe.
- Não tinha zagueiro nenhum, e Felipe olhou pra mim e disse: "Tem que ser tu". Ele acreditou em mim, foi firme comigo. Minha cabeça era um pouquinho dura, tive que aprender tudo do zero, então ele me ajudou bastante. Também a dupla não era difícil, Lyanco era um baita jogador - completou Kanu.
Kanu como zagueiro aconteceu rapidamente. Em 2016, ele fez parte do time campeão brasileiro sub-20 e começou a ser observado com mais atenção pelo Botafogo.
Zagueiro se destacou nos jogos contra o Vasco pela Copa do Brasil — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Um choque necessário
Depois de participar de um jogo pelo profissional em 2018, Kanu foi emprestado à Cabofriense na temporada seguinte para a disputa do Campeonato Carioca, mas não atuou em nenhum confronto. Voltou ao Botafogo treinando separadamente do elenco até ser recuperado pelo então técnico Eduardo Barroca. O tempo fora fez bem ao zagueiro.
- Na Cabofriense eu ganhei mais rodagem, vi a vida como ela é de verdade. Nunca tinha passado por um clube de menor expressão, cheguei lá e vi uma realidade totalmente diferente, mas que abriu minha cabeça. Vi pessoas de bem, um clube querendo um lugar ao sol, então eu vi que tinha tido oportunidade e não agarrei.
"Sabia que se eu voltasse, se tivesse oportunidade de novo, não deixaria passar. E foi o que aconteceu".
Kanu terminou 2019 com três jogos pelo Botafogo e com a certeza de que precisava mudar para se tornar um atleta profissional de alto nível. Depois de um ano e meio sem participar de uma partida oficial (entre 25 de janeiro de 2018 e 11 de agosto de 2019), o zagueiro introduziu novos hábitos na sua rotina. Isso mudou sua carreira.
- Quando voltei da Cabofriense, mudei minha alimentação, abri mão de coisas que para um jogador de alto nível não convêm. Chegava 9h no clube e ia embora às 18h para que quando chegasse o momento eu estivesse totalmente preparado para assumir a responsabilidade e ter regularidade. Agradeço aos fisioterapeutas do clube, fisiologista, nutricionista, preparação física, que me ajudaram durante esse período de preparação.
Os sacrifícios valeram a pena. Em 2020, Kanu aproveitou as oportunidades que tanto esperava e assumiu a titularidade no Botafogo. É o único jogador que participou de todos os minutos do time desde o início do Brasileirão: jogou os últimos 13 jogos completos, incluindo três pela Copa do Brasil.
Evolução de Kanu no Botafogo
2018: um jogo 2019: três jogos 2020: 22 jogos
Kanu é peça importante também no vestiário — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Importante nos confrontos com o Vasco, que culminaram na classificação do Botafogo às oitavas de final da Copa do Brasil, Kanu divide espaço com estrelas como Keisuke Honda e Salomon Kalou. A evolução é um processo contínuo, e o zagueiro sabe que tem um caminho longo pela frente, por isso não recusa qualquer chance de aprender.
- Ainda tem o Cavalieri, que jogou no Liverpool. É um cara que tenho como referência aqui dentro, ele inspira a todos, é sensacional. Tem Gatito, Honda, Kalou, jogadores que no momento difícil dão orientação. E eu estou sempre pronto para escutar e evoluir.
Ao lado dos amigos Marcelo Benevenuto e Caio Alexandre, com quem conviveu na base, Kanu atrai holofotes nos bastidores. Em vídeo divulgado pela Botafogo TV na última quinta-feira, o zagueiro aparece motivando o elenco antes da classificação em cima do Vasco na Copa do Brasil (veja abaixo no minuto 4:39). Liderança é mais uma das características que o defensor tem desenvolvido.
O Kanu por trás do uniforme
Kanu tem 23 anos, mas suas atitudes nos fazem pensar que ele poderia ser mais velho. A responsabilidade do atleta foi motivada por uma mudança longe dos gramados. Há três anos, o zagueiro é pai da Sofia. A relação com a filha e com a esposa Carol o transformou.
- Paternidade era algo que eu não imaginava e veio para mudar minha vida, juntamente com minha esposa. Elas são o pilar desse Kanu que se transformou mental e fisicamente. Conseguimos crescer juntos. Nos dias difíceis em que nem era relacionado, elas me davam força para continuar trabalhando, chegar cedo no clube e estar preparado para que não deixasse passar quando chegasse minha oportunidade.
Kanu e a filha Sofia em jogo do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo
As mudanças, algumas radicais, fazem parte da vida de Kanu, mas uma coisa permanece igual: o local onde o zagueiro vive. Apaixonado por Duque de Caxias, na região metropolitana do Rio de Janeiro, o zagueiro faz questão de manter as raízes vivas na sua rotina. Não esquecer de onde vem é um exercício diário para o jogador. Criado com os pais e o irmão, a família sempre foi base para que o sonho, que começou nos campos do Jardim Gramacho, alcançasse palcos maiores.
- Caxias foi onde cresci, tive minha infância e me fez para o mundo. Sou muito grato a tudo que vivi e vivo nessa cidade, em especial meu bairro Jardim Gramacho, onde mora minha família e amigos - concluiu o zagueiro.
Fonte: GE/Por Emanuelle Ribeiro e Rodrigo Cerqueira — Rio de Janeiro