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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Da janela ao campo, as muitas razões da goleada do Botafogo sobre o Flamengo



É possível entender a goleada do Botafogo por diversos ângulos, tantos foram os aspectos do confronto em que os alvinegros exibiram superioridade. Da formação do elenco às opções feitas durante o jogo, há muitas formas de explicar o placar tão elástico numa partida que teve uma primeira etapa até equilibrada, antes de se transformar num monólogo futebolístico na metade final.


Num momento da temporada em que o insano calendário brasileiro leva jogadores ao limite e deixa elencos dizimados por lesões, há uma reflexão a fazer. O Botafogo iniciou o jogo com Igor Jesus e Almada como titulares e, na segunda etapa, lançou Matheus Martins, Allan e Carlos Alberto. Todos chegaram – ou voltaram – ao clube na janela do meio do ano, período em que o Flamengo não contratou ninguém.


Quando se fala do elenco rubro-negro, há a tendência a uma confusão. Ter em sua equipe titular alguns dos melhores jogadores do país em suas posições é diferente de ter um elenco farto o bastante para a tarefa que o clube se impõe: abraçar todas as competições deste calendário disfuncional. Quando a isso se soma uma participação tímida das jovens revelações do clube, o resultado é uma corda esticada demais.


Já o Botafogo tem, hoje, mais do que um elenco robusto, resultado de um investimento generoso do dono do clube. Dinheiro é aliado obrigatório de resultados no futebol de hoje, mas há outro mérito: ter uma coerência no projeto de futebol. A busca por jogadores que unam qualidade técnica com força, velocidade e capacidade de aceleração parece ser uma regra no Botafogo atual. A imposição no clássico também foi claramente física.





Botafogo x Flamengo - Igor Jesus — Foto: Alexandre Durão


Depois vem outro aspecto do confronto: as prioridades. O Botafogo tratou o clássico como uma ocasião nobre. O Flamengo, sempre que confrontado com jogos de copas, moderou forças no Campeonato Brasileiro. É quase obrigatório fazer escolhas em meio à insana maratona de partidas, mas até a Copa do Brasil já foi motivo para o Flamengo levar a campo um time fragilizado no principal campeonato do país.



Por fim, vêm os aspectos táticos do jogo. Nos primeiros minutos, o alvinegro impôs alguns de seus traços: uma saída de bola capaz de atrair volantes rivais para achar espaços entre as linhas adversárias e acelerar; a capacidade de concentrar jogadores por dentro até acionar os laterais pelos lados do campo; a inversão de corredores e a coordenação de movimentos para atacar. Quase todos estes elementos apareceram no gol de Mateo Ponte, em grande passe de Marlon Freitas.


Aos poucos, o Flamengo equilibrou o jogo. Sem Arrascaeta, a entrada de Victor Hugo e o movimento de Gérson da ponta para o centro permitiram ao rubro-negro ganhar um jogo de meio-campo que nem sempre a formação titular tem tido. Léo Ortiz e Gérson tomaram as rédeas do setor, o time empatou o jogo e teve com Carlinhos a melhor oportunidade antes do intervalo. Foi aí que o jogo mudou de vez.


Provavelmente preocupado com um Botafogo que ocupa toda a largura do campo ao atacar, com laterais bem abertos, Tite recuou Léo Ortiz para ter um sistema com três zagueiros. Não é um recurso inédito, mas desta vez não funcionou. Não apenas por esvaziar o centro do campo, mas por perder de uma vez os dois homens que melhor controlavam o setor – Gérson, preservado para a Libertadores, foi substituído por Evertton Araújo, jogador que soma poucos minutos na temporada.



A partir daí, o Botafogo controlou o meio e passou a desferir golpes sucessivos. Em grande fase, Luiz Henrique se movia ora pelo lado, ora pelo centro, sem que o Flamengo o encontrasse. Marlon Freitas e Gregore dominaram o meio-campo e Almada foi vital na jogada do segundo gol. Não fosse por Rossi, a goleada poderia ter se desenhado mais cedo.


A versão 2024 do Botafogo pode descansar Igor Jesus e lançar Tiquinho, colocar Tche Tche na vaga de Mateo Ponte, hoje o único lateral-direito disponível, um dos raros gargalos do elenco. A 15 minutos do fim, Artur Jorge ainda tinha cartadas para lançar: Allan, Carlos Alberto e Matheus Martins, este último responsável pelos dois últimos gols. A noite de domingo no Nílton Santos explica por que o Botafogo precisa ser visto como um dos favoritos ao título brasileiro.





Por Carlos Eduardo Mansur

Jornalista. No futebol, beleza é fundamental

Análise: Botafogo tem noite quase perfeita, e 4 a 1 sai barato para o Flamengo



Alvinegro domina o jogo, goleia mesmo desperdiçando chances, e placar final ainda mais elástico não seria exagero





Botafogo 4 x 1 Flamengo | Melhores momentos | 23ª rodada | Brasileirão 2024



O Botafogo fez além do que precisava na noite do último domingo, ao vencer o Flamengo por 4 a 1 e retomar a liderança do Brasileirão. O objetivo era vencer e reassumir o topo que havia perdido no dia anterior para o Fortaleza, mas Artur Jorge e seus comandados foram além. O time aplicou uma goleada com imposição, que saiu barata para o rival, e deu embalo em busca da classificação contra o Palmeiras, na próxima quarta-feira.


Contrariando a expectativa, o treinador português colocou força máxima. Em função da proximidade da decisão na Conmebol Libertadores, se esperava que ele poupasse parte dos titulares, mas a escalação foi uma demonstração de que o Alvinegro deseja brigar forte pela competição nacional também.



Botafafogo entrou em campo com: John; Mateo Ponte, Bastos, Barboza e Cuiabano; Gregore, Marlon Freitas, Luiz Henrique, Thiago Almada e Savarino; Igor Jesus.




Mateo Ponte comemora gol pelo Botafogo — Foto: Vitor Silva / Botafogo


Se a posse de bola foi equilibrada - 52% para o Botafogo e 48% para o Flamengo - a diferença esteve na objetividade na construção de jogadas de perigo. E isso ficou evidente no Alvinegro, que se colocou no campo do rival com verticalidade e teve Marlon Freitas como um maestro no meio de campo. O volante deu o "tom" do time e uma assistência na medida para Mateo Ponte surgir como elemento surpresa no meio da zaga rubro-negra e abrir o placar, logo aos dois minutos de jogo.


Parte do ímpeto do Botafogo pode se justificar no comportamento tático do time, que vai recebendo algumas variações jogo a jogo. Para ter mais volume pelo lado direito de ataque, o jovem lateral-direito Mateo Ponte - única opção da posição - foi lançado à frente na maior parte e contou com a cobertura de Gregore. O volante, inclusive, virou o terceiro homem na saída de bola, pelo lado de Mateo. A estratégia ampliou o campo para criar e ajudou a ter mais contenção defensiva.




Aos 2 min do 1º tempo - gol de Mateo Ponte, do Botafogo, contra o Flamengo (https://ge.globo.com/futebol/video/aos-2-min-do-1o-tempo-gol-de-mateo-ponte-do-botafogo-contra-o-flamengo-12833608.ghtml)


O Flamengo ensaiou uma reação quando igualou na ligação direta e boa arrancada de Bruno Henrique sobre Mateo, aos 23. Bem postado defensivamente, o Alvinegro só sofreu perigo outras duas vezes no primeiro tempo.



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Entre individualidades e força do elenco, Botafogo perde chances, mas ainda sobra diante do rival

O Botafogo acumulou chances perdidas no segundo tempo, mas o volume criado, ainda assim, foi suficiente para decretar a goleada. Jogadores discretos no primeiro tempo, reapareceram com o protagonismo esperado, caso de Thiago Almada, Igor Jesus e Luiz Henrique.


O meia argentino decidiu chamar a responsabilidade e apostar na individualidade. E na primeira investida, contribuiu para o gol de Igor Jesus. O meia conduziu pela esquerda rumo à área, chutou forte, a zaga rebateu, mas a bola ficou viva para o centroavante empurrar para as redes.





Botafogo comemora gol sobre o Flamengo — Foto: Vitor Silva / Botafogo



A vantagem no placar não acomodou o time, que seguiu em cima, aproveitando os espaços deixados pela falta de entrosamento do time misto do Flamengo. Foi então que Luiz Henrique se aproveitou de sua habilidade, força e velocidade para se impor diante de Ayrton Lucas - substituído por Varela depois.


Assim como Almada, o camisa 7 apostou no um contra um, driblou e incomodou a defesa flamenguista, que acabou cometendo pênalti no atacante - antes ele ainda havia servido Tiquinho, que desperdiçou uma boa chance. Na cobrança, Almada chutou fraco e baixo, e Rossi fez a defesa.


Matheus Martins entra, brilha e decreta goleada

O atacante recém-contratado era apontado como um possível titular em caso de rodagem do elenco, mas iniciou no banco de reservas e só entrou 28 minutos do segundo tempo no lugar de Almada. Ele ocupou o lado esquerdo do a
taque e demonstrou vontade, insistindo para forçar o erro da defesa rubro-negra.





Matheus Martins do Botafogo comemora gol contra Flamengo — Foto: Vítor Silva/Botafogo



O pouco tempo em campo foi suficiente para brilhar com dois gols e se colocar na briga por um lugar no time. Aos 38 minutos, Savarino recebe bom passe de Tchê Tchê, cruza e acha Matheus livre, que só tem o trabalho de empurrar para o gol.


Dez minutos depois, já nos acréscimos, Allan lança o atacante, que invade a área, desloca David Luiz e chuta no cantinho. Fim de jogo: Botafogo 4 x 1 Flamengo.




“Estou indignado! Como ganhamos só de 4x1 do Flamengo?”, brinca Pedro | A Voz da Torcida (https://ge.globo.com/futebol/voz-da-torcida/video/estou-indignado-como-ganhamos-so-de-4x1-do-flamengo-brinca-pedro-a-voz-da-torcida-12833864.ghtml)



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Resultado que dá mais três pontos, mantém o Botafogo na liderança e eleva o moral para buscar a classificação na próxima quarta-feira, às 21h30, no Allianz Parque.


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Fonte: Por Jéssica Maldonado — Rio de Janeiro