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segunda-feira, 6 de maio de 2024

Análise: 'all-in' de Artur Jorge transforma jogo controlado do Botafogo em derrota e dor de cabeça



Português colocou zagueiro Barboza de atacante em momento de domínio, bagunçou o time e viu Bahia sair com o triunfo




Uma das jogadas mais famosas do pôquer é o all-in. É quando um competidor simplesmente aposta todas as fichas que possui em uma única jogada. É o vai ou racha. Artur Jorge fez algo parecido na derrota do Botafogo para o Bahia neste domingo, pela 5ª rodada, ao alterar boa parte do desenho tático da equipe para colocar o zagueiro Alexander Barboza de atacante.







Botafogo 1 x 2 Bahia | Melhores Momentos | 5ª rodada | Brasileirão 2024


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A intenção foi aproveitar a altura de 1,92m do argentino para cruzar bolas na direção da área. Aos 37 minutos, o português tirou Damián Suárez, lateral-direito, para fazê-lo. Diego Hernandez, então ponta, foi ocupar a linha defensiva em um primeiro momento; Gregore, volante, terminou o jogo como defensor na direita.


O Botafogo, até então dono do segundo tempo, cedeu espaços para o Bahia. O momento da partida indicava muito mais um gol do Alvinegro do que o contrário, mas o bagunçado desenho feito por Artur Jorge deu a Rogério Ceni tudo que ele queria: espaço. Foi justamente no vão deixado por Diego Hernández e Gregore - perdidos em um setor que não ocupam por natureza - que Rafael Ratão entrou sozinho para marcar o gol de virada.


Foram pouco mais de 15 minutos com Barboza de centroavante. O camisa 20 acertou um passe, errou outros dois, e deu apenas uma finalização, que não ofereceu perigo para o goleiro Marcos Felipe.


A questão aqui, vale ressaltar, não é apenas a entrada do zagueiro como atacante, mas tudo que ela gerou ao time: bagunça sobre quem ocupou a lateral direita e como a equipe perdeu dinâmica no ataque porque o defensor, naturalmente, não tem a mesma rapidez que um atacante para dar passes e gerar espaços.


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Zagueiro Barboza vira centroavante em Botafogo x Bahia (https://ge.globo.com/futebol/video/zagueiro-barboza-vira-centroavante-em-botafogo-x-bahia-12572804.ghtml)

Artur Jorge é um treinador que não abre mão de vencer. O português não gosta de segurar partidas para empatar, mas a aposta por um zagueiro atuando de centroavante foi como um "all-in" no pôquer. Colocou todas as fichas na mesa e transformou uma atuação de controle no segundo tempo em derrota com críticas e comentários negativos. No vai ou racha, rachou.


— Obviamente é que pensamos uma forma de chegar ao gol. Tínhamos mais bolas nos corredores, tentamos colocar mais um homem junto ao Júnior. Optamos pelo Barboza porque é alto. Tentamos ganhar o jogo, a intenção foi exatamente essa. Nos 15 minutos finais, procuramos estrategicamente montar a equipe para chegar ao segundo gol. Tenho eu que assumir essa responsabilidade. É procurar ganhar, não permitir o adversário estar no nosso meio campo defensivo - explicou o treinador.




Artur Jorge em Botafogo x Bahia — Foto: Wagner Meier/Getty Images


O primeiro tempo do Botafogo não foi dos melhores. O criativo meio-campo do Bahia teve espaço para jogar. Com superioridade numérica, um dos atletas do Tricolor sempre ficava no setor para oferecer perigo. Santiago Arias foi a principal arma, aparecendo como elemento surpresa em subidas pelo lado direito e colocando Hugo e Jeffinho com problemas na marcação. O placar é aberto justamente em pênalti cometido pelo lateral-esquerdo e convertido por Everaldo.


A única mudança de peças no intervalo foi Cuiabano em Hugo. No campo, porém, a postura mudou por inteiro. O meio-campo do Bahia já não foi tão dominante porque o time melhorou o combate na área e, com um Marlon Freitas como regente, o Alvinegro marcou um gol nos primeiros segundos, mas o lance foi interrompido por impedimento de Damián Suárez na origem do lance.


Não parou por aí. O Botafogo seguiu atacando e, aos poucos, virou dono do jogo. Com inúmeras investidas, o gol parecia questão de tempo - o que se confirmou com Jeffinho balançando as redes antes dos 20 minutos.


No jogo dos pontos, o Alvinegro ficou sem nada. Talvez por excesso de confiança, ter arriscado tudo cedo demais ou por falta de opções disponíveis no banco de reservas. Ou talvez por um pouco dos três fatores juntos.


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Fonte: Por Sergio Santana — Rio de Janeiro