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quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Botafogo domina primeira parte do duelo; Palmeiras tem questões a resolver




É possível falar do histórico vencedor deste time do Palmeiras, da capacidade de jogar partidas decisivas no Allianz Parque com ritmo alto e pressão intensa no adversário, ou até no fator Estevão, de volta ao time no segundo tempo do Nilton Santos. Mas se a avaliação se detiver apenas no futebol jogado por um time e outro nos primeiros 90 minutos da eliminatória, ou até nas últimas semanas, será obrigatório enxergar o Botafogo como favorito para ir às quartas-de-final da Libertadores.


A eliminatória está aberta, afinal resta um jogo em São Paulo e o Botafogo venceu por margem mínima, embora tenha jogado para um placar um pouco melhor no primeiro tempo. Mas a questão não é só o resultado. Os alvinegros até tiveram suas oscilações em partidas recentes, mas na média é o Palmeiras quem vive uma fase em que o rendimento o distancia claramente de seus melhores momentos.


Na derrota desta quarta, a imposição alvinegra foi nítida na primeira etapa. Se a dificuldade criativa tem sido um problema recorrente no Palmeiras, a isso se juntou uma fragilidade defensiva que não combina com o time nas últimas temporadas. Em grande parte, méritos do ótimo Botafogo de Artur Jorge.





Luiz Henrique e Igor Jesus comemoram gol do Botafogo contra o Palmeiras — Foto: Alexandre Durão / ge



Foram 45 minutos em que os alvinegros levaram vantagem de todas as formas sobre o sistema defensivo rival. Diante dos encaixes individuais do Palmeiras, a busca por ataques rápidos, isolando Luiz Henrique no embate com Murilo, deu ao Botafogo as duas primeiras chances do jogo. Quando conseguia se instalar em campo ofensivo, era a mobilidade do quarteto ofensivo que confundia as referências de marcação do Palmeiras. Giay era levado por Almada para toda parte do campo, o time de Abel Ferreira nem sempre ajustava a marcação e restavam homens livres, como Marlon Freitas no passe para Igor Jesus no segundo gol.


O lance revela outro ponto em que o Botafogo criou superioridade: o ataque à profundidade, às costas da defesa adversária. O Palmeiras jamais conseguiu controlar esta jogada, feita a partir de movimentos muito coordenados. No primeiro gol, Igor Jesus encontra a infiltração de Luiz Henrique entre Murilo e Vanderlan. No segundo, Luiz Henrique fixa a marcação de Gustavo Gomez enquanto Jesus faz movimento contrário, atacando a área para receber de Marlon Freitas.


Ao Palmeiras restou um lance em que sua pressão ofensiva, num bom trabalho de Rony, obrigou John a um chute longo interceptado ainda no campo defensivo do Botafogo. Uma rápida troca de passes resultou no gol de Maurício.



Houve menos ação na segunda etapa. A posse de bola ficou mais tempo com os visitantes e nem todas as substituições, necessárias a esta altura do calendário brasileiro, melhoraram os times. Com Matheus Martins e Tiquinho, o Botafogo teve menos ameaça em velocidade, enquanto o Palmeiras já tinha mais estabilidade para defender.


Abel Ferreira, por sua vez, abriu mão de Flaco López, mas não ganhou tanto com Lázaro e Felipe Anderson. No entanto, entrou em cena Estevão, que provavelmente será preparado para ter mais minutos em campo daqui a uma semana. Em um lance, construiu a melhor jogada do Palmeiras na segunda etapa. Sua presença logo obrigou Artur Jorge a renovar fôlego na lateral esquerda e colocar Marçal no lugar de Cuiabano. Mesmo sem atacar tanto, o Botafogo não chegou a sofrer tanto na parte final da partida.


Os alvinegros celebraram a vitória com a natural preocupação imposta por um adversário com um admirável histórico recente. Terão a seu favor um time muito bem treinado e fortíssimo em transições, algo que pode ser muito valioso no duelo de volta. O Palmeiras terá Estevão e a força de sua casa. Precisará jogar melhor, e de forma mais criativa, do que tem feito nas últimas semanas.




Por Carlos Eduardo Mansur

Jornalista. No futebol, beleza é fundamental

Análise: Botafogo vence com autoridade, abre vantagem e deixa sensação de que cabia mais



Glorioso tem ótima atuação nas oitavas de final da Libertadores contra o Palmeiras




Botafogo 2 x 1 Palmeiras | Melhores momentos | Oitavas de final | Libertadores 2024



A vantagem mínima obtida pelo Botafogo sobre o Palmeiras no jogo de ida das oitavas de final da Conmebol Libertadores, com uma vitória por 2 a 1, gols de Luiz Henrique e Igor Jesus, está longe de traduzir o que foi visto em campo.


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A equipe de Artur Jorge foi dominante ao longo dos 90 minutos, produziu oportunidades para marcar mais gols, como uma chance desperdiçada por Luiz Henrique logo aos seis minutos, e só sofreu em uma falha do goleiro John.


A aposta foi na formação 4-2-4, que vem sendo utilizada desde que o português chegou ao clube quando tem peças à disposição para isso. O quarteto formado por Almada, Savarino, Luiz Henrique e Igor Jesus comandava as ações ofensivas com o suporte de Gregore e Marlon Freitas no meio-campo.



Ofensivamente falando, o lado direito era o que tinha mais efetividade, especialmente por conta de LH7. O atacante esteve em noite inspirada. No próprio lance em que desperdiçou uma boa oportunidade citado acima, a construção foi toda de uma arrancada dele em que deixou Murilo, do Palmeiras, sentado com um drible (veja no vídeo abaixo).




Aos 6 min do 1º tempo - Luiz Henrique perde boa chance para o Botafogo contra o Palmeiras (https://ge.globo.com/futebol/libertadores/video/botafogo-2-x-1-palmeiras-melhores-momentos-oitavas-de-final-libertadores-2024-12824827.ghtml)



Na ponta oposta, Almada tinha dificuldades com os duelos físicos e cometia muitos erros tanto de tomada de decisão quanto de execução quando tinha a bola. Tecnicamente, é um jogador que se sobressai, mas ainda precisa de mais tempo para se adaptar ao futebol brasileiro e aos companheiros de time.


Savarino, mais uma vez, atuou como uma espécie de segundo atacante, ocupando o setor de meia, e teve dificuldades de explorar as melhores características do próprio jogo. O gol que abriu o placar veio da combinação Luiz Henrique e Igor Jesus.


O venezuelano iniciou a jogada com bom passe para o centroavante, que dominou na entrada da área, segurou e cruzou no ponto futuro para pegar a infiltração do ponta-direita. A essa altura, ele já tinha perdido duas boas oportunidades, mas infernizava a vida de Murilo e Vanderlan na defesa palmeirense.


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Defensivamente, o Botafogo correu poucos riscos ao longo de todo jogo. John foi um mero espectador durante quase os 90 minutos, quando exigido foi para defesas sem muita dificuldade. Só não dá para dizer que foi pelo tempo inteiro por conta de um lance.


Com a bola no pé, o goleiro hesitou na hora de sair jogando, foi pressionado por Rony e entregou o chutão no meio diretamente para o Palmeiras. Rapidamente, veio um lançamento longo para o próprio camisa 10 palmeirense, que ajeitou de cabeça para Maurício chutar de canhota de dentro da área.


A finalização rasteira nem foi tão forte, mas John não conseguiu evitar. Até mesmo o goleiro mostrou frustração com o resultado do lance. Porém foi nesse momento que a equipe mostrou maturidade que se precisa para conquistar uma Libertadores.


Sem se afobar, o Glorioso continuou pressionando e sendo agressivo. Marlon Freitas achou a infiltração de Igor Jesus no momento preciso, que girou em cima de Vitor Reis e, mesmo puxado, finalizou por baixo de Weverton para recolocar a equipe à frente já aos 39 da etapa inicial.


Daí em diante, a verdade é que o jogo foi bem pobre de oportunidades. O Botafogo soube conter as investidas do Palmeiras, mas mostrou cansaço e também pouco produziu. As mexidas não mudaram muito esse panorama.





Luiz Henrique, do Botafogo, comemora gol contra o Palmeiras na Libertadores — Foto: Alexandre Durão/ge



Sem sustos, o Glorioso encerra a primeira parte da decisão das oitavas de final com um vantagem no placar que poderia até ser maior, mas que não deixa de dar conforto para a partida de volta, na próxima quarta-feira (21) no Allianz Parque, em São Paulo.


O sentimento, no entanto, está longe de ser de dever cumprido ou de alívio. O discurso é que faltam mais 90 minutos pela frente para aí sim pensar nas quartas de final. O sonho da Libertadores está vivo. É hora de garantir que ele continue assim.


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Fonte: Por Giba Perez — Rio de Janeiro