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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Com a garra uruguaia, 'Loquito' dá os primeiros passos em berço de joias



Nascido no México, Diego, segundo filho de Abreu, diz que costuma ser zagueiro, idolatra 'só' Neymar e Messi e não sabe em que seleção jogaria



A falta de presença de área compensada pelo fôlego interminável nos quatro cantos do gramado podem até confundir, mas a irreverência e a garra ao estilo do pai não escondem que Diego, esguio garoto matriculado na escolinha comandada por Gonçalves, é filho de Loco Abreu. Aos oito anos, "Loquito", como é chamado pelos coleguinhas, dá seus primeiros passos no futebol, ainda sem qualquer peso sobre os ombros. Segundo avaliação da família, pode ter futuro. Mas, evidentemente, é cedo para dizer se o Botafogo terá um sucessor para seu maior ídolo atual, concorda Paola, a típica mãe coruja.
- Ele (Loco) não elogia muito, até para o Diego não ficar cheio de si. Mas comentamos entre nós. Vamos ver, ainda é muito novo - diz.
Três vezes por semana - segundas, quartas e sextas-feiras -, o segundo descendente do camisa 13 comparece às aulas do professor Edilvânio. Agitado, é um dos que não para quieto, mas é disciplinado e não cria problemas. Na hora em que a bola rola, a pilha aumenta mais. No dia em que reportagem do GLOBOESPORTE.COM assistiu a um de seus treinos, Diego jogou como atacante na maior parte do tempo, mas, segundo o próprio, "foi porque o time estava desfalcado". Até de goleiro teve de ser improvisado, sem muita empolgação. Normalmente, é posicionado na zaga e aproveita-se da estatura, superior à média, para evitar os gols.
Esposa Loco Abreu Paola filhos Diego Botafogo (Foto: André Casado / Globoesporte.com)
Diego Abreu, com a mãe Paola e os gêmeos Franco e Facundo (Foto: André Casado / Globoesporte.com)
- Ele não tem muita técnica, mas incorpora bem o estilo uruguaio, aguerrido, e consegue participar bastante dos coletivos. Pode evoluir, sem dúvida. Os próximos anos serão decisivos para saber. É preciso ter disposição e incentivo também. Agora é mais desfrutar - afirmou o ex-zagueiro Gonçalves, que também tem lugar cativo na história alvinegra.
Se depender das referências, Abreu parece ter escolhido o local certo para desenvolver tal aptidão no filho. A academia localizada na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, é um verdadeiro berço de joias. Os laços de amizade com o ex-jogador da Seleção Brasileira engrossaram a lista de crias ilustres da escolinha. Romarinho (filho de Romário, nos juniores do Vasco), Matheus (filho de Bebeto, nos juniores do Flamengo), Renan (filho de Donizete, nos juniores do Flamengo), Thiago Alcântara e Rafinha (filhos de Mazinho, profissional e juniores do Barcelona-ESP, respectivamente), além de Adryan (juniores do Flamengo e Seleções de base) e Guilherme Costa (juniores do Vasco e Seleções de base) são alguns dos exemplos.

Diego filho Loco Abreu escolinha Gonçalves   (Foto: André Casado / Globoesporte.com)
Diego (agachado no centro) e seu time, ao lado do
ex-zagueiro Gonçalves e do professor, Edilvânio
(Foto: André Casado / Globoesporte.com)
- Essa aproximação é legal e importante para o nosso trabalho, incentiva os meninos. Fiz muitos amigos no futebol, levávamos nossos filhos para as mesmas festinhas de aniversário, e o pessoal confia em mim. Nem sempre os pais podem vir, como o Loco, que até costuma trazer o Diego. Então saber qual é a linha de trabalho é um diferencial - frisou Gonçalves, cujos herdeiros - Marcela e Matheus - não seguiram o mesmo caminho.
Recentemente, o esforço do ex-zagueiro e sua equipe foram reconhecidos pela Câmara dos Vereadores, que homenagearam a instituição pelo resultado obtido na primeira competição internacional, em que atingiu o vice-campeonato, deixando outros 98 adversários para trás, após vários títulos locais. A derrota foi para uma escolinha do Canadá, mais bem preparada fisicamente. Em processo para ser gestor esportivo, Gonçalves toca o projeto há 15 anos. Ele concilia seu tempo com as aulas paralelas de showbol.
Em nome dos filhos
Uma das maiores preocupações do atacante é deixar um legado de sua trajetória aos filhos. Valentina, de 12 anos, e Diego têm tido o privilégio de conferir os gols e cavadinhas do pai. Mas os gêmeos, Franco e Facundo, de três anos, não o acompanharão em ação. Por isso, os 236 gols contabilizados em campeonatos de Primeira Divisão, reconhecidos pela Federação Internacional de História e Estatística de Futebol (IFFHS), são tratados com importância. Ainda assim, por conta da força dos fenômenos atuais, Diego não se inspira em Loco quando veste a camisa.
Diego filho Loco Abreu escolinha Gonçalves   (Foto: André Casado / Globoesporte.com)
Nada de moleza: por falta de goleiro, Diego teve de
revezar (Foto: André Casado / Globoesporte.com)
- Não gosto muito de jogar pelo alto, não, prefiro chutar. Claro que vejo meu pai, torço muito. Mas meus ídolos são Neymar e Messi. E vou jogar pelo Barcelona ou... pelo Chelsea! - sonha o menino, enaltecendo os rivais de uma das semifinais da Liga dos Campeões desta temporada, sem dar muita a bola para o Botafogo ou para o Nacional, clube de coração do pai.
Na realidade, outra dúvida insiste em pairar na cabeça de Diego. Nascido no México, é filho de uruguaios, já morou na Argentina, na Espanha e na Grécia, antes de vir para o Brasil, onde foi alfabetizado e fala a língua fluentemente - além do espanhol e dos estudos do inglês. Questionado a respeito de qual seleção escolheria, hesitou, mas mostrou presença de espírito para não magoar nenhum dos países que o acolheram.
- Hum... onde eu tiver mais amigos na época - diverte-se, sem saber que precisaria de uma naturalização para deixar a veia mexicana de lado definitivamente.
Vez por outra, o herdeiro da camisa 13 - que usou a 34 no treino - aparece nos trabalhos do elenco do Botafogo e foi figurinha carimbada no Engenhão durante um período. Com a chegada de mais um Campeonato Brasileiro, Loco e companhia bem que poderiam usar uma dose a mais de sorte. A estreia acontece neste domingo, contra o São Paulo, no Rio.
Diego filho Loco Messi Barcelona (Foto: Arquivo Pessoal)
Sorridente Diego em visita ao CT do Barcelona: com a irmã Valentina, foto ao lado do ídolo Messi. Loco, que jogou com Guardiola, então técnico do time, levou os filhos à Espanha nas férias (Foto: Arquivo Pessoal
Por André Casado e Thales SoaresRio de Janeiro

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