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sábado, 1 de dezembro de 2012

Garotos dão graça ao clássico, e Fla e Bota se despedem com empate


Em jogo marcado por disposição e empenho, rivais encerram suas participações no Brasileirão com igualdade por 2 a 2


O clássico que pouco valia acabou sendo uma surpresa. Quatro gols, garotos da base em ação, Seedorf, Vagner Love... Pode-se dizer que Flamengo e Botafogo despediram-se de forma digna do Campeonato Brasileiro. Neste sábado, no Engenhão, os times empataram por 2 a 2, na 38ª rodada, num clássico marcado por muita luta e empenho. As equipes terminam a competição sem motivos para comemorar, principalmente o Rubro-Negro, sem conquistar objetivos importantes, mas pelo menos se esforçaram para honrar a tradição dos clubes no último compromisso da temporada.

Quem foi ao estádio conheceu Sassá, de 18 anos, que marcou o primeiro gol da partida. Viu também Nixon, de 20, fazer o primeiro dele como profissional rubro-negro. Vítor Júnior e Vagner Love completaram o placar. Com o resultado, o Flamengo termina o campeonato com 50 pontos e ocupa 11ª posição. O Alvinegro tem 55, em sexto, mas pode acabar o campeonato até em oitavo. A renda da partida foi de R$ 92.605, para um público pagante de 6.674 pessoas (9.380 presentes).

- Sempre no lugar certo, na hora certa para botar a bola para dentro. A emoção é muito grande, só tenho mesmo que agradecer a Deus - disse o garoto alvinegro Sassá.

Nixon, que fez um gol de meia-bicicleta, teve discurso parecido com o do rival.

- Primeiramente eu quero agradecer a Deus. A emoção não tem como explicar. Me emocionei muito, sempre busquei isso. Agradecer também a toda a minha família e a meus amigos - declarou o rubro-negro.

Considerando apenas jogos válidos pelo Campeonato Brasileiro, o Botafogo não vence o Flamengo há 12 anos. Agora, são 20 jogos, sendo oito derrotas e 12 empates. A última vitória alvinegra pelo nacional ocorreu em 2000, por 3 a 1. A próxima tentativa fica para o ano que vem.

As equipes voltam a jogar em 2013. O Flamengo, que se reapresenta em 3 de janeiro, estreia na Taça Guanabara está prevista para o dia 19, um sábado, contra o Quissamã, às 17h, no Engenhão. No dia seguinte, no mesmo local, o Botafogo recebe o Duque de Caxias, às 19h30m. O data do início da pré-temporada do Bota ainda não foi divulgada.

São só garotos...

O sorriso de moleque demorou só quatro minutos para brotar no rosto de Sassá. Primeiro jogo como titular do time principal do Botafogo. Primeiro clássico. Primeiro gol. Esquecido pelos zagueiros do Flamengo quase dentro da pequena área, o atacante de 18 anos recebeu passe de Seedorf após jogada de Fellype Gabriel e completou de primeira, de pé direito, para o gol de Paulo Victor. Fácil, fácil. Na comemoração, o camisa 26 ajoelhou-se e logo foi encoberto pelos companheiros. Beijo no escudo, abraço apertado no técnico Oswaldo de Oliveira e muita alegria.

Sassá comemora o primeiro gol do Botafogo no clássico (Foto: Satiro Sodré / Ag. Estado)
Pronto. O clássico que não valia nada ganhava um atrativo: a participação dos garotos.
Liderado por Seedorf, que tem o dobro da idade de Sassá, o Botafogo tinha sete reservas e era melhor em campo. No Flamengo, Dorival Júnior decidiu dar chance aos garotos no último compromisso do ano. Lançou Mattheus, Adryan e Nixon como titulares. Demorou um pouco, mas eles começaram a se soltar. Mattheus, único armador do time, perdeu chance incrível de empatar quase na pequena área, aos nove.

Mais forte, o Rubro-Negro passou a buscar o empate com ímpeto. No Bota, Oswaldo teve de fazer uma mudança. Gabriel, machucado, deu lugar a Renato. Enquanto o Flamengo tentava jogar com velocidade, os alvinegros usavam as faltas para travar o jogo, mas não conseguiram segurar por muito tempo. Aos 32, outro garoto apareceu. Wellington Silva cruzou para a área, e Nixon acertou uma bonita meia-bicicleta: 1 a 1. A comemoração foi muito parecida com a de Sassá. Ajoelhado com os dedos para o céu, foi cercado pelo companheiros para celebrar o primeiro gol dele como profissional.

O gol trouxe confiança ao time de Dorival, que ainda chegou com Wellington Silva e Mattheus em chutes fracos que se perderam pela linha de fundo. Para o Botafogo, o primeiro tempo terminou com uma preocupação. Seedorf foi para o vestiário sentindo um incômodo na parte de trás da coxa direita.

Seedorf voltou para o segundo tempo, mas ficou em campo só por um minuto. Logo deu lugar a Vítor Júnior e foi muito aplaudido na saída de campo. Foram necessários só dois minutos para que o substituto do holandês aparecesse. Aos três, Lima fez ótima jogada pela lateral esquerda, cruzou rasteiro para a área, e Vitor apareceu com muita velocidade para fazer 2 a 1 para o Botafogo.

Outro jovem de joelhos: Nixon celebra gol pelo Flamengo (Foto: Alexandre Vidal / Fla imagem)
A reação rubro-negra foi rápida, e o empate saiu aos dez minutos. Em novo cruzamento da direita, Wellington Silva achou Vagner Love. O Artilheiro do Amor conseguiu se antecipar e tocou de primeira, de esquerda, para surpreender o marcador e o goleiro Renan: 2 a 2. Logo após o gol, o técnico Dorival Júnior tirou Adryan, que não fazia boa partida, e lançou Wellington Bruno. O Flamengo deixava o esquema com três atacantes para jogar no 4-4-2.

O quase parecia perseguir Mattheus. Depois de uma chance clara no primeiro tempo, o meia passou perto do gol novamente, desta vez em cabeçada que passou muito perto da trave de Renan. Com dois meias, o Flamengo ganhou mais força ofensiva, passou a ocupar o campo do adversário, mas não foi efetivo.

Os dois treinadores fizeram mudanças para tentar a vitória na despedida do Brasileirão. Dorival tirou Mattheus e Nixon e tentou com Hernane e Paulo Sérgio. Pouco adiantou. No Botafogo, Oswaldo respondeu com Cidinho na vaga Lennon. Com uma linha de frente leve, a equipe passou a explorar contra-ataques, mas sem a força necessária para vencer.

Ao 46, Paulo Sérgio ainda teve a chance da virada para o Flamengo, mas a conclusão desviou na zaga e foi para fora. No fim, o clássico que se anunciava melancólico teve graça e placar justo. Pouco para os dois times, que em 2013 precisarão fazer muito mais.

Por Richard Souza Rio de Janeiro

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