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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Obsessão de Seedorf por 'sair da zona de conforto' mudou o Botafogo


Ex-funcionários citados em despedida lembram importância do holandês na evolução da estrutura alvinegra em um ano e meio




Observado pelos jogadores, Seedorf
 se despede de Eduardo Hungaro
(Foto: Satiro Sodré / SSPress)
Depois dos jogos, os atletas do Botafogo costumavam comer sanduíches como forma de repor as energias. Mas Seedorf achava que poderia ser melhor. Após conversar e insistir sobre a necessidade da ingestão de carboidratos, o clube evoluiu até acertar uma parceria com uma rede de restaurante de massas, que passou a fornecer a alimentação após as partidas. Esse é um exemplo da forma como a obsessão do holandês por “sair da zona de conforto”, expressão que usava com frequência, influenciou a estrutura alvinegra.

Com o apoio de alguns ex-funcionários, Seedorf buscou sempre melhoras tendo como base o que tinha vivido na Europa para que todos os jogadores alvinegros pudessem usufruir. Durante o período em que o holandês esteve em General Severiano, o clube adquiriu uma nova cadeira flexo extensora, macas para a sala de fisioterapia, nos moldes vistos na Europa. Para atender um pedido do craque, o Botafogo chegou a contratar um quiroprata, profissional que, por exemplo, existe na comissão técnica do Milan.

Citado nominalmente por Seedorf em sua coletiva de despedida, na última terça-feira, Anderson Barros foi considerado pelo ex-jogador como alguém que o ajudou a entender o futebol brasileiro como um todo. Se para alguns integrantes do elenco e da diretoria o holandês era visto como exageradamente exigente, para o ex-gerente de futebol do clube ele se tratava de alguém que estava unicamente preocupado em fazer tudo evoluir.


- Consegui entendê-lo rapidamente, isso foi o principal. Procurei estar próximo a ele para mostrar os dois lados da moeda. Não havia como ele mudar tudo logo, precisava de calma. O Seedorf tinha uma ânsia profissional de querer fazer tudo. Então precisávamos mostrar os caminhos, tentando ao mesmo tempo entender suas questões. Ele tinha um nível de exigência muito alto, e isso quebrou muitos paradigmas internos - observou Anderson Barros, que por decisão da diretoria deixou General Severiano no fim de 2012, desagradando o camisa 10.

Ao anunciar sua despedida, Seedorf também lembrou da importância que tiveram Oswaldo de Oliveira e seu auxiliar Luís Alberto, além do fisiologista Altamiro Bottino e da psicóloga Maíra Ruas Justo, todos ex-funcionários do Botafogo. Outro profissional que ganhou a admiração do camisa 10 foi o fisioterapeuta Alex Evangelista, que cuidava diariamente de sua recuperação antes e depois das partidas. Agora ele trabalha no Santos com Oswaldo.

- Fiquei muito feliz, nos falamos e ele disse que não quer perder nossa amizade. Ele mostrou confiança no meu trabalho ao não trazer mais o fisioterapeuta pessoal dele para cá. Nós ficávamos muito tempo juntos, diariamente fazíamos o trabalho de prevenção de lesão. Fico feliz de poder ter ajudado de alguma forma. Seedorf me trouxe muitas coisas, me mudou muito. Amo o que faço, mas ele me ensinou a ter mais perseverança, perfeccionismo, não desistir nunca. Acho que para cada pessoa do clube ele influenciou em alguma coisa - disse Evangelista, hoje no Santos com Oswaldo.

Por Fred Huber e Gustavo RotsteinRio de Janeiro

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