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sábado, 18 de novembro de 2017

Montenegro explica projeto de naming rights do Niltão e declara apoio a Mufarrej


Ao lado de Ricardo Rotenberg, ex-presidente detalha plano de aumentar o patrocínio da Caixa, estendendo exposição para o estádio, e justifica posicionamento na eleição do Botafogo





Ex-presidente, Carlos Augusto Montenegro vestiu a camisa da chapa de Mufarrej (Foto: Marcelo Baltar)


No próximo dia 25, os sócios-proprietários do Botafogo decidirão o presidente do Botafogo pelos próximos três anos – os sócios-torcedores só poderão votar a partir das eleições de 2020. A uma semana do pleito, o clima eleitoral tomou conta de General Severiano. Voz ativa no clube, o ex-presidente Carlos Augusto Montenegro, campeão brasileiro em 1995, decidiu manifestar sua posição e declarou apoio a Nelson Mufarrej.


Montenegro não faz parte do "Mais Botafogo", grupo político da situação, mas vestiu a camisa (literalmente) da chapa atual. Ao lado de Ricardo Rotenberg, ex-vice de futebol e seu amigo pessoal, ele recebeu a reportagem do GloboEsporte.com em sua casa no Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, explicou o projeto de naming rights que busca junto à Caixa Econômica Federal e falou, entre outras coisas, sobre momento de crise no futebol, e eleições.


Confira a entrevista completa:

APOIO A NELSON MUFARREJ

Rotenberg: Apesar de amigo do Carlos Eduardo, estávamos na Chapa Azul na última eleição. Mas veio esse trabalho desse grupo, que é muito aguerrido e organizado. Surpreendente. O clube estava na Série B, devendo, fora do Ato Trabalhista. Foi feito um trabalho de extrema responsabilidade e seriedade. Souberam pedir ajuda. Eu e Montenegro ajudamos, assim como pessoas que queriam o bem para o Botafogo.


Montenegro: Todo botafoguense reconhece o trabalho que foi feito por essa administração, com essa dobradinha Carlos Eduardo e Nelson. Além de salvar o Botafogo, foram recompensados com coisas que ninguém imaginava. Quando você põe seriedade e amor acima de tudo, sem remuneração, as coisas acontecem. Acertaram o Ato Trabalhista, Profut, patrocínios, levararam o time da Série B para a Libertadores...


Rotenberg: A linha é contratar com responsabilidade e pagar em dia os salários. Os sócios acham que a sede melhorou bastante, teve a questão da personalização do estádio, que trouxe a torcida de volta. Fizeram muitas coisas certas. Mesmo sendo de outro grupo político, estamos muito animados para apoiar esse grupo que trata o Botafogo com tanto respeito e seriedade. Para mim, essa é a grande diferença entre as duas chapas.


Montenegro: Muda. É do temperamento de cada um. O Carlos Eduardo foi muito importante, é uma pessoa mais rígida, em relação a princípios e caixa. O Nelson vai pelo mesmo caminho, mas talvez seja mais diplomata. O Botafogo ainda terá mais três anos muito duros. Depois, se continuar nesse mesma pegada, vou ajudar o Durcésio Mello, que é uma pessoa que pode contribuir. Falam que o João Moreira Salles pode concorrer. Nesse caso seria uma unanimidade.



Ex-vice de futebol, Ricardo Rotenberg também apoia Mufarrej (Foto: Marcelo Baltar)


ATAQUE À OPOSIÇÃO

Montenegro: As pessoas ficaram com vergonha de se mostrar contra e lançaram a campanha não se dizendo oposição. Se mostram como uma alternativa. O Marcelo Guimarães é um bom menino, botafoguense, mas não tem história, nunca foi conselheiro e não conhece o Botafogo. Quando esteve no clube, foi remunerado como diretor de marketing. Eu jamais aceitaria receber um centavo do Botafogo, mas isso vai de cada um.


Montenegro: Ele foi remunerado na gestão do Maurício (Assumpção). E aconteceu o que todos sabem com o contrato da Guaraviton, em que a família do presidente recebeu comissão. Tenho certeza que o Marcelo não levou nada, mas soube, ajudou e não levou ao Conselho porque seria mandado embora. Não é ilegal, mas é imoral. Tenho medo disso. O Botafogo não pode participar de uma nova aventura. É perigosíssimo.


Direito de resposta: o candidato Marcelo Guimarães respondeu a acusação de Montengero sobre conhecimento da comissão no contrato da Guaraviton. Veja na íntegra ao final da matéria.



Dupla vai levar projeto de naming rights do Nilton Santos à Caixa (Foto: reprodução)


PATROCÍNIO E NAMING RIGHTS

Montenegro: Temos um levantamento realizado pelo marketing do Botafogo, pela equipe do Marcio Padilha, que mostra que o Botafogo foi o 5º time do Brasil a dar o maior retorno de investimento no ano. Com isso, estamos pleiteando à Caixa um naming rights no mesmo pacote do patrocínio na camisa. O acesso a Brasília é pedir ao botafoguense Rodrigo Maia (presidente da Câmara dos Deputados) que nos ajude a ser recebidos pela Caixa para apresentar os números.


Outros clubes com menos retorno ao investidor recebem R$ 12,5 milhões da Caixa por ano. O Botafogo está em 5º e recebe R$ 10 milhões. Então estamos buscando ao menos o dobro, com a questão do naming rights incluída. Ainda não falamos em como ficaria o nome do estádio.


MOMENTO DO TIME

Montenegro: Com receita limitada, conseguiram fazer um time digno, mas fraco. E aconteceram muitas coisas. Todos laterais-direito se machucaram, o Airton se machucou, o Montillo se aposentou. Camilo e Sassá saíram chateados por serem reservas. Quando você pensa que acabou tudo, seu artilheiro (Roger) tem um tumor no rim, quando já não dava para repor. Um elenco que já era fraco ficou fraquíssimo. Mas estamos lá em 6º lugar.


Montenegro: A queda de rendimento é um somatório de quatro coisas. O elenco é fraco e se enfraqueceu com as perdas. Segundo, o esgotamento físico. O Botafogo foi bem em todos as competições e começou antes de todos por causa da Pré-Libertadores. Os jogadores estão no limite. Outra coisa é que os salários e impostos estão em dia, o que é um grande êxito dessa diretoria.


Montenegro: Mas alguns prêmios estão atrasados. Isso incomoda os jogadores. Não é que façam corpo mole, mas não entram com a mesma vontade. Por fim, o elenco é muito unido. Todos se gostam. E nessa época eles começam a ver alguns sendo chamados para renovar e outros não. Eles sabem que aquele grupo não vai continuar.



Maurício Assumpção é acusado de favorecer o Maracanã com a interdição do Engenhão (Foto: infoesporte)


CASO ODEBRECHT


Montenegro: Se nem os bancos estão dispostos, como é que uma empreiteira vai emprestar dinheiro a um clube de futebol? Ainda mais a um clube na situação do Botafogo, que estaria falido se fosse uma empresa. A Odebrecht precisava dos clubes no Maracanã para gerar receita, disse que o teto do Engenhão, que ela mesma construiu, estava caindo e interditou.


Montenegro: O prefeito e o presidente do Botafogo, que eram do mesmo partido (PMDB), ficaram calados. O clube teve um prejuízo tremendo e recebeu R$ 20 milhões. O que foi isso? Um cala a boca? Eles fizeram isso com juros de banco (1.6) e pegaram como garantia todos os jogadores e receitas do Botafogo. O Jefferson, teoricamente, é da Odebrecht. É um absurdo.


CONTRATAÇÕES

Montenegro: Trouxeram o Lizio, o Yaca Nuñez e vários caras que não encaixaram. Mas e o Carli? E o João Paulo? Futebol é isso. Em 1995 eu trouxe o Donizete e o Gonçalves que estavam encostados lá no México há cinco anos, e o Autuori, que estava em Portugal. Fui xingado em Caio Martins. Depois os caras viraram ídolos do Botafogo.

Montenegro: É bom esperar passar a eleição, até porque teremos um quadro de onde o Botafogo estará em 2018. Se precisar de uma ajuda para trazer um jogador importante para o time, para a Libertadores, vou tentar ajudar.



Montenegro tentou trazer André Lima esse ano (Foto: Maurícia da Matta / EC Vitória / Divulgação)

Montenegro: Agora, sem a Libertadores, é outra realidade. Dá para começar mais devagar e reforçar no meio do ano. Nesse ano teve a possibilidade de trazer o André Lima para a reserva do Roger, mas a comissão técnica não quis.


COMPARAÇÃO COM 1995

Montengero: Sou de outra era. Peguei o clube com muita dívida. Em nenhum momento pensei em pagar a dívida. Apenas não queria aumentá-la. Na minha época não tinha Ato Trabalhista, então toda hora tinha indenização a jogadores. Televisão era apenas 5% da receita, e o Botafogo recebia R$ 3 milhões por ano. O que me salvou foi o patrocínio da Pepsi. O Talarico, um amigo maluco que era vice-presidente da Pepsi, resolveu me ajudar. Além do patrocínio, pagou os salários do Túlio. Não dá para comparar.


Montenegro: Passei os três anos com folha atrasada e fui campeão brasileiro devendo cinco meses. Prometi aos jogadores o seguinte: "Vocês são heróis. Prometo que farei a independência de todos". O Sergio Manoel foi para o Japão; o Donizete tinha uma proposta de U$ 5 milhões do Yokohama; devolvi o Iranildo para o Madureira, e o Flamengo o comprou; o Beto logo depois foi para o Napoli, o Jamir, para o Benfica... Eu os liberei para ganharem dinheiro. Foi o que eu pude fazer por eles, além da bilheteria dos últimos jogos, que foram rendas altas.


DIREITO DE RESPOSTA DE MARCELO GUIMARÃES


"O ex-presidente é um grande botafoguense, mas um ser político por excelência. Apoiou o Maurício (Assumpção) na primeira e segunda eleição. No meio de 2016 chamou os atuais dirigentes de amadores e agora declarou um apoio tímido, ao que parece hesitante. Eu fui executivo do primeiro mandato do ex-presidnete Maurício e me orgulho muito do trabalho que realizei. 2011 foi o ano em que o Botafogo mais gerou receita em sua história.


Eu não era responsável pela confecção de contratos, que era constituído pelas áreas executivas, financeiras e jurídica. Fiquei sabendo dos termos do contrato (com a Guaraviton) quando o clube todo soube. Me surpreende o ex-presidente requentar essa história, mais ainda quando sabemos que o candidato que ele apoia, Nelson Mufarrej, era presidente do Conselho fiscal do primeiro mandato do Maurício. O responsável direto por esse e todos os assuntos no âmbito fiscal e financeiro.


Aliás, o Mufarrej, que também foi conselheiro do segundo mandato do Maurício, poderia aproveitar para ajudar a esclarecer todos os assuntos judicializados envolvendo o ex-presidente. Eu gosto do Montenegro, ele sabe disso, mas ele teme desembarcar desse modelo ultrapassado que vigora em nosso clube. Queria dizer ao meu amigo que o novo sempre vem. Estamos chegando!"


Fonte: GE/Por Marcelo Baltar e Thiago Lima, Rio de Janeiro

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