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quinta-feira, 29 de março de 2018

Marcação forte no 4-5-1, laterais em alta e experiência: por que o Botafogo venceu


Sem dar espaços pelo meio, Alvinegro força Flamengo buscar os lados do campo, áreas dominadas por Marcinho e Moisés, destaques botafoguenses na vitória por 1 a 0



Melhores momentos: Flamengo 0 x 1 Botafogo pela semifinal do Campeonato Carioca



Na véspera do duelo com o Flamengo, Alberto Valentim disse que precisava de uma partida quase perfeita. Se não conseguiu um placar elástico, a vitória por 1 a 0 foi construída com atuação sólida de seu sistema defensivo. A atuação foi próxima da perfeição, já que o time não desperdiçou sua principal chance, marcou muito e neutralizou as principais peças do arquirrival.


Confira abaixo os pontos que levaram o Botafogo a conquistar a vitória sobre o Flamengo:

TIME BEM POSTADO E NO 4-5-1

A marcação no 4-5-1, às vezes virando um 5-4-1 quando o volante Marcelo se colocava entre os zagueiros, forçou o Flamengo procurar os lados do campo e abusar dos cruzamentos. Foram 45 levantamentos na área (39 errados), recorde de um time no Campeonato Carioca de 2018.


Com Marcelo e Lindoso fechando pelo meio com o apoio de Renatinho, que, apesar de designado para a criação, ajudou muito na marcação, os flamenguistas não conseguiam criar nem levar perigo. Diante das poucas infilitrações, partiam para os flancos.



Moisés teve grande atuação contra o Flamengo e não deixou Vinicius jogar (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)


LATERAIS INTRANSPONÍVEIS: MOISÉS E MARCINHO SE DESTACAMNo lado do campo, os laterais foram muito bem na defesa, com destaque maior para Moisés. O lateral não deixou Vinicius Junior entrar na área e ganhou todas as disputas individuais com o garoto.


Carpegiani trocou Vinicius de lado com Paquetá e não teve sucesso. Marcinho, criticado no domingo, cresceu muito e também conseguiu manter o jogador de 17 anos sempre numa distância que o inibia de entrar na área.


A marcação forte dos dois laterais ainda contava com o auxílio de Luiz Fernando e Valencia. Alberto Valentim considerou a "marcação dobrada", com o apoio dos botafoguenses de beirada, como fundamental para afastar os pontas rubro-negros.



Marcinho também teve grande atuação contra o Flamengo (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)


- (Os pontas do Fla) São jogadores de muita qualidade técnica, peço aos meus jogadores que qualifiquem ao máximo a fase defensiva sem faltas e sem tomar drible. E com os jogadores de beirada dobrando a marcação. Queríamos que (os laterais) evitassem faltas no um contra um, e aí chegava um segundo jogador. Virava um dois contra um - explicou o comandante.


Marcinho e Moisés foram os líderes de roubadas de bola, com quatro e três respectivamente. O lateral-direito, aliás, também foi o líder de desarmes (quando se toma a bola, mas não fica com ela dominada). Foram cinco, mesmo número registrado por Carli. Na etapa final, não deram chance nem a Geuvânio (ponta-direita), nem a Vinicius (do outro lado).


TOQUE DE BOLA NO MEIO
Após ter a liderança no placar aos 38 minutos, conquistada em bela jogada de Marcinho e finalizada por Luiz Fernando, o Botafogo teve paciência para tocar a bola e segurá-la em momentos que o Flamengo dava sinais de reação.


Renatinho tentou jogadas individuais e sempre buscou o toque para o companheiro melhor posicionado. No meio-campo, aliás, chamaram atenção os números de Lindoso: 35 passes, todos certos.


Diferentemente do ocorrido em outros clássicos, desta vez o Botafogo não teve maior posse de bola que o rival. Ficou com ela em apenas 32% enquanto ela rolou. Mas se precipitou pouco demais. Foram apenas 17 passes errados.


EXPERIÊNCIA
Goleiro de Seleção, Jefferson, além de boas defesas apesar de algumas saídas do gol precipitadas, soube ganhar tempo a cada tiro de meta. Caiu após chegada perigosa do Flamengo - levou amarelo por isso -, e soube enervar o adversário.



Carli foi bem na marcação, pelo alto e soube cozinhar o jogo (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)


Carli é outro que usou e abusou de sua experiência. Retardou cobranças de falta, reclamou e também ajudou a cozinhar o jogo quando o Fla se atirava para o campo de ataque.


Além disso, o argentino foi bem no jogo aéreo, uma de suas principais características. Embora o Flamengo tenha cabeceado sete bolas, na maioria das vezes o fez sempre atrapalhado por um ou dois alvinegros, ficando assim com poucas chances de finalizar com perigo.


CERTEIRO
Outra situação que mudou para o Botafogo no clássico de quarta-feira foi em relação às finalizações. Se com Valentim sempre superou os arquirrivais nesse quesito até a semifinal, na noite passada foi diferente.


Foram 12 finalizações (seis a menos do que o rival), mas a mais clara terminou em gol. Valentim, após o jogo, disse que imaginava uma partida com poucas oportunidades concretas. E Luiz Fernando não perdoou.



Luiz Fernando faz gesto de cheirinho em gol em Flamengo x Botafogo (Foto: Vitor Silva / SS Press / BFR)


Luiz, agora com dois gols em clássicos (fez na semifinal da Taça Rio, contra o Vasco), deixou sua timidez de lado. Deu drible da vaca, fez gol e foi para cima. Para completar, comemorou ironizando o "cheirinho" rubro-negro.


O Botafogo ganhou solidez e força para lutar pelo título carioca, algo que parecia distante após sofrer 12 gols nos seis clássicos anteriores. Um Botafogo com cara, alma e sabedoria derrotou um rival superior tecnicamente.


Fonte: GE/Por Fred Gomes, Rio de Janeiro

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