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quinta-feira, 9 de maio de 2019

Em forma aos 34 anos, Cícero reencontra o Flu e tenta escrever nova história no Botafogo


No 11º cube de sua carreira, meio-campista ganha sequência de jogo e tem até academia particular em casa para evitar lesões



Edgard Maciel de Sá




Cícero e Botafogo começam mal, mas evoluem juntos na temporada



São 17 anos de carreira e 11 clubes como profissional. Aos 34 anos, Cícero trocou a estabilidade do Grêmio, onde era reserva e conquistou recentemente a Libertadores, pelo desafio de ser um dos principais jogadores do Botafogo em um momento de reformulação. Titular nos últimos nove jogos, o meio-campista já viveu altos e baixos no Alvinegro. Com direito a eliminações precoces no Carioca e na Copa do Brasil e bom início no Campeonato Brasileiro.


As duas vitórias seguidas sobre Bahia e Fortaleza, aliás, tem o dedo do técnico Eduardo Barroca. Contratado após a demissão de Zé Ricardo, o treinador de 37 anos já vem conseguindo impor seu estilo de jogo baseado em controle da partida, troca de passes e intensidade.


- São apenas três jogos, mas ganhando você consegue aprimorar e construir melhor esse estilo de jogo. Dá mais confiança. Temos que somar os pontos em casa. Não jogamos tão bem contra o Fortaleza, mas é importante jogar de forma consistente e alcançar o resultado. Estamos tentando absorver o estilo do Barroca a cada dia de trabalho.


No próximo sábado, o Botafogo vai em busca da terceira vitória seguida, algo ainda inédito em 2019. E terá pela frente o Fluminense, adversário marcante na carreira de Cícero. O Tricolor foi o clube que o volante mais vezes vestiu a camisa: 197 jogos, com 49 gols e dois títulos.


- Sou muito grato ao Fluminense. Fui campeão lá duas vezes, fiz muitos gols, tenho um carinho enorme. Mas a gente sabe que no futebol às vezes é preciso traçar novos caminhos até para a evolução da sua carreira.


''Quando você pega um carinho pela equipe, lógico que você respeita. Mas nunca deixo de comemorar os gols com a camisa que estou vestindo. Eles que estão me dando a chance naquele momento'', lembrou.


Enquanto começa a se destacar em campo, com dois gols em 11 jogos, Cícero também se cuida fora dele. Aos 34 anos, o jogador montou uma academia particular dentro de casa para manter a forma além dos treinamentos diários no clube.


- Adaptei esse espaço da casa para manter a forma. É preciso para manter o alto rendimento. O principal treino é no clube, claro, mas aqui ajuda também. As vezes as coisas podem não acontecer no campo, mas não é por falta de treinamento (risos). A gente tenta se cuidar o máximo possível. O futebol evoluiu muito fisicamente, é muito intenso. Se você não se cuidar, acaba ficando para trás. Nunca tive lesões graves. Ter essa consciência ajuda a manter isso e render cada vez mais.




Cícero montou uma academia em sua casa para manter a boa forma além do clube — Foto: Edgard Maciel de Sá



Confira outras respostas de Cícero:


Mudanças com Barroca


Ele teve dez dias para treinar. E desde o primeiro vi ideias boas, ideias claras de jogo. O que ele tentou implantar foi primeiro em se preocupar com o nosso time, de que maneira o Botafogo vai jogar. Focou muito no nosso rendimento e achei interessante. Tem um estilo de jogo diferente. Contra o São Paulo foi nítido que faltou mais agressividade para a gente, até para assustar o adversário. Mas jogar no Morumbi e encurralar o São Paulo no campo deles... Vê que tem uma ideia de jogo. Antes do jogo contra o Bahia, falei no vestiário que precisávamos de um bom resultado para justificar um pouco a atuação contra o São Paulo. Assim você valoriza o jogo anterior. Dentro do primeiro tempo fizemos um belo jogo, abrimos 3 a 1 e já vemos evolução no toque de bola. Ele fala e sabemos que ainda temos muito a melhorar.



Treinador quase da mesma idadeNa minha vida, eu sempre procuro respeitar as pessoas. O Barroca hoje podia ter 33 anos (tem 37) e eu ser mais velho do que ele. Mas acho que a gente é remunerado pelo clube. Estamos ali para ser profissional e trabalhar. O clube tem o comando de um treinador. Independente da idade dele, temos que respeitar e saber suas ideias. Ele esta tentando colocar em prática o melhor para a equipe. Posso ter mais tempo como profissional do que o Barroca. Quando ele pedir opinião, vamos dar. Mas temos que respeitar as opiniões dele. É o caminho para o ambiente estar bom como está hoje. Os mais experientes respeitam muito as opiniões do treinador.



Posicionamento

O Zé me colocava por trás, como o Barroca vem fazendo. O que mudou com o Barroca foram algumas peças. E isso muda o estilo de jogo do time. Com as mudanças, já começa a encaixar mais com o seu jogo. Depende muito do treinador.



Planos para 2019

Fazer uma bela temporada. A gente sabe que o início do ano foi complicado. Várias coisas que a gente comentou, jogadores chegando depois... Agora tivemos mais tempo para trabalhar. Temos isso em mente, nosso intuito é fazer um bom Campeonato Brasileiro. Para ser campeão é sempre difícil. Mas o Botafogo é um clube grande e se a gente encaixar melhor as coisas temos tudo para fazer uma grande competição.



Fluminense

Diniz chegou no início do ano e você vê um padrão de jogo que não muda independente do resultado. O mais importante é isso. Será um grande jogo, clássico não tem favorito. Esperamos fazer um bom jogo. Estamos em evolução e queremos mais três pontos fundamentais. O Fluminense vem de um resultado épico. O Fluminense perdia de 3 a 0 e podia chegar ao clássico com três derrotas em três jogos. Para ver que o futebol muda da água para o vinho em um estalo. Já mudou a confiança deles, agora são duas equipes confiantes.




Em três passagens pelo Fluminense, Cícero disputou 197 jogos — Foto: Rudy Trindade/Agência Estado



Zé Ricardo

Infelizmente teve uma reformulação grande no início do ano. Chegaram vários jogadores, outros se lesionaram. Foi difícil para ele dar liga para o time. Agora tivemos um tempo para trabalhar antes de começar o campeonato. Sabíamos da responsabilidade de avançar na Copa do Brasil, mas infelizmente não deu. Mas acho que o torcedor pode esperar uma boa temporada do Botafogo daqui para a frente.


Demissão foi justa?

Difícil falar em justiça. Sabemos de treinadores com bom aproveitamento em seus clubes e ainda assim são demitidos. Não vou falar que foi justa, mas sabemos que o trabalho do Zé Ricardo não estava encaixando. Tentamos encontrar um melhor estilo de jogo, mas infelizmente o futebol é isso. Tive pouco tempo com o Zé, não consegui ajudar muito, mas tenho certeza que fará grandes trabalhos em outros clubes.


Incidente no desembarque

Esses detalhes de torcida, aeroporto, estádio... sou contra. Somos remunerados para entrar em campo, onde estamos sujeitos a críticas e elogios. Temos ciência disso. O estádio é o melhor local para se manifestar. Nós temos familiares, esposa, filhos, amigos... Ver aquilo é muito chato. Sou contra essas atitudes em qualquer lugar. Tem que servir de aprendizado. Temos uma vida só e precisamos aproveitar da melhor forma possível. Todo profissional sabe da sua responsabilidade no dia a dia. Não entramos em campo para perder, entramos para ganhar. Mas infelizmente nem sempre as coisas acontecem porque do outro lado também tem alguém querendo ganhar. A cobrança no futebol sempre vai existir e tem que existir para você evoluir cada vez mais. Mas sempre dentro do estádio.



Fonte: GE/Por Edgard Maciel de Sá e Fernando Saraiva — Rio de Janeiro

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