Páginas

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Análise: sem porrete, Botafogo bate, mas vai à lona com menor troca de passes da era Barroca


Alvinegro volta a marcar em bolas paradas, finaliza 12 vezes, mas troca apenas 292 passes e não consegue evitar pressão do Rubro-Negro na segunda derrota consecutiva no Brasileiro







Melhores momentos de Flamengo 3 x 2 Botafogo pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro



Foi no fim de maio que Eduardo Barroca definiu seu pensamento de futebol com analogia simples: “A bola é um porrete”, disse ao jornal “O Globo”. Quis dizer que se alguém vai para uma briga sem porrete na mão, pode acertar um golpe e vencer a luta, mas é muito mais fácil levar o adversário à lona com a bola. Ou seja, com o porrete.


A comparação de Barroca serve bem para o clássico vencido pelo Flamengo por 3 a 2, na tarde desse domingo no Maracanã – o Alvinegro ficou em 10º lugar, com 16 pontos. Reclamações de arbitragem à parte – na conta oficial do clube no Twitter, o clube questiona decisões do árbitro de não expulsar Cuéllar e Rafinha, além de toque de mão na área de Trauco -, a segunda derrota consecutiva do time no Brasileiro tem marca singular na era Barroca: a menor troca de passes em 15 partidas sob comando do jovem treinador até aqui.



Com Pimpão na cola, Trauco toca para Arão com o Alvinegro cercando a intermediária defensiva. Time foi vazado em rápidas jogadas pelo lado direito de defesa — Foto: Raphael Zarko



Foram apenas 292 passes trocados – o Flamengo tocou 489 vezes. Fora outro clássico, contra o Fluminense, que o Botafogo venceu mesmo sem ter porrete (e tocou 305 vezes – dados colhidos do site Sofascore. Veja a lista completa abaixo), o Alvinegro também nunca ficou tanto tempo sem a bola – 38% de posse, contra 37% contra o Flu, no jogo que terminou 1 a 0 para o Botafogo.


É claro que a maior qualidade técnica do adversário – mesmo cheio de desfalques, o Flamengo tem Rafinha, Gabigol, Bruno Henrique e Gerson – pesa na briga e na disputa do porrete. A saída para não ser pressionado, levar empate, virada e desempate seria boa troca de passes. Em outras palavras, controlar o jogo. Coisa que o Botafogo não conseguiu. Porque foi pressionado e não foi capaz de ficar com a bola.



O que funcionou e o que não deu certo

O Alvinegro ficou sem saída de bola algumas vezes, com os comandados de Jorge Jesus marcando próximo ao gol de Gatito. Algumas vezes o Alvinegro tentou lançamentos, ligações diretas ou chutões mesmo para escapar dessa pressão. Quando conseguiu sair pelo chão, articulou boas jogadas. Com a dobradinha Diego Souza e Alex Santana, e pelo lado com Luiz Fernando, principalmente no segundo tempo.



Diego Souza disputa a bola com Lucas Silva: camisa 7 marcou seu quarto gol pelo Botafogo, o primeiro em cobrança de falta — Foto: André Durão



Foram 12 finalizações contra 15 do adversário. Os dois gols saíram de bola parada – primeiro na cobrança de escanteio de Jonathan, depois na patada de Diego Souza do meio da rua – e o Alvinegro até conseguia cercar bem a entrada da área. Antes do empate de Gerson, que abriu para o meio da área, tirou de Jonathan e chutou forte de longe, Arão fez jogada semelhante do lado de Marcinho - e a bola passou perto.


Jonathan mostrou categoria e técnica, mas sofreu com Rafinha, Gerson e Gabigol caindo pelo seu lado. A ajuda de Alex Santana e Luiz Fernando não foi suficiente. Foi precipitado ao tentar rachar a bola com o ex-lateral do Bayern de Munique e ficar a ver navios. No terceiro, foi envolvido junto com todo sistema defensivo alvinegro. Logo em seguida, Barroca colocou Lucas Barros na lateral.



Diego, além do gol, ótimo passe para Pimpão


Com o time mais recuado do que de hábito, Diego Souza se posicionou muitas vezes ao lado de Alex Santana, como um meia, posição na qual teve maior destaque na carreira, e foi bem como armador (repare na movimentação dele no mapa abaixo, do site WhoScored.com). Ele voltou a bater falta de longe e se deu bem com um chute potente. Também apareceu com um jogo de pernas que deixou Pimpão na cara do gol. O camisa 7 errou apenas dois dos 16 passes tentados e foi a principal figura alvinegra.



O posicionamento de Diego Souza no clássico com o Flamengo: mais recuado e armador — Foto: Footstats



Troca de passes do Botafogo na era Barroca

São Paulo 2 x 0 Botafogo: 702 passes (maior índice na estreia)
Botafogo 3 x 2 Bahia: 482 passes
Botafogo 1 x 0 Fortaleza: 539 passes
Fluminense 0 x 1 Botafogo: 305 passes (menor índice até jogo com o Fla)
Goiás 0 x 1 Botafogo: 571 passes
Sol de América 0 x 1 Botafogo: 609 passes
Botafogo 0 x 1 Palmeiras: 444 passes
Botafogo 4 x 0 Sol de América: 512 passes
Botafogo 1 x 0 Vasco: 469 passes
CSA 1 x 2 Botafogo: 520 passes
Botafogo 0 x 1 Grêmio: 463 passes
Cruzeiro 0 x 0 Botafogo: 640 passes
Botafogo 0 x 1 Santos: 441 passes
Botafogo 0 x 1 Atlético-MG: 457 passes
Flamengo 3 x 2 Botafogo: 292 passes (menor índice na era Barroca)


Fonte: GE/Por Fred Gomes e Raphael Zarko — Rio de Janeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é sempre bem vindo. Participe com suas opiniões!