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quarta-feira, 10 de julho de 2019

Impaciência, busca por patrocínio e frases de efeito: Botafogo não apresenta soluções para crise


Internamente, discurso de que o Alvinegro não é o único clube com dificuldades no Brasil ganha força, mas não se fala em caminhos concretos para reverter a situação




A sala de imprensa do Botafogo está trancada há uma semana. Enquanto os jogadores não falam por protesto ao atraso de salários, dirigentes se pronunciaram, mas não têm muito a dizer. O discurso é alinhado - "Estamos trabalhando para resolver isso" -, mas os caminhos para a solução não são concretos.


Nas conversas com o elenco, nada de diferente. A impaciência começa a tomar conta do vestiário e cumprir a agenda fica mais complicado a cada dia que passa e a grana não cai nas contas. Mesmo com o foco nos treinamentos, já que continuam se dedicando aos trabalhos no Nilton Santos, a ausência de prazos irrita. Há ainda a preocupação com os atletas que recebem menores salários. Mas deixar de treinar ainda não passa pela cabeça dos jogadores.



Jogadores do Botafogo seguem se dedicando aos treinos no Nilton Santos — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Onde conseguir o dinheiro? Uma das apostas está no marketing. Sem o patrocínio da Caixa desde o início de 2019, o Botafogo busca uma empresa para estampar o master. No sétimo mês do ano, as negociações ainda são rasas e pioraram com o período sem jogos por conta da Copa América.


- O período da Copa América atrasou o fechamento de algumas negociações de patrocínio que estavam acontecendo, porque patrocinadores não querem investir e ficar cerca de um mês sem exposição por conta do torneio e da parada do Brasileiro. Agora, essas negociações foram retomadas e vamos avançar - garante o diretor de marketing João Vieira.


João admite que o departamento "precisa ser mais criativo para gerar novas receitas e conquistar espaços qualificados na mídia". Espaços esses que o clube perdeu com o silêncio dos jogadores nos últimos dias. Outra consequência do protesto está na insatisfação de patrocinadores que não têm sua marca exposta.



"O Botafogo não é um oásis de dificuldades no meio de um universo calmo e próspero"


- Muito ao contrário, ele tem dificuldades também porque está inserido num cenário de dificuldades pelas quais estamos passando no Brasil e mais fortemente no Rio por conta de problemas político-econômicos. E podemos dizer que provavelmente 99% dos clubes brasileiros também estão passando por dificuldades. A diferença é que no Botafogo falamos sobre isso.


É verdade que as dificuldades financeiras assolam grande parte das equipes, mas o abismo entre alguns clubes impressiona. No Rio de Janeiro, além do Botafogo, Fluminense e Vasco também enfrentam problemas. Por outro lado, as finanças do Flamengo vão de vento em popa. Em São Paulo, o Palmeiras também não tem do que reclamar. Na visão do diretor, o caminho é a profissionalização, mas isso não acontecerá da noite para o dia, como necessita o Alvinegro.


- (Esses clubes) Passaram por dificuldades, deram a volta por cima e venceram. Assim será com o Botafogo. Tenho certeza. Somos brasileiros, não desistimos nunca. Acontecia com 100% dos clubes. Hoje atinge 99%.


"Num momento de dificuldades, tem gente que se abate, senta e chora. Eu não. Eu prefiro vender lenços. Não há bem que dure para sempre, assim como também não há mal que dure para sempre".


- Isso quer dizer que devemos poupar e nos preparar em momentos que tudo está bem porque em algum momento enfrentaremos dificuldades. Queremos fazer parte do 1% que está bem e ajudar a transformar os demais, porque, para o futebol brasileiro ser forte, precisamos que a maior parte dos clubes seja forte e tenha uma situação financeira saudável. O futebol precisa ser pensado como negócio, e os clubes precisam ser administrados como empresas, como é na Europa, por exemplo.


Enquanto os dirigentes buscam uma solução, o clima no futebol segue instável. Nesta quarta, os atletas treinam à tarde e, mais uma vez, não haverá entrevista. A atividade também será fechada à imprensa.


Outros pontos abordados por João Vieira:



Na última segunda, João Vieira esteve no Bem, Amigos! entregando uma camisa de Zagallo a Daniel Alves — Foto: Divulgação


Renda e sócio-torcedor


- A torcida é o maior patrimônio do Botafogo! Ela é incrível! Podemos não ter a maior torcida do Brasil, mas temos a melhor torcida do Brasil! Cada um de nossos torcedores vale por pelo menos dez de outras agremiações em termos de paixão, amor e consumo per capita. Temos que ser um dos melhores clubes do Brasil, isso está no DNA, na história e na tradição do Botafogo, que fez o futebol brasileiro ser pentacampeão mundial.


- Galvão Bueno me falou depois do Bem, Amigos! uma frase que eu guardei e vou usar muito: "Botafogo tem camisa pra envergar varal".


Moreira Salles

- Os Moreira Salles são muito bem-vindos. A longo prazo o futuro do Botafogo passa pelas transformações que falamos. Eles são homens de negócios, investidores, estão acostumados a transformar, liderar e conduzir empresas e equipes de trabalho de muito sucesso. Como grandes botafoguenses são muito importantes nesse caminho árduo que precisamos percorrer para nossa estrela brilhar cada vez mais alto e mais forte!



Fontes de recursos

- Temos valores a receber de diversas fontes. Estamos trabalhando para fechar patrocínio master. Vamos gerar novas receitas com patrocinadores, ampliar venda de camisas com novo fornecedor de material esportivo, aumentar receita gerada pela TV Botafogo, ampliar leque de produtos licenciados que geram royalties, fazer shows no estádio Nílton Santos...


- Botafogo tem muito patrimônio, muitos ativos e uma marca muito forte. O sucesso das diversas modalidades (futebol, remo, basquete, vôlei, natação, polo aquático, etc) do clube no campo esportivo vai ajudar a alavancar novas receitas.


Fonte: GE/Por Emanuelle Ribeiro — Rio de Janeiro

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