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terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Peso financeiro da crise: Botafogo atinge apenas uma de cinco metas projetadas para 2020


Clube arrecada R$ 8,5 milhões com Copa do Brasil, mas decepciona em outras frentes. Projeção foi de G-6 no Brasileirão, R$ 18 milhões com publicidade e R$ 62 milhões com negociações



A crise do Botafogo vai muito além das quatro linhas. Fora de campo já eram esperados problemas financeiros para a gestão futura de Durcesio Mello, e 2020 mostra o tamanho da dificuldade. Com salários em dia garantidos por uma ação judicial, o desempenho alvinegro no gramado e nas finanças não atingiu a maioria das metas estipuladas para 2020.


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Metas do Botafogo para 2020

Campeonato Brasileiro: 6º lugar
Copa do Brasil: oitavas de final
Venda de atletas: R$ 62,4 milhões
Folha salarial de jogadores: R$ 2,18 milhões
Patrocínios: R$ 18 milhões



Último ano de Mufarrej é de decepção esportiva e financeira — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Das cinco principais, a única realizada foi chegar às oitavas de final da Copa do Brasil, o que representou R$ 8,5 milhões em premiações. Além do desempenho esportivo, problemas incontornáveis influenciaram na arrecadação. A crise causada pela pandemia da Covid-19 foi o grande empecilho encontrado pelo clube para alcançar as metas estipuladas para o ano. Mas está longe de ser o único.


Na última colocação no Campeonato Brasileiro, o Botafogo vê crescer a distância para sair da zona de rebaixamento, hoje em oito pontos. Por mais que ainda faltem 13 partidas para o fim da competição, com 39 pontos em jogo, é impensável que o clube consiga chegar ao G-6, como projetou antes da temporada.


A diferença na premiação é considerável. O sexto colocado do Brasileirão, além de garantir vaga para a Copa Libertadores de 2021, leva para casa quase R$ 23,5 milhões. Para os times da segunda página da tabela, onde o Bota se encontra no momento, o valor máximo não passa dos R$ 13 milhões. Quem terminar a temporada no Z-4 recebe de R$ 4,6 milhões a R$ 5,6 milhões.



Honda comemora o gol contra o Sport, última vitória do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Sobre venda de jogadores, o Botafogo também ficou aquém do esperado. A negociação de Luis Henrique rendeu R$ 24 milhões, a maior transação da história do clube. Mas não foi suficiente para chegar aos R$ 62,4 milhões projetados. A realidade ficou longe disso. Segundo o clube, o valor é de cerca de R$ 40 milhões e contou, entre outros, com a venda de Alex Santana e empréstimos de Luiz Fernando e João Paulo.



Os salários dos jogadores também foi assunto turbulento ao longo de 2020. No fim de 2019, Carlos Augusto Montenegro deu entrevista à Rádio Brasil e prometeu que a folha seria reduzida de R$ 3 milhões para R$ 1 milhão. Na prática, o panorama praticamente não mudou de um ano para o outro. O custo com o elenco continuou perto dos R$ 3 milhões mensais. Os funcionários sofreram com atrasos salariais, e o clube está em dia por penhoras na Justiça.



Folha salarial do Botafogo gira em torno dos R$ 3 milhões — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Em relação a patrocínios, a arrecadação de momento é três vezes menor do que a projetada pelo Botafogo, mesmo com duas parcerias anunciadas recentemente. O clube não divulga valores, mas o ge apurou que as receitas com publicidade não chegam a R$ 6 milhões, longe dos R$ 18 milhões desejados.


O Bota começou o ano com a Azeite Royal como patrocinadora máster, mas a empresa saiu no início da pandemia. A substituta só apareceu em novembro, a Gold Meat. O último acordo anunciado foi com a Centrum para a barra frontal da camisa. Ao longo desse ano, Zinzane e Eletromil também viraram parceiras. Outras marcas que estampam o uniforme são Baterax, STX, Casa de Apostas, Tim e Visit Now. Houve ainda contratos para divulgação de marcas em outras plataformas.



Recuperação financeira será prioridade para o próximo presidente, Durcesio — Foto: Vitor Silva/Botafogo



2021 em pauta


Para o próximo ano, o orçamento projetado já está nas mãos dos conselhos Fiscal e Deliberativo, mas só deve entrar em pauta para aprovação no ano que vem. Como a nova diretoria assume no próximo dia 4 de janeiro, é possível que os próximos dirigentes queiram alterar algumas situações. É também quando os 140 novos conselheiros tomam posse.


Segundo o estatuto, por 2020 ter sido ano de eleição no Botafogo, havia a possibilidade de esse documento ser apresentado até março do ano seguinte.


Para fazer as projeções, a diretoria alvinegra optou por entregar um plano que conta com a manutenção do time na Série A. Caso o time não consiga sair da zona de rebaixamento, o orçamento será remodelado dentro da nova realidade, de arrecadação muito mais magra.


Fonte>Por Davi Barros, Emanuelle Ribeiro e Thayuan Leiras — Rio de Janeiro

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