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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Campeões da Copa Conmebol de 1993 enviam carta aberta ao Botafogo e dizem que solução está na base



Jogadores daquele título afirmam que futuro para a reconstrução do clube passa por jogadores formados em General Severiano e que os contratados tenham identificação com o Bota



O título da Copa Conmebol de 1993 ainda é presente no Botafogo. Quem esteve em campo na última conquista internacional do clube mantém uma relação de afeto com o Bota até hoje. Em carta aberta ao presidente Durcesio Mello e toda a diretoria empossada em janeiro deste ano, membros daquela equipe indicaram o caminho para a reconstrução do clube: acreditar nos jogadores da base.


Na carta aberta que será entregue à direção do Botafogo, Sinval, André e companhia afirmam que é possível a atual administração e os futuros jogadores se espelharem em quem esteve em campo contra o Peñarol. Segundo eles, o legado que fica daquela geração é que a mistura de jogadores dedicados, mesmo que não sejam craques, com revelações pode fazer a diferença.




Campeões da Copa Conmebol em 1993 foram homenageados em 2018 pelos 25 anos da conquista — Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo


"Carta aberta ao presidente e à diretoria recém-empossada do Botafogo de Futebol e Regatas,


Permitam-nos uma rápida apresentação: somos a geração de 1993, por anos renegada dentro do clube, mas que deu ao Botafogo o seu título de maior expressão internacional. A maioria de nós foi criada dentro das divisões de base alvinegra, em uma época de vacas magras em Marechal Hermes. Magras não, magérrimas. Acreditem em nós: não foi fácil levar o título sul-americano para a galeria de troféus da antiga sede do Mourisco-Pasteur.



Por esse motivo escrevemos aos senhores – temos certeza de que o exemplo e o legado da nossa geração serão muito úteis para a reestruturação que o nosso querido Botafogo tanto precisa nesse grave e delicado momento.


Começamos pelo lugar-comum das nossas dificuldades que tantas outras jovens gerações alvinegras também experimentaram: tudo era difícil em Marechal, a começar pelas instalações e, principalmente, pela alimentação. Muitas vezes nossa comida se resumia a arroz, feijão e ovo. No almoço e no jantar.


Não eram tempos fáceis. Definitivamente.


No entanto, diante dos obstáculos – por maior que fossem - jamais esmorecemos. Pelo contrário. Crescemos com o DNA alvinegro, e nos agigantamos diante das adversidades. Seguramente, daí veio a força que anos depois nos levou a conquistar a Conmebol.


Ao subirmos para o profissional, a dificuldade era ainda maior. Experimentamos uma época em que o Botafogo apostava em medalhões consagrados e pouco espaço havia para nós, as “crias” de Marechal. Contudo, como diz o ditado popular “aquilo que é do homem o bicho não come”, e a nossa hora acabou por chegar.


Sorte a nossa, e sorte ainda maior do Botafogo: faríamos a estrela solitária brilhar como nunca.


Ao nosso grupo de jovens se somariam alguns jogadores experientes vindos de fora do clube. Cada um com a sua história de vida e cada qual com a própria trajetória no futebol. Um traço em comum, no entanto, uniria todos nós: o amor ao preto e branco da camisa alvinegra.


Comandados por ninguém menos que o eterno “Capita”, um técnico que - assim como a sua comissão técnica - exteriorizava o amor ao Botafogo em todos os seus atos e declarações, fomos em frente diante de um desafio monumental: conquistar um título internacional oficial, algo que apenas seis clubes brasileiros detinham à época.


Naquele longínquo ano de 1993, muitos duvidavam de nós. Próximo à nossa estreia na competição, alguns jornais já antecipavam um “novo vexame à vista”. O pior, no entanto, ainda estava por vir - às vésperas da final, frente ao multicampeão Peñarol (naquele exato momento o clube mais vitorioso do mundo), muitos apostavam em uma sonora goleada e que a competição se encerraria já no primeiro jogo em Montevidéu.



Faltou, contudo, combinar conosco. De ilustres desconhecidos passaríamos a protagonistas – de nossos próprios destinos e do destino do Botafogo. Enfrentando um frio de 7 graus, a hostilidade da torcida uruguaia (em um tempo em que isso significava muito mais que simples vaias) e jogando com menos de 48 horas de descanso em relação à nossa última partida pelo Brasileiro, arrancamos um sofrido empate no Centenário.


No Maracanã, eles não perderiam por esperar. Vencemos na bola, apesar da violência do time adversário. Naquela noite de quinta-feira, 30 de setembro de 1993, fizemos 70.000 alvinegros explodir de alegria com a maior conquista do clube. É verdade que ficamos a ver navios na nossa premiação: ganharíamos parte da renda do jogo em caso de conquista, mas como os portões do velho Maracanã foram abertos, nada sobrou para nós. Pouco importa. Nosso amor à camisa e, principalmente, a felicidade daquela torcida ainda machucada pela decepção de 1992 foram inesquecíveis.


Só quem esteve lá consegue dimensionar esse sentimento.


Fica, assim, a nossa lição que muito pode servir ao atual momento do clube. Não temos dúvidas de que a solução para o Botafogo está em suas divisões de base, em garotos que – como nós – amam essa camisa como se torcedores fossem. Aos jogadores que vierem de fora do clube, também legamos o exemplo de 1993: não é necessário contratar grandes craques, basta trazer gente comprometida com a grandeza que é jogar no Botafogo.


Soluções simples que, assim como em 1993, poderão fazer com que o nosso clube volte ao lugar de onde jamais deveria ter saído.


Daqueles que querem ver a Estrela Solitária brilhar soberana na América novamente,


Geração 1993


Carlos Alberto Torres “Capita” (In Memorian)


Ademar Braga (preparador físico)


André Silva 93


Alexandre “Agulha” da Silva Braga


Bernardo Pasqualette (autor do livro Conmebol 1993)



Carlão 93/95


China 93


Cláudio Silva


Eliel Henrique 93


Eliomar 93/95


Marcelo Carioca 90/93


Regílson Soares


Rogerinho 93


Sandro Silva


Sinval"



Fonte: GE/Por Davi Barros

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