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segunda-feira, 7 de junho de 2021

Rafael Moura explica recusas passadas ao Botafogo e conta meta de pontos: "Sete a cada quatro jogos"



Atacante diz que luta da mãe contra um câncer foi o que pesou em não chegar antes ao clube; ele revela que tem objetivos pessoais no contrato, mas prefere não detalhar quantidade de gols



O tão aguardado centroavante cascudo chegou. Rafael Moura foi apresentado oficialmente pelo Botafogo na tarde desta segunda-feira e concedeu a primeira entrevista coletiva. Após algumas tentativas frustradas de negociação entre Bota e He-Man nos últimos anos, o atacante optou por vestir a camisa alvinegra.


Foram quatro tentativas ao longo dos últimos cinco anos até que o acordo entre Botafogo e Rafael Moura fosse, enfim, concretizado. O centroavante, porém, explicou que nem todas as vezes recebeu proposta oficial do clube de General Severiano.


- Gostaria de explicar ao torcedor que sempre me apoiou e me quis aqui no clube. Recebi diversas mensagens nas redes sociais. Algumas negociações foram inverdades, não houve contato comigo ou com meu staff. Teve, realmente, em 2018 e 2019 proposta oficial mesmo. Eu tive que recusar por causa da doença que minha mãe teve, um momento especial que ela estava passando no tratamento e eu optei por ficar em Belo Horizonte ao lado dela para dar força. Infelizmente ela veio a falecer, então pude acompanhar esses últimos momentos dela. Mas ela era uma pessoa que amava o Rio de Janeiro, então tenho certeza que ela está muito feliz com essa oportunidade.


Rafael Moura é apresentado pelo Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo


O He-Man estava no radar da diretoria desde o início da temporada, mas a idade mais avançada em relação a concorrentes jogava contra o atacante. Tanto que a primeira opção foi Anselmo Ramon, de 32 anos, que preferiu ficar na Chapecoense. A questão física foi fator de debate no Botafogo, mas os números de 2020 dão confiança de que o jogador tem qualidade e fôlego para disputar a Série B. Com a aprovação nas análises, o clube amarrou contrato até o fim de 2021 com metas a serem atingidas.



- Eu sempre tive o desejo de poder vestir a camisa do Botafogo. Não é agora que eu estou encerrando a carreira e com 38 anos, muito pelo contrário. Chego muito bem para entregar grandes números. Tenho metas individuais no meu contrato, então isso vai fazer eu me puxar e tudo. Não gosto de declarações ou coisas que eu faça promessas, ou que coloque metas. A minha meta principal vai ser o Botafogo voltar para a Série A. Acho que esse é o grande objetivo do ano. E, com certeza, meus gols vão fazer com que isso possa se concretizar com a ajuda de todos os companheiros.


Se não quis projetar uma meta de gols, Rafael Moura citou uma meta de pontos que o Botafogo pretende ao decorrer dos jogos na Série B, competição que o centroavante vai disputar pela primeira vez em sua carreira.


- Para mim também é um grande desafio. É a minha primeira Série B. Não tenho tanto conhecimento, mas sempre escutei que é muito difícil. Apesar de ter times campeões brasileiros disputando a Série B esse ano, os times considerados menores estão fazendo grande campanha, complicando bastante e fazendo o seu dever de casa. Tenho certeza que nosso trabalho tem que ser árduo. Vai ser uma jornada muito difícil. Nossa meta é que a cada quatro jogos a gente consiga fazer, no mínimo, sete pontos. E, aí sim, para que a gente possa estar sempre brigando lá em cima e consiga o objetivo principal ao final do ano.


Veja os gols de Rafael Moura no Brasileirão 2020 (https://globoesporte.globo.com/video/veja-os-gols-de-rafael-moura-no-brasileirao-2020-9567636.ghtml)


- Agradeço à diretoria, que fez um esforço enorme pra minha chegada. Estou muito feliz em vestir essa camisa, de muita história, de grandes ídolos. A gente passa aqui nas dependências do estádio e vê as fotos de grandes jogadores, pra mim é uma honra vestir essa camisa e estou muito empolgado com esse grande desafio. Retornar à Série A é nosso grande objetivo.


Ainda sem ter a certeza se poderá contar com Rafael Moura, o Botafogo de Marcelo Chamusca volta a campo no próximo domingo, às 18h15 (de Brasília), contra o Remo, pela terceira rodada da Série B. Como o Nilton Santos está cedido para a Copa América, o jogo será no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. O Bota ocupa a terceira colocação, com quatro pontos.



Outras declarações de Rafael Moura:

Como pode ajudar na reconstrução?



- É um momento importante para o clube de reconstrução e reestruturação. A minha experiência é para agregar o qualificado grupo de jovens que o Botafogo tem neste momento. Então, a expectativa é a melhor possível. O nosso grande objetivo é voltar para a Série A, que é o lugar que o Botafogo, com essa camisa histórica, tem que permanecer.


Como ajudar no desenvolvimento de Matheus Nascimento e Rafael Navarro?


- Eu tenho essa responsabilidade, pela minha experiência e liderança, de ajudar os mais jovens. O Matheus e meu xará, Navarro, têm grandes qualidades. Precisam de um pouco mais de maturidade, mas são extraclasse. No dia a dia, não só com os dois, mas o que eu puder ajudar em treinamento, em puxar fila, demonstrar que seja algum gesto técnico, alguma conversa, eu tenho certeza que vai ser muito importante para eles. Assim como eu, no início, tive grandes nomes que me ajudaram muito. Isso faz uma grande diferença.


- Eles também, com a percepção de acompanhar os treinamentos, vendo quem treina mais, quem faz isso tudo... Eu sou muito do treinamento. Às vezes o exemplo é melhor na prática do que somente com palavras. Vou conversar bastante também, mas o melhor exemplo que posso dar é minha dedicação nos treinamentos e nos jogos. Aí sim eles poderão ver o quão necessário é ter esse tipo de atitude.



Quando vai poder jogar?


- Todo mundo sabe que eu não gosto de ficar parado. Continuei mantendo a forma na parte física e de força. Mas, todo atleta que está parado há mais tempo tem dificuldade com trabalho com bola e coletivo. Então, fisicamente, nos testes e tudo mais, eu demonstrei que estou no padrão do grupo. Mas eu ainda preciso de ritmo de treinamento, em coletivo e percepção de onde está o adversário. Isso pode demorar um pouquinho. Mas eu garanto que também estou ansioso para estrear o quanto antes. Não gosto de ficar enrolando e de fora, mas a gente não pode atropelar o processo. Tenho conversado bastante com a comissão técnica.


- O momento certo para estrear pode ser já neste fim de semana, mas vai depender do meu treinamento e de como eu vou me sentir ao longo da semana. Se não for nesse, no outro com certeza. Peço um pouquinho de imprensa a vocês da imprensa e ao torcedor porque estou há três meses sem fazer uma partida. Quando voltamos em pré-temporada a gente sempre fala que precisa de três, quatro jogos para estar em nível de excelência e perfeição. Mas, claro que nesses primeiros três jogos que eu não estiver 100%, vou me dedicar ao máximo para marcar os gols e a gente conseguir essas vitórias, mas gostaria que vocês ficassem cientes desse meu momento.


Como chegar no 1% do parente Heleno de Freitas?


- Essa é uma história muito bacana. O irmão da minha mãe está fazendo um livro sobre isso e a gente está fechando toda a árvore genealógica. Já apareceram muitos parentes entrando em contato e querendo saber qual o grau de parentesco. Ele era primo do meu avô materno. Aí, depois, com o tempo, eu dou o nome de todos dessa árvore. Ele é um cara que representa muito para o Botafogo. Ele tem frases memoráveis, que ele não era jogador de futebol, mas jogador do Botafogo. E também que aqui não é lugar para covardes. Isso mostra personalidade e liderança.



- Ele tinha um certo de rebeldia, mas boa e sadia que incentivava seus companheiros. Fora os grandes lances e número de gols que fez. Eu brinquei por ser 1%, mas claro que se eu puder aumentar essa porcentagem, ótimo. É o que eu quero fazer. Poder fazer gols e ajudar a equipe. Visualizar todos os grandes ídolos todo dia vai me dar essa força. Ter esse parentesco com o Heleno tem esse algo a mais por toda a representatividade que ele tem com o clube.


Opinião sobre o Botafogo ofensivamente e como contribuir para manter a bola no ataque


- Os meninos jogaram muito bem contra o Coritiba. O Chay fez uma belíssima partida, Navarro e Marco Antônio também. Realmente acho que a comissão técnica e os próprios jogadores estão cientes de que precisa ter um pouco mais de calma na transição e no contra-ataque, porque não adianta roubar a bola e perder logo em seguida.


- A minha presença de área e o início da transição que os volantes ou laterais vão tentar me achar para eu segurar a bola, acho que vai ser muito importante e acho que podemos tirar proveito disso, porque os meninos que vão jogar perto de mim são muito rápidos e inteligentes. Tenho certeza que a gente vai fazer grandes feitos pelo clube.


Principal motivo para aceitar a proposta do Botafogo


- Foi o apoio e pedido do torcedor. Até mesmo os xingamentos que fizeram parte da minha negativa, porque minha mãe estava com câncer terminal. Eu estava angustiado para resolver essa história, de poder vestir a camisa do Botafogo e entrar para a história de um clube com a camisa tão pesada. Conversando com o meu empresário desde aquela época, ficou um disse me disse que desta vez, estando livre no mercado, mesmo tendo propostas de outras equipes, tinha que vir para o Botafogo e ajudar a fazer parte dessa reconstrução e retomada à Série A.



- Eu tinha que dar uma resposta ao torcedor que sempre me apoiou e sempre me quis aqui. Está na hora de retribuir todo esse carinho que tenho recebido nas redes sociais. Desde 2018 recebo esse carinho de todo mundo. Estou muito feliz com isso, e esse foi o fator preponderante para a minha vinda para cá.


O que fazer para vencer na Série B


- O principal é ter uma espinha do time. Goleiro, defesa, meio e ataque com uma mescla de experiência e juventude. A Série B tem uma intensidade e competitividade diferentes, é muito acirrado. Claro que isso não pode faltar de maneira alguma. Tenho certeza que nosso grupo está muito bem preparado quanto a isso.


- Nossa comissão técnica sempre nos exige estar 100, 110% para fazer isso: transição rápida, retenção de bola quando necessário e um time, acima de tudo, competitivo. Só vai poder subir o time que for competitivo do início ao fim. Nessas duas primeiras partidas que eu acompanhei, achei que o Botafogo se portou dessa maneira. Ainda temos muito para crescer ao longo do campeonato.


Como ajudar o Botafogo a criar mais


- Não seria elegante da minha parte falar qualquer tipo de necessidade que o grupo tem. Mas o torcedor realmente está carente de um camisa 10, até pelas últimas apresentações. Mas, nos últimos jogos, o grupo está superando isso de uma outra maneira. Os laterais e volantes têm muita qualidade. Os dois extremos... Acho que podemos criar de uma outra maneira. Chegaram alguns jogadores novos do Estadual para o Campeonato Brasileiro, então ainda está um time em formação. Tenho certeza que na hora que estiver encaixado, todo mundo no lugar certo, acho que vão se criar mais chances.


- O centroavante não pode ficar somente dependente do último passe. Se está difícil, se estão criando poucas chances, ele tem que aprimorar no treinamento para quando tiver apenas uma chance, que ela se traduza em gols. Não podemos transferir responsabilidades ou fazer qualquer tipo de cobrança porque também, quando a bola chegar, ele tem que fazer da melhor maneira.



- Mas isso é a parte coletiva e tenho certeza que a comissão técnica está super bem preparada e vai montar o melhor esquema para que o Botafogo seja um time competitivo e a gente consiga nosso objetivo ao longo da temporada.


Primeiros dias e expectativa com o grupo



- O grupo é maravilhoso, me recebeu super bem. Vejo brilho nos olhos da maioria. É um grupo que quer e precisa vencer no futebol. É um grupo muito jovem, e isso é muito bacana. Temos jogadores experientes e várias outras lideranças que se a gente somar forças e manter um grande ambiente e saudável vai ser bom para todo mundo. Acho que esse é o segredo. Por onde passei tenho liderança e cobrança. Exijo muito de mim e também do grupo. Não gosto de perder.


- Vocês poderão me ver exaltado e cobrando o grupo, mas sempre de uma maneira muito bacana, puxando e subindo o sarrafo, querendo algo a mais no dia a dia. Fora isso, sou um cara agregador na minha família, de grupo. Converso e brinco com todos os funcionários e jogadores. Tenho certeza que, igual eles me receberam super bem, nosso convívio vai ser maravilhoso. Acima de tudo, os resultados também interferem muito no nosso ambiente. A gente espera grandes resultados.


Número na camisa


- Aqui no Botafogo tem muita história em certos números e é uma responsabilidade grande poder escolher. Tem a 7, 13, 9, 10, até a 1 (risos). Tem muita história e muita representatividade em cada número. Não tenho preferência e deixei a cargo do Freeland e da diretoria. Na minha estreia vocês vão ter a surpresa de ver qual número vou usar.


Como pode suprir a expectativa da torcida


- Agradeço muito o carinho do torcedor. Conquistei isso ao longo da minha carreira. Até torcedores rivais estão felizes com a minha chegada. O torcedor botafoguense, então, nem se fala. Só tem o senão de que alguns torcedores ainda me cobram sobre as falsas negativas, mas, expliquei e todo mundo entendeu. A expectativa é muito grande.



- O que eu posso prometer para retribuir todo esse carinho, é com muita dedicação, garra e entrega nos jogos e com gols. Até para que a gente consiga continuar com esse belo casamento e alegria minha e do torcedor e que essa simbiose, essa energia permaneça ao longo da temporada porque estou me sentindo muito querido e isso dá uma confiança muito grande para o jogador.


Fonte: Por Redação do ge — Rio de Janeiro

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