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segunda-feira, 4 de abril de 2022

Sampaio, do Botafogo, emociona ao lembrar de passado difícil: "Diziam que eu estava próximo do mal"


Primeiro reforço da Era Textor a estrear pelo clube, zagueiro afirma que perspectiva de futuro do clube pesou na escolha pela volta ao Brasil



Aos 27 anos, Philipe Sampaio contraria a estatística da maioria dos meninos que cresceram em lugares como Cohab Raposo Tavares, em São Paulo. Hoje, o zagueiro tem anos de Europa na bagagem e chegou com pompa ao Botafogo, como primeiro reforço da era John Textor. Glamour que o jogador não deixa apagar as origens.


- O projeto social me tirou da rua. Muita gente dizia que eu estava mais próximo do mal do que do bem, mas foi dali que saí para fazer testes no São Paulo. Hoje, tenho condição de ajudar para mostrar que outros garotos também podem. Mesmo que não seja atleta, mas para ser um grande ser humano - disse em papo com o ge.


- Quando entrei no Maracanã, comecei a lembrar dos meus pais, que saíam para trabalhar e me deixavam sozinho para ir treinar. Agora, estou em um dos maiores palcos do Brasil. Isso motiva muito. Quero que esses meninos tenham a mesma oportunidade - completou.




Philipe Sampaio, Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo



Além da carreira no futebol, que mudou a realidade da família, Philipe tem no projeto social um orgulho pessoal. O jogador iniciou no esporte na mesma iniciativa e, quando a ida à Europa começou a dar frutos, fez contato com o antigo professor para revitalizar o programa e dar suporte à garotada da vizinhança. Hoje, a ajuda chega a 70 crianças.


Essa parte da vida do jogador do Botafogo não tem a ver só com o pessoal. O fora de campo influencia na postura no campo e no dia a dia de trabalho do clube. O zagueiro não esconde: gosta de tomar iniciativa e quer ser um líder na nova equipe. Sampaio falou sobre esse e outros assuntos no bate-papo com o ge.




Sampaio leva na pele homenagem a projeto social — Foto: Thayuan Leiras/ge



ge: Na chegada, você destacou o papel de liderança que deseja ter e disse que espera aprender com Carli. Como foram os primeiros contatos com o capitão?

Sampaio: Ele me recebeu muito bem, me apresentou a uma pessoa para me mostrar o Rio de Janeiro, achar um lugar para morar. Falei que já assistia aos jogos do Botafogo e conhecia ele há muito tempo. Foi muito positivo.


Já fui estrangeiro fora do país, sei como é, e ele é uma grande fonte de aprendizado para mim. Gosto desse mesmo perfil, de ajudar, de falar, e ele é um grande exemplo. Estou sentando do lado dele no vestiário, então está sendo bem positivo.


A torcida elogiou as suas atuações e o seu estilo. Esperava essa conexão imediata?


O torcedor gosta de quem se entrega, de quem se dedica. Antes de vir, já recebi milhares de mensagens. Depois, mais ainda. Eles podem sempre esperar de mim muito entrega, muita vontade. Às vezes, as coisas não acontecem como a gente quer, mas vamos sempre trabalhar. Vou na rua e tenho o trabalho reconhecido, isso é muito legal.


Mesmo assim, ainda é cedo. Tenho o pé no chão e sei que preciso fazer um trabalho consistente. Na Europa, muitas vezes você não tem esse calor humano, então deixa a gente feliz e chega a surpreender. Agradeço de coração.


Está gostando das primeiras semanas de volta ao Brasil?

Tem acontecido tudo muito rápido. A saída da França, a chegada, acolhimento das pessoas do Botafogo. Quem está fora sente falta disso, do brasileiro. A torcida e os funcionários me tratam de um jeito que parece que estou aqui há anos. Em campo, foram dois clássicos, muito importantes para a minha adaptação. Tem sido bom.


Você foi o primeiro reforço da SAF do Botafogo a estrear. Sentiu esse peso?

É o Botafogo, é a instituição sempre, que é muito grande. Vim para jogar. Falaram da possibilidade e eu topei na hora. Nem conhecia os nomes de alguns companheiros, mas vim para jogar. Além de estar em uma semifinal, um clássico, jogo importante. Aconteceu de só conseguirem a minha inscrição a tempo e eu quis muito jogar.


Já trabalhei em outros clubes da Europa que tinham esse modelo. E vinha acompanhando o noticiário, assisto muito. Já sabia do projeto e até me surpreendi com o convite. Sabia que seria um planejamento correto, com essa forma europeia de administrar, profissional, e foi muito fácil aceitar.





Zagueiro recebeu o ge no Nilton Santos — Foto: Thayuan Leiras/ge



Você tinha proposta para continuar na Europa, não é?

O clube na França me comunicou que queria me transferir para outro clube na Europa, mas avisei que gostaria de voltar para o Brasil. Por tudo, pelo meu país, pelo clube, pelo projeto. Trabalhei para isso e estava esperando uma oportunidade.


Ansioso para o primeiro Brasileirão da carreira?


Saí muito jovem, e qualquer brasileiro sonha em jogar o nosso campeonato. Fui embora muito jovem. Agora, estou mais maduro, as experiências me deixam mais tranquilo. Estamos nos preparando para fazer não só uma estreia boa, mas todo um campeonato. Não é como começa, e sim como termina. Precisamos terminar o ano bem, esse é o objetivo do clube.


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O novo Botafogo é ambicioso, mas o projeto está só começando. Como administrar a expectativa da torcida?

A torcida sabe do momento, viveu momentos difíceis e está pronta para ver esse novo Botafogo. Eles são a parte principal desse projeto, que é de médio a longo prazo. Não dá para mudar tudo de uma hora para outra, e eles já sabem disso. A torcida vai nos ajudar. Estão eufóricos, felizes. Do nosso lado, acho que as semifinais mostraram algumas limitações, mas também toda a vontade que vamos ter. Vamos dar tudo para trazer alegrias para eles.


Qual foi a primeira impressão sobre o Luís Castro?


A gente conversa entre os jogadores, estão todos felizes e surpresos. Intensidade, forma de trabalhar, entrega... Dentro do nosso país tem pessoas de alta qualidade também, mas eles vieram com um plano para nos ajudar. O Luís Castro vai ser muito importante para desenvolver o clube, é um recomeço.


O que ficou de positivo do Campeonato Carioca?

Sempre temos que tirar lições, coisas positivas. A final ainda não era nossa... Ficamos tristes pela forma como aconteceu, mas satisfeitos com a nossa atuação, com a postura dos jogadores. Chegamos perto com uma equipe jovem, em transição após uma Série B. É uma base que trabalhou em cima da dificuldade e merece o reconhecimento.


Foi difícil de digerir (a eliminação), porque o resultado estava praticamente garantido. Já passou, vamos pensar em frente. Esse momento nos deixa mais maduros para os próximos desafios.


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Fonte: GE/Por Bernardo Serrado e Thayuan Leiras — Rio de Janeiro

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