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quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Análise: Botafogo vence na metonímia do que é o ano alvinegro



Escalação inesperada e substituição questionada deram resultado, bem como gols de atletas contestados em algum momento da temporada



Metonímia é aquela figura de linguagem que aprendemos nas aulas de português e serve para quando queremos tomar parte de algo para representar o todo. E a vitória do Botafogo por 2 a 1 em cima do Bragantino na noite da última quarta-feira pode ser exatamente isso: um jogo que é exemplo para uma temporada inteira.


Desde o início de 2022 já se falava da importância da torcida alvinegra ter calma e paciência para confiar no processo e que não seria num passe de mágica que tudo se resolveria. No podcast "GE Botafogo", falou-se sobre ser repetitivo quando se trata da necessidade do torcedor aguardar por momentos melhores. Parte da torcida conseguiu compreender isso, mas claro que há aqueles que precisam do resultado a todo custo, haja o que houver.


Acontece que na última quarta a paciência se mostrou vencedora. A escalação inicial pegou muita gente de surpresa. Torcedores se dividiram entre gostar da ousadia de quatro atacantes e questionar apenas dois homens de marcação no meio de campo. Luís Castro sabia da importância que eles teriam para a equipe - e que provavelmente ficariam sobrecarregados - mas resolveu arriscar mesmo com apenas um treino entre o jogo com o Fluminense e o duelo com o Bragantino.


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A aposta deu resultado. Em um dos melhores primeiros tempos do Botafogo nesta temporada, o time dominou facilmente. Quem assiste aos melhores momentos percebe que só um chute adversário, longe do gol por sinal, aparece na etapa inicial. O Bota foi elétrico, enérgico e vibrante principalmente nos primeiros 30 minutos. Teve defesaça do goleiro, bola salva pelo zagueiro quando Cleiton estava batido e chute na trave antes de sair o primeiro gol.


E ele saiu com Gabriel Pires. Questionado pelo torcedor por não estar em grande fase, ele fez a alegria dos cerca de 12 mil torcedores e também da família presente no Nilton Santos. Família, aliás, é como Luís Castro e os jogadores sempre se referem ao grupo. Dentro de campo, o time não parava. Ao todo foram 10 finalizações contra duas. O Botafogo merecia ir para o intervalo com mais do que o 1 a 0.


Do outro lado, Maurício Barbieri enxergou o que o time precisava e lançou Hyoran para aproveitar os espaços existentes pelo meio. Por jogar com quatro atacantes, sendo Tiquinho e Júnior Santos por dentro e Jeffinho e Victor Sá abertos, o Botafogo criava um buraco na região central que era justamente o risco de sobrecarregar Tchê Tchê e Gabriel Pires que Luís Castro estava ciente. Com essa mudança na volta do intervalo, o Bragantino melhorou e o Botafogo teve dificuldades.


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O gol paulista saiu após troca de passes e um lançamento que havia se repetido cinco minutos antes. A bola chega da defesa até a intermediária pela direita, há o passe nas costas de Adryelson e o Bragantino chega para finalizar. Na primeira vez, faltou muito pouco para Popó abrir o placar. Na segunda, Luan Cândido aproveitou o desvio do zagueiro alvinegro - que faz excelente campeonato mas não esteve no mesmo nível das outras apresentações - e mandou para o gol sem chance para Gatito.


Poucos minutos depois do empate, Luís Castro resolveu mexer no time. Percebendo que o meio de campo estava desequilibrado, o português chamou Patrick de Paula. Aí vem o segundo ponto da necessidade de paciência da torcida. O camisa 8 teve altos e baixos na temporada e nos primeiros toques na bola foi possível perceber ligeiras vaias, mas nada que o abalasse.


Ele entrou bem, mostrou os passes verticais que os torcedores se acostumaram a ver quando ele teve sua melhor fase no Palmeiras. Foi num deles que encontrou Júnior Santos ao levar o jogo da esquerda para a direita. O atacante cruzou rasteiro, a bola desviou e sobrou para Tchê Tchê dentro da área botar o time novamente na frente.


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Gabriel Pires, Tchê Tchê e Marçal comemoram gol do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo


E aqui é importante falar sobre o volante Tchê Tchê também. Vestindo a histórica camisa 6, ele começou muito questionado, passou pelo banco de reservas, mas depois que assumiu a titularidade, na 17ª rodada, só não jogou contra o Fluminense porque estava suspenso. Mais um exemplo da paciência necessária para esse Botafogo progredir em 2022.


Dali em diante o time conseguiu manter o jogo de forma tranquila e garantiu a vitória em casa, a primeira depois de dois jogos e a quinta em todo o campeonato. O resultado coloca o Botafogo de vez na briga por uma vaga na Libertadores, já que dorme em oitavo e tem a vaga na Sul-Americana praticamente garantida.



No fim das contas, a vitória serviu para mostrar que um jogo, muitas vezes, pode resumir toda uma temporada. A paciência para se conseguir os resultados esperados no início do ano - como manutenção na primeira divisão e vaga numa competição internacional - e também a calma para que os jogadores comecem a render o que podem tem sido a chave desse Botafogo na reta final do Campeonato Brasileiro. Os três pontos contra o Bragantino mostraram um time que entende o que é pedido dele e que evolui. A partida que pode ser tomada pelo todo.


🎧 Ouça o podcast ge Botafogo 🎧



Fonte: GE/Por Davi Barros — Rio de Janeiro

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