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terça-feira, 27 de agosto de 2024

Picanha e retiro em praia: como é a vida de Artur Jorge, técnico do Botafogo, no Rio



ge mostra como o treinador aproveita o pouco tempo livre em meio aos compromissos com o Alvinegro







Voz do setorista: conheça um restaurante frequentado por Artur Jorge, técnico do Botafogo (https://ge.globo.com/video/voz-do-setorista-conheca-um-restaurante-frequentado-por-artur-jorge-tecnico-do-botafogo-12845704.ghtml)



Artur Jorge vive grande fase no Botafogo, que está na briga pelo título do Campeonato Brasileiro e avançou para as quartas de final da Conmebol Libertadores. São quatro meses e meio em solo brasileiro, na primeira experiência como técnico longe de Braga, sua terra natal em Portugal.


Aos 52 anos, ele vive o maior desafio da carreira no Brasil. Experimenta um calendário apertado, e a correria diária permite alguns poucos momentos de “escape”. É nessa hora que o comandante alvinegro curte o Rio de Janeiro.


Um dos refúgios do treinador é em Ipanema, onde um boteco com dono botafoguense e uma vista privilegiada para a praia o conquistou. Para comer, o de sempre: picanha Osvaldo Aranha, acompanhada de arroz, feijão, batata portuguesa e vinagrete. O prato, para duas pessoas, custa R$ 249. Ele também curte momentos de folga.





Prato preferido do treinador no Rio de Janeiro — Foto: Jéssica Maldonado / ge



- É uma figura muito simpática. Na primeira vez, ele me mandou mensagem assim que chegou ao Rio, mas veio várias vezes desde então. Sempre que quer ir, ele me dá um toque e a gente reserva a mesa com muita satisfação porque está fazendo um grande trabalho no Botafogo – disse o alvinegro Antônio Rodrigues, dono do Boteco Belmonte.


O ge esteve no local e conversou com os funcionários. O espaço de três andares e em frente à praia tem uma parede em homenagem ao Alvinegro, com uma camisa de 2020 autografada e um quadro repleto de ídolos.


- Ele esteve aqui logo depois da vitória no jogo de ida sobre o Palmeiras. Até teve uma situação curiosa. Ele estava sentado e minutos depois chegou o Igor Jesus (atacante do time) com a família e se sentou em uma mesa perto. Artur olhou para ele e brincou dizendo que estava de olho no que ele estava comendo e bebendo – contou Jonny, responsável pela operação do espaço.




Espaço botafoguense dentro do boteco que Artur Jorge gosta de ir — Foto: Jéssica Maldonado / ge


Entre os petiscos mais desejados pelo treinador estão as empadinhas tradicionais do local – principalmente a de camarão com catupiry. O prato principal é a picanha “Osvaldo Aranha”, ao ponto. Para beber, embora não seja tão fã de álcool, ele pede o “choppe para malandro” que, segundo o dono do local, é com pouco colarinho.


- Artur é maluco por picanha. Quando éramos pequenos, não existia picanha em Portugal. Começou a ser importada daqui porque nem se ouvia falar – revelou a esposa, Maria Marques, em entrevista ao ge.




Visto do Boteco Belmonte, admirada por Artur Jorge — Foto: Jéssica Maldonado / g


- Ele é um excelente treinador e, para mim, deveria ser o técnico da Seleção Brasileira. É elegante, fino, educado, e sabe o que está fazendo no seu trabalho. Me surpreendeu muito. Dá para ver que o Botafogo está entregando tem o dedo do comandante – elogiou Antonio.


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Da zona de conforto à correria em terras desconhecidas


Artur deixou o Braga no início de abril e se dizia estar em uma zona de conforto. Entre as conversas iniciais da negociação para comandar o Botafogo até chegar ao Brasil, se passou menos de uma semana. Ou seja, ele teve pouco tempo para assimilar as informações sobre o que mudaria na sua vida.


Logo que chegou, ficou hospedado com a esposa em um hotel por um mês, até que encontrasse o apartamento na Barra da Tijuca, bairro em que mora atualmente. E, assim como a vinda para o Rio, o dia a dia não dá trégua para o treinador, mesmo que ele tente amenizar a rotina desgastante para elenco também - independente do resultado, ele concede folga no dia seguinte aos jogos para os atletas.




Artur Jorge sobre futuro no Brasil: "Cumprir o contrato e prolongá-lo" (https://ge.globo.com/video/artur-jorge-sobre-futuro-no-brasil-cumprir-o-contrato-e-prolonga-lo-12772670.ghtml)



Disciplinado com horários e compromissos, a saída de casa é sempre cedo, por volta de 7h20, já que os treinos ocorrem na maioria das vezes pela manhã. O horário da volta para casa não é previamente definido. Almoçar no CT ou não depende do plano proposto pela comissão técnica para a semana de acordo com os jogos.


De volta para casa, ele se divide entre assistir jogos na TV, que também incluem estudos de adversários e do próprio Botafogo, sair para almoçar ou ir à praia.





Artur Jorge e a esposa Maria Marques em São Conrado — Foto: Arquivo pessoal


Por falar em praia, São Conrado, na Zona Sul, e Prainha, na Zona Oeste, são as preferidas do treinador. A segunda, com pouca ou quase nada de sinal de telefonia o coloca em uma espécie de retiro para recarregar as energias. Maior parte dos lugares são sugeridos pelo motorista do treinador, que é quem o leva aos destinos desejados, além do "vai e vem" para o CT.



Pedalar está entre os objetivos


Atividade física não está nos planos desde que chegou ao Rio embora tenha deixado alguns quilos pelo caminho, se comparado à quando estava em Portugal. Mas existe um objetivo à curto prazo, também para explorar melhor as belezas da Cidade Maravilhosa. Ele quer voltar a andar de bicicleta, hobby que desenvolveu em Braga. Em Portugal, ele chegou a percorrer 250 quilômetros em três dias, atravessando diferentes cidades ao lado da esposa.




Artur Jorge, técnico do Botafogo, pedalou 250 km em Portugal em três dias (https://ge.globo.com/video/artur-jorge-tecnico-do-botafogo-pedalou-250-km-em-portugal-em-tres-dias-12855644.ghtml)


- A bicicleta ajudou muito no dia a dia, como oportunidade de escape. Essa solidão que eu sinto na bicicleta me ajuda a encontrar a sanidade. O futebol é um mundo de grande agitação, altos e baixos que nos levam a fadiga mental. E sinto que na bicicleta, entre montanhas, praias e lugares isolados, é um momento de reencontro, e isso é importante para mim. Sinto que é um momento de reencontro, recuperar emocionalmente, desgastar fisicamente e regenera. É o que eu preciso para liderar um grupo e um clube do tamanho do Botafogo – disse o treinador, em entrevista exclusiva ao ge no fim de julho.


As vias ainda desconhecidas da cidade e medo da violência impediram o treinador de retomar, mas conforme o tempo vai passando, ele se adapta e ganha coragem para ter mais essa atividade como escape no meio da rotina.





Em Portugal, Artur tinha ciclismo como "refúgio" — Foto: Arquivo pessoal



Parte dolorida do sucesso: pai e avô à distância


Mesmo com o time embalado em uma campanha melhor do que a expectativa para o treinador, nem tudo são flores. Tem dias que a alegria dá lugar à saudade que carrega de quem está a um oceano de distância.


Artur tem três filhos e três netos e vivia rodeado dos familiares. Mas, de quatro meses para cá, tudo mudou.



Artur Jorge se emociona ao receber mensagem do neto de três anos (https://ge.globo.com/video/artur-jorge-se-emociona-ao-receber-mensagem-do-neto-de-tres-anos-12597588.ghtml)


- Nós somos uma família muito unida, todos com ligação ao futebol. Meu filho é jogador profissional, meu genro também. Todos jogavam no mais alto nível em Portugal. Estávamos todos muito próximos. Hoje as coisas não são bem assim, todos nos afastamos muito, que é a lei da vida. É, seguramente, a parte mais difícil para mim. Estou aqui só com a minha esposa desde o primeiro dia. Ela pegou esse projeto como se fosse dela, largou os seus, para embarcar nessa aventura – contou o treinador.


No fim da temporada europeia, em junho, ele recebeu os filhos e netos no Rio e dedicou tempo para apresentar-lhes a cidade. Foi ao Cristo Redentor, ao Pão de Açúcar e a algumas praias.





Artur Jorge turista no Rio de Janeiro com a família — Foto: Reprodução


Também aproveitou para aproximá-los do Botafogo comprando camisas na loja e os levando ao treino aberto no Nilton Santos.


- Fizemos muitos passeios pelo Rio, que foi o destino de férias deles esse ano. As tops cinco atrações da cidade nós fizemos juntos. Memórias maravilhosas, que ficaram em cada um de nós - completou Artur.


- Minha família levou muitas camisas para Portugal. E fomos à loja comprar. Imaginem os torcedores na loja e, do nada, chega o técnico. Ele foi junto comprar e foi engraçado. Eu não tinha noção que em um dia normal as pessoas estavam comprando camisas. Aqui, podem deixar de comer, mas compram as camisas. Incrível. Fazia fila, umas 19h. Os torcedores entravam e já não iam mais para as camisas, mas faziam fila para tirar foto com o Artur – contou Maria, sobre a experiência com a família na Botafogo Store.



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Vaidade também é prioridade

É difícil ver Artur Jorge 100% uniformizado nos jogos – no máximo, uma camisa polo com escudo do Botafogo. E a escolha do traje segue o que o treinador já fazia na Europa, e que é praticamente a “moda” dos treinadores do Velho Continente.


Estar mais bem vestido no banco de reservas é um desejo dele, que é assumidamente vaidoso, mas também passa pelas dicas da esposa, que chegou a ter os planos frustrados logo no primeiro jogo.




Artur Jorge em LDU x Botafogo — Foto: Vítor Silva/Botafogo


A ideia era que ele seguisse usando roupa toda preta, mas precisou mudar em função do uniforme do Botafogo, que usou o todo preto contra a LDU, em Quito, na estreia do treinador.


- Primeiro jogo que ele fez fora, ele teve que comprar uma camisa lá porque tinha levado a roupa toda preta. Quando olhei na televisão, pensei: 'o que é isso?' - contou Maria, brincando, sobre a camisa adquirida pelo marido às pressão no Equador.





Artur Jorge em viagem pelo Braga — Foto: Reprodução



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Fonte: Por Jéssica Maldonado — Rio de Janeiro

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