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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Assumpção brinca sobre Libertadores: 'Se ficarem fora, mato um por um'


Em entrevista ao blog do jornalista Rica Perrone, presidente do Bota fala também sobre relação com a torcida, permanência de Seedorf em 2014 e uso do Engenhão



A derrota para o Goiás no último fim de semana deixou a disputa pela vaga para a Libertadores mais apertada, mas o presidente Maurício Assumpção continua inabalável em sua confiança de que o time estará na competição continental em 2014. O planejamento para a próxima temporada já começou, mas o dirigente sabe que nada pode ser fechado antes desta pendência ser resolvida.

Maurício revelou uma promessa dos jogadores, de não deixarem a classificação escapar, mas mostrou que a ansiedade pela vaga não abalou seu bom humor. E garantiu: um eventual fracasso não será perdoado facilmente.

- Não vamos ficar fora da Libertadores. De jeito nenhum. Os jogadores me prometeram que vão entrar na Libertadores. Se eles ficarem fora, estão mortos. Mato um por um - disse, seguido de uma gargalhada, em entrevista ao blog do jornalista Rica Perrone.

Maurício Assumpção não duvida da classificação do Botafogo à Libertadores (Foto: Fábio Castro / Agif)
A torcida merece um capítulo à parte para o presidente alvinegro. A pressão existe, sobretudo diante de decepções recentes no que diz respeito à perseguição por uma vaga na Libertadores. Recentemente, um cartaz no Maracanã deixou clara a opinião das arquibancadas: é obrigação. Maurício vê com bons olhos o alto grau de exigência, mas não considera ideal a relação dela com os jogadores. A baixa frequência incomoda, principalmente com o que avalia como um bom desempenho do time nos últimos anos.

Se eu tivesse que ter um sonho como presidente, seria ter essa união entre torcida e jogadores
de uma forma plena."
Maurício Assumpção

- Faremos uma reunião com uma agência de publicidade para fazer um estudo sobre o comportamento do nosso torcedor, para entendermos um pouco mais. Estamos chegando bem em todas as competições. Os jogadores não conseguem entender, porque vêm de outros clubes e não conhecem a cultura do Botafogo. Eles me perguntam: "O que mais precisamos fazer? (para que a torcida compareça)". Já fizemos diversas ações de marketing do time com a torcida. Aí vem uma derrota e parece que tudo aqui vai por água abaixo. A torcida tem um papel fundamental. E se eu tivesse que ter um sonho como presidente, seria ter essa união entre torcida e jogadores de uma forma plena.

O Engenhão é outra preocupação do presidente alvinegro. Fechado até o fim do próximo ano para resolver problemas de estrutura, o estádio gera prejuízo. Menor atualmente, já que o clube não paga mais a taxa de manutenção à Prefeitura, mas o fechamento emperrou alguns projetos e fez com que o Botafogo precisasse entrar em acordo com o consórcio do Maracanã para mandar seus jogos. Ainda assim, Maurício garante que não abrirá mão do estádio e espera por dias rentáveis mesmo com a reabertura do Maracanã.

- O Engenhão é um bom negócio mesmo com o Maracanã aberto. Não há a menor chance de o Botafogo abrir mão. Dependendo do que o Maracanã vai fazer, com a obrigação de mínimo de número de jogos, eles vão perder muitos eventos paralelos ao futebol. Estamos fazendo ajustes, através dos quais o Botafogo será ressarcido de todo o prejuízo causado pela interdição do estádio. Isso acontecerá aos poucos e de forma que o Botafogo não será prejudicado. O Botafogo parou de pagar a manutenção, não é mais nossa responsabilidade.

A postura de Maurício foi muito criticada por alvinegros na época da interdição do Engenhão. Torcedores cobraram uma atitude mais combativa. O presidente, no entanto, apela para a estratégia para justificar seus atos.

Presidente fala do relacionamento
 com o prefeito Eduardo Paes
(Foto: Edgard Maciel de Sá)
- Dizem que eu não brigo com o prefeito porque vou ser candidato a deputado. Isso não vai acontecer. Eu me filiei a um partido porque o Governador, o vice e o Prefeito são desse partido. Achei que não houvesse nada demais. Falam que uso o Botafogo como trampolim. Mas o tempo vai dizer quais foram as providências que tomamos. Dentro em breve vocês vão ficar sabendo de uma novidade que é muito por conta dessa negociação que o Botafogo está fazendo (pelo fechamento do Engenhão).


No Maracanã, o Botafogo joga suas últimas fichas neste Brasileiro em busca da vaga na Libertadores. Muito do planejamento para o ano que vem depende da classificação na competição continental, incluindo o papel de Seedorf. O contrato do holandês é até junho de 2014, e o presidente espera que ele seja cumprido até o final.

As notícias sobre problemas de relacionamento no vestiário protagonizadas pelo jeito meio durão do meia foram rechaçadas pelo presidente alvinegro, que deu uma nova perspectiva sobre o papel do experiente jogador para o ambiente interno do departamento de futebol.

Seedorf fica até julho de 2014. Pelo Botafogo ele não sai. A não ser que ele tenha algum outro projeto.
De idiota e burro ele não tem nada. Ele vai avaliar o ano dele, as possibilidades para o próximo
ano, e avaliar o que vai fazer.
Maurício Assumpção

- Seedorf fica até julho de 2014. Pelo Botafogo ele não sai. A não ser que ele tenha algum outro projeto. De idiota e burro ele não tem nada. Ele vai avaliar o ano dele, as possibilidades para o próximo ano, e avaliar o que vai fazer. Se o Seedorf tem problema de relacionamento com o elenco, queria trazer mais cinco Seedorfs. Ele chacoalhou lideranças no Botafogo que não sabiam o seu papel de líderes da equipe. Para se chegar a esse processo é normal que aconteçam chacoalhadas. E que bom que aconteceu isso.

O holandês foi um reforço que teve impacto imediato, e o presidente admite que precisaria encontrar outro profissional com perfil parecido caso perdesse o jogador. Contratar, no entanto, nunca é fácil, principalmente pelo orçamento limitado. E o dirigente revela nomes de alguns jogadores que o Alvinegro perdeu para concorrentes por falta de dinheiro.

- O Thiago Ribeiro estava certo para vir, o Dagoberto também. Não vieram por causa da grana. O Ronaldinho era um sonho para o time de 2010. Se estivesse conosco, tenho certeza de que ele teria ido para a Copa. Falei isso para o Assis (irmão e empresário de R10).

Maurício Assumpção se aproxima do seu último ano de mandato. Pelo estatuto do clube, não pode se candidatar a nova reeleição e garante que não pretende disputar outra vez o cargo no futuro. Como pontos positivos, comemora a reestruturação das finanças do clube e das categorias de base. O saneamento econômico é comemorado como uma conquista, algo como o título carioca de 2010, considerado por ele o momento mais feliz de sua passagem pela presidência. A cavadinha de Loco Abreu na disputa de pênaltis quase rendeu um ataque cardíaco, mas a contratação do uruguaio é outro ponto considerado um sucesso.

- Ganhamos com a cavadinha do Loco Abreu, pude comemorar com meu filho e com meu pai. Foi bacana. Lembro de chegar para o André (Silva, ex-vice de futebol) e falar: "Esse fdp está maluco?". O André me respondeu: "Não sei, mas a bola entrou". E ele repetiu isso na Copa. Não é loucura... é sangue frio. A gente não contratou como ídolo - ele se fez ídolo. Quando soube que ele só jogava com a 13, chamamos o Zagallo. E foi uma loucura com torcida querendo invadir a apresentação. Tomamos um impacto com o que aconteceu. E pensamos: "Esse cara dá liga". Um dos produtos que mais vende na nossa loja é a camisa celeste alvinegra".

Depois de sofrer com o quase rebaixamento em 2009, Maurício se orgulha dos avanços que enxerga em General Severiano. E espera que a evolução possa seguir nos próximos anos.

- Muita coisa foi feita por essa direção que tem que continuar. Em três ou quatro anos o Botafogo deve estar em uma outra realidade financeira, em outro patamar.

Por GLOBOESPORTE.COMRio de Janeiro

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