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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

De encostado a ovacionado, Airton contesta fama de mau: "Sei jogar"


Sem chance na Série B, volante vira titular, se diz arrependido por lances violentos, é festejado pela torcida e ri sobre pedidos para “quebrar Arão”: “Levo na brincadeira”




Criticado, encostado e esquecido. A temporada de 2015 não foi fácil para Airton. Reserva com René Simões, o volante pouco jogou e chegou, inclusive, a ser afastado para treinar em horários distintos com outros jogadores que não estavam sendo aproveitados. Com Ricardo Gomes, não foi diferente, e ele sequer entrou em campo. Com contrato até dezembro, o adeus parecia certo. A renovação até o fim do Campeonato Carioca pegou o próprio Airton de surpresa.

- Queria ficar, mas achei que não ficaria. Não joguei com o Ricardo no ano passado, não tinha muita esperança de ficar. Mas graças a Deus, o Ricardo Gomes e a comissão técnica acreditaram em mim. O Cacá (Azeredo, vice de futebol) foi outra pessoa importante, que me ajudou muito e acreditou em mim - comemorou Airton. 

Airton prova seu passado alvinegro: "Pegavam no meu pé. Achavam que eu era flamenguista" (Fotos: Arquivo pessoal)

Mas nada como um ano após o outro. Ainda é cedo para dizer se Airton – há dois anos no Botafogo -, enfim cairá nas graças dos alvinegros. Mas o início é animador. Com duas boas atuações no Campeonato Carioca, o volante teve, mais de uma vez, seu nome gritado na vitória sobre a Portuguesa, na última terça, em São Januário. Após tantas críticas, o carinho surpreendeu.

- Fiquei muito feliz e surpreso. O importante mesmo foi a vitória, mas os gritos me pegaram de surpresa. Não esperava. Espero corresponder a confiança do torcedor.

O bom início de temporada de Airton surpreendeu muita gente, mas não Ricardo Gomes. O treinador elogiou a qualidade técnica, mas citou o temperamento do volante como um problema a corrigir. Com histórico de lances violentos, contra jogadores como Alexandre Pato e Nilmar, por exemplo, Airton não se orgulha do passado, mas garante a fama não faz jus a seu futebol.

- O Ricardo conversou comigo. Falou que eu não precisava fazer o que eu fazia, que eu sabia jogar. Ele vem me instruindo, até em relação a posicionamento. Foram lances que aconteceram e não me orgulho. Eu me arrependi. Foram momentos que perdi a cabeça. E peguei essa fama. No Botafogo, foram três expulsões (Flamengo, São Paulo e Coritiba). Mas peguei a fama e parece que foram 20. Espero acabar com essa imagem. Eu sei jogar.

A fama de violento, inclusive, levou o volante a ouvir pedidos inusitados. A brincadeira começou nos treinos da pré-temporada e ganhou uma maior repercussão nos primeiros jogos do Campeonato Carioca. Chateada com Willian Arão, ex-companheiro de Airton que, em litígio judicial, trocou o Botafogo pelo Flamengo, a torcida alvinegra vem cantando uma nova música nos estádios: “Airton, preste atenção, tem quebrar a perna do Arão”.

Com grande atuação, Airton foi ovacionado contra a Portugusa (Foto: Vitor Silva / SSPress / Botafogo)


- Eu levo na brincadeira. O Arão é um jogador que há pouco tempo estava aqui no Botafogo. Hoje ele está no Flamengo, e por isso os torcedores ficaram chateados. Não éramos amigos, mas conversávamos. Tenho que levar na brincadeira.

O Flamengo, aliás, também fez parte da vida de Airton. Revelado e campeão brasileiro em 2009 pelo Rubro-Negro, o jogador garante que o rival é passado e afirma que sempre torceu pelo Botafogo.

- A torcida vivia pegando no meu pé, falando que eu era flamenguista. Mas sempre torci pelo Botafogo. Meus padrinhos são botafoguenses roxos. Desde criança eu usava a camisa do Botafogo e tive até um aniversário com tema do clube. É muito especial para mim jogar no meu clube de infância.


Por Marcelo Baltar/Rio de Janeiro/GE

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