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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Continuidade, folha 20% maior e Jair até 2020: os planos de Mufarrej no futebol


Candidato da situação prioriza manutenção do comando do esporte, defende busca por apostas e descarta loucuras por nomes de peso: "Temos limitação orçamentária e vivemos com pé no chão"







Na primeira parte das entrevistas com os candidatos à presidência do Botafogo, o assunto é futebol. Afinal, é o carro chefe do clube e o tema de maior interesse do torcedor. O GloboEsporte.com foi a General Severiano nesta semana e conversou com Nelson Mufarrej (vice Carlos Eduardo Pereira) e Marcelo Guimarães (vice Mauro Sodré). Um dos dois será eleito neste sábado como novo mandatário do Alvinegro pelos próximos três anos.


Fizemos perguntas sobre os planos para o futebol, mas também deixamos os candidatos à vontade para falar sobre o assunto durante bate-papos de aproximadamente uma hora de duração. Na manhã desta sexta-feira, vai ao ar a segunda parte (em vídeos) das entrevistas do GloboEsporte.com sobre as eleições no Botafogo, com Mufarrej e Guimarães abordando temas específicos sobre o clube.


Nelson Mufarrej...


... Descreve-se como tradicional do Botafogo. De família libanesa e alvinegra, é sócios desde 1964, filho de um ex-vice financeiro e na última década entrou na vida política do clube. Em seus planos, estão a continuidade do trabalho, pautado pela austeridade e pés no chão, e reforços pontuais. Nada de fazer loucuras por nomes de impacto, mesmo com folha salarial um pouco maior. Apostas atrás de contratações certeiras seguirão como norte. E a prioridade se chama Jair Ventura.



O número para votar em Mufarrej é o 21.



Nelson Mufarrej vem com Carlos Eduardo Pereira de vice (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)


+++ Gestor campeão, 9 e 10 de peso e... Loco de volta? Os planos de Guimarães no futebol


Confira a entrevista:

Reforços

Precisa de atacante, um de lado, um volante... Nós estamos discutindo um 9, um 10... O Guilherme acho que não vai ficar com a gente, vamos precisar de alguém para essa posição, para que o Pimpão também não fique sozinho. A gente vê que há um desgaste físico dele. Isso aí estamos buscando, mas só vamos ver efetivamente a partir do final do Campeonato Brasileiro. Ainda não dá para dizer um número.


Contratações de impacto?


Hoje não. Temos uma limitação orçamentária e vivemos com pé no chão.


Não vamos fazer nada que não esteja ao nosso alcance, senão amanhã vamos pagar um ônus muito grande. Já chega o que estamos pagando da gestão anterior. Às vezes o dirigente pode ficar empolgado. Quantas vezes pensamos em contratar o Messi, o Neymar ou quem possa suprir a posição que necessitamos. Mas só vamos contratar se houver recursos.


Há uma contenção muito grande dentro dos clubes, tem lugar aí em que a barca vai sair com muita gente. A situação está muito fechada, a não ser para os dois, um de São Paulo e outro do Rio de Janeiro (Corinthians e Flamengo) que tem uma facilidade maior de recebimento da televisão. Em 2019 é que isso vai se equilibrar um pouco mais.


No ano que vem, em relação à economia brasileira, vai ser muito difícil. Tomara que a gente tenha sorte de revelação da base. Apostamos nessa integração de base com o profissional com o novo CT.


Folha salarial

O orçamento está sendo fechado agora, mas acho que vai ser mais ou menos por aí (20% de aumento).


Vai aumentar, mas o grande problema é que precisamos ter criatividade na obtenção de receitas.


Situação de Roger


Não sei se ele vai ficar, estão dizendo que o Internacional vai contratá-lo. Nós gostaríamos de ficar com o Roger, que se identificou com a torcida, mas dentro das nossas condições. Se ele realmente achar que tem condições financeiras melhores e prefere sair, não podemos fazer nada.


Gilberto

Ele foi sondado, mas não nos deu nenhuma resposta. Também não é um jogador barato, o custo dele é muito alto. Vai ficar sem contrato agora com o São Paulo, vamos ver. Mas acho que é um jogador que visa muito mais ir para o exterior.


Montillo volta?


Nelson Mufarrej durante a apresentação de Montillo, em janeiro (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)


É um jogador que saiu pela porta da frente, tem um caráter muito bom. Quando sentiu que não dava para continuar, ele pediu a rescisão, coisa que é difícil ver em jogador. Não temos tido contato direto. Se vê muito pela imprensa, o empresário dele já falou que ele gostaria de vir para o Botafogo. Mas não tem nada de concreto, vai depender das condições.


Teríamos que fazer um contrato por produtividade, esse é o nosso pensamento.


Fernando Belluschi
Eu desconheço. Não sei se o presidente Carlos Eduardo tem algum conhecimento. No dia a dia nosso não ouvi comentários, só na imprensa. San Lorenzo, time do Papa, de repente vem com bênção grande (risos).


Contratações de estrangeiros


Não sou muito, não. Mas evidentemente temos que analisar por que contratamos. Porque os valores são menores do que jogadores aqui no Brasil. Os brasileiros hoje estão muito valorizados porque lá fora se paga muito bem. Em contrapartida, os sul-americanos a gente contrata com valor menor, mas toda contratação, de estrangeiro ou não, corre-se um risco de adaptação.


Gatito e Jefferson
Isso é um problema do técnico (risos), acho os dois ótimos goleiros. Jefferson é o maior do Brasil, então você vê que coisa bacana: vejo tanto o Jefferson quanto o Gatito um respeitando o outro. Não tem aquela animosidade, respeitam o que o técnico determina, futebol é assim. Depende do técnico, um pode preferir o Jefferson, outro o Gatito...


Precisa vender?

Igor Rabello vem sendo cobiçado por clubes da Europa (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)


Todo mundo precisa vender sempre. O Botafogo tem suas obrigações, mas é óbvio que vendendo vai ter condições de contratar melhor. Não temos nenhuma proposta efetiva, a do (Igor) Rabello não chegou para a gente (Udinese). Mas mesmo que chegasse, parece que seria de € 3 milhões, então não tem cabimento de ser vendido.


Dinheiro estamos precisando, mas o Botafogo não está em liquidação.


Temos o patrocínio da Caixa, que acreditamos que vai permanecer com a gente. Estamos em um estudo final de parceria com uma instituição financeira. O banco vai ter um fundo de investimento que vai se chamar "Botafogo", então as pessoas vão aplicar em um fundo normal, só que uma parte da taxa de administração vai ser reverter para o clube. É uma criação de receitas que deve entrar em vigor em janeiro. Parece que Fluminense e Grêmio também estariam nessa empreitada.



Departamento de futebol



Lopes irá para quarto ano no comando do futebol se Mufarrej vencer (Foto: Vitor Silva / SSpress / Botafogo)


Não haverá mudanças. Em primeiro luar, o Cacá (Azeredo) é o vice de futebol, gosto muito dele, acho que está fazendo um ótimo trabalho. O (Antônio) Lopes idem.


Planos para Jair Ventura
O contrato do Jair vai até o final de 2018. Caso eu seja eleito, gostaria de renovar até 2020, que é o término da minha gestão.


Porque entendo que não adianta muito ficar mudando de técnico. E o Jair demonstrou ser um ótimo técnico, montou uma estrutura dorsal no Botafogo que vem funcionando. É óbvio que ele precisa de algumas peças a mais, se Deus quiser vamos poder dar isso a ele em 2018 e diante.


Se há um assédio, ele também tem todo direito de pensar. Assim como também poderia ter um assédio de vários técnicos em cima de mim dizendo querer ser contratado pelo Botafogo. Se ele achar que é melhor seguir por um outro caminho, não podemos fazer nada.



Se ganhar, Mufarrej quer Jair durante seus três anos de mandato (Foto: Vitor Silva / SSpress / Botafogo)


Sou da opinião que ninguém é insubstituível. Gosto muito do Jair, Lopes, Cacá, mas se as pessoas não quiserem continuar na nossa administração, vamos procurar alguém que possa ocupar o lugar delas.


Política respinga no momento do futebol?

Não tem influência de eleição. Acho que o time está desgastado mesmo. Entramos na Pré-Libertadores, que foi muito difícil, fomos para a semifinal da Copa do Brasil e quartas de final da Libertadores... Sendo que o time jogando praticamente não teve a pré-temporada. Tudo isso faz com que jogadores fiquem cansados, o time jogou muito, talvez seja o que jogou. Há um desgaste muito grande.


Premiações atrasadas


Ainda não quitadas (foram quitadas). Nós explicamos aos jogadores, e eles entenderam, que é importante pagarmos os salários, recolher os encargos, depois vamos conseguir fazer com que pague os prêmios. Acredito que a gente vai conseguir tranquilamente até o final do ano.


Renovações travadas influenciam?


Não sei porque influenciaria, pois nós não conversamos ainda. A diretoria hoje está focada na Libertadores. Depois vamos sentar e verificar o que vamos fazer. Quem vai ficar ou não, se todos vão ficar, depende do orçamento também. Não adianta ficar com um jogador que vai custar tanto e não poder trazer outro. Acho estranho isso cair no colo do Botafogo. Por que não cai no do Fluminense, do Vasco, do outro lá da Gávea? É interessante isso.


Com o Roger é porque o empresário veio para renovar. Ele teve um problema, se não tivesse isso e continuado jogando, iríamos dizer: "Espera".



Política de contratos curtos

Tem que ser essa política, ter o feeling de saber se vamos contratar alguém por mais tempo ou não. Ou a própria comissão técnica. Já pensou? O jogador não se adaptou ao esquema do técnico... Aqui todos recebem certinho em dia, até quem não está jogando.


A legislação de seis meses nos deixa muito vulneráveis. O pré-contrato é um desequilíbrio total.



Roger foi contratado só com um ano e está de saída para o Internacional (Foto: (Foto: Divulgação/Botafogo) )


Deveria ter alguma coisa para equilibrar isso. Então realmente a gente corre esse risco. Você vê um jogador da base (Emerson Santos) que não quis renovar, há mais de um ano a gente vinha tentando. A oposição está até criticando, mas esquece da legislação. O jogador pode dizer que não quer renovar e não renova. A legislação é muito ruim para o clube, mas faz parte do jogo.


Futebol feminino

É para 2019 (obrigatoriedade), vamos começar a pensar a partir do ano que vem. Temos Marechal Hermes, que talvez aproveitamos para abrigar o futebol feminino. Você vê, na situação toda que os clubes se encontram, você tem mais uma despesa. Não são jogadoras amadoras, temos que pensar muito como fazer. Não tenho ainda a menor ideia, vamos deixar a coisa amadurecer um pouco mais, ver se vai entrar em prática em 2019 mesmo ou não...


Fonte: GE/Por Marcelo Baltar e Thiago Lima, Rio de Janeiro

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