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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Gestor campeão, 9 e 10 de peso e... Loco de volta? Os planos de Guimarães no futebol


Candidato da oposição abre portas para o ídolo (sem especificar se dentro ou fora de campo), cita falta de DNA vencedor no time atual e promete: "Botafogo que projeto não vai brigar pelo 7º lugar"






Na primeira parte das entrevistas com os candidatos à presidência do Botafogo, o assunto é futebol. Afinal, é o carro chefe do clube e o tema de maior interesse do torcedor. O GloboEsporte.com foi a General Severiano nesta semana e conversou com Nelson Mufarrej (vice Carlos Eduardo Pereira) e Marcelo Guimarães (vice Mauro Sodré). Um dos dois será eleito neste sábado como novo mandatário do Alvinegro pelos próximos três anos.


Fizemos perguntas sobre os planos para o futebol, mas também deixamos os candidatos à vontade para falar sobre o assunto durante bate-papos de aproximadamente uma hora de duração. Na manhã desta sexta-feira, vai ao ar a segunda parte (em vídeos) das entrevistas do GloboEsporte.com sobre as eleições no Botafogo, com Mufarrej e Guimarães abordando temas específicos sobre o clube.


Marcelo Guimarães...

... Descreve-se como um torcedor de arquibancada, embora por problemas familiares não tenha sido presença constante no Nilton Santos nos últimos anos. Em seus planos, estão um novo homem forte para o futebol, com "perfil vencedor", "conhecimento de mercado" e que já estuda reforços. Em relação a contratações, o candidato promete trazer um meia e um atacante de peso, com currículo expressivo, para serem referências do time. E vai conversar com Loco Abreu.


O número para votar em Guimarães é o 18.



Marcelo Guimarães vem com o advogado Maudro Sodré de vice (Foto: Divulgação)


+++ Continuidade, folha 20% maior e Jair até 2020: os planos de Mufarrej no futebol


Confira a entrevista:

Departamento de futebol

Não temos nada definido. A campanha é tão intensa que não sobra espaço para refletirmos sobre esse tema. Temos premissas.


Vamos trazer um gestor remunerado que tenha necessariamente uma característica: um histórico campeão e vencedor.


Isso é fundamental. Já temos uma pessoa que vem pensando o futebol. Não dá para falar o nome ainda, mas o cara que temos em mente é um dirigente boleiro, com muito conhecimento.


Time atual

Temos um time que encaixou. Se avaliarmos individualmente, nossa principal liderança é o Bruno Silva. Apesar das controvérsias, é nosso grande líder. Ele foi duas vezes campeão catarinense e uma da Copa do Interior de São Paulo.


Com todo o respeito que tenho ao Bruno como bom jogador que é, isso é insuficiente para ser a referência do time do Botafogo.



Guimarães elogia Bruno Silva, mas não o vê como referência (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)


É claro que o Botafogo vai estrear no Carioca com a atual base. Respeito muito esse time. Não temos jogadores ruins. Temos atletas de médios para bons.


É necessário que a gente tenha um homem-gol. Fomos eliminados de dois campeonatos (Libertadores e Copa do Brasil) sem marcar um único gol.


Jair Ventura

O Jair é uma prata da casa. Um jovem de grande valor, uma revelação do futebol brasileiro. Eu até me referi que nosso time, os jogadores de um modo geral, não têm muitos títulos, mas o Jair tem. E principalmente, o Jair é uma figura que a gente respeita muito.


Acho que a decisão não é nem nossa se ele fica ou não, é uma decisão bilateral, porque ele hoje é um treinador ambicionado, que vários times querem ter. Então é uma joia, da qual temos muito carinho, e vamos conversar com certeza e decidir o que for melhor para ele também, óbvio.


Loco Abreu


Recebi o apoio dele com muito orgulho. O Loco é o maior ídolo do Botafogo nesse século. Tem um carisma espetacular. E protagonizou um dos momentos mais importantes da nossa história, que foi aquele gol de cavadinha contra o Flamengo. Teve um valor histórico, vinhamos de derrotas por três anos seguidos, síndrome do chororô, do vazião...


Lamento que a atual diretoria não tenha recebido o Loco para conversar. Esse processo judicial poderia ter sido evitado.



Guimarães abriu as portas para volta de Loco, mas ainda não definiu função (Foto: Bruno Gonzalez / O Globo)


O Loco criou uma geração de botafoguenses. É um personagem muito rico, um cara boa pinta, não era um craque, mas muito bom de bola, muito firme nas posições dele. Desde o Túlio não tínhamos um ídolo como ele. É um cara muito articulado, viajou o mundo inteiro, é muito inteligente e preparado. Com certeza vamos conversar com ele.


(Voltaria em qual função?) O Loco é daqueles que a gente conversa e vê o que dá para fazer. Ele ainda tem lenha para queimar no Botafogo


Jefferson

A situação do Jefferson me contraria absurdamente. Pegaram o Jefferson na Seleção e estão o entregando no banco. Fizeram uma campanha patética que arrecadou R$ 50 mil para pagar os salários dele. A campanha foi retirada depois de quatro meses no ar e arrecadou oito dias de salário do Jefferson.



Candidato exaltou Jefferson: "Maior goleiro da história do Botafogo" (Foto: Vitor Silva / SSpress / Botafogo)


Depois teve aquele desacerto do nosso departamento médico. O Jefferson entrou naquele buraco negro e não saiu mais. Fez duas cirurgias, mais de um ano parado e agora está no banco. Lamento muito.


Na minha opinião é o maior goleiro da história do Botafogo. Tenho planos muito firmes para o Jefferson na próxima temporada


E o Gatito?


Vamos acompanhar a situação do Gatito. O Botafogo hoje passa a impressão de que serve para esquentar jogador para os outros. Típico de times médios. Os clubes que fazem contratos bem constituídos chegam ao final do ano com tudo sob controle.


Contratação de estrangeiros

O processo de contratação dos estrangeiros foi um desacerto absoluto.

Vingaram Gatito e Carli e mais nada. Pagar R$ 250 mil para o Canales, R$ 560 mil para o Montillo... Não dá. E o atual presidente critica o salário de R$ 700 mil que se pagava ao Seedorf. Até um garoto sabia que o Montillo não jogava bola em bom nível desde o Cruzeiro.


Não sou contra estrangeiros. Fui a favor da contratação do Seedorf, olha o caso do Loco Abreu. Agora precisamos ter cuidado. Infelizmente, o mercado latino hoje é uma espécie de Série B do futebol mundial. Eu desconfio de um jogador de 28 anos que ainda está por aqui. Os bons estão na Europa.


Então o Montillo está fora dos planos?

É um cara respeitável, que nos cativou. Queria dizer à torcida que ele será recebido. Vamos ouvi-lo. Mas precisa ficar claro que o Montillo que queremos precisa parecer com aquele Montillo do Cruzeiro. E não o que esteve por aqui. As portas não estão fechadas para ele. Na minha opinião, ele não é o cara para ser nossa a referência. Mas vamos conversar.


Seedorf

Sou testemunha da importância que o Seedorf teve. Não tive participação nenhuma na contratação dele e tive muitas dificuldades de rentabilizar porque o contrato não permitia nada. Mesmo assim ele estrelou o sócio-torcedor, fizemos um evento de recepção com um minuto e meio de Jornal Nacional, acessos do mundo inteiro do nosso site, que foi traduzido para oito línguas, renovamos vários contratos de patrocínio por causa dele...



Guimarães elogiou passagem de Seedorf pelo Botafogo (Foto: Vitor Silva/SSPress)


A apresentação dele foi no Palácio da Cidade, ele foi recebido pelo prefeito. Além disso, teve um papel fundamental para os meninos que subiram da base.


Nomes de peso


Não precisa ser o Seedorf, não precisa ser um salário de R$ 700 mil, mas precisamos ter um ou dois jogadores que o elenco se orgulhe da trajetória.


O Botafogo vai atrás desses camisa 9 e 10 com toda a certeza. Nomes marcantes, com histórico campeão. Tudo dentro de uma realidade. Eu não vendo ilusões. Temos que ter dois jogadores de destaque. O tamanho exato deles é a disponibilidade financeira que vai decidir. Mas chegarão jogadores campeões. Pode ter certeza.


Ambição

Eu não fico feliz com o Botafogo brigando pelo 7º lugar. Isso não me traz felicidade. Aliás é um fenômeno que está acontecendo com todos os clubes. É muito ruim ver Flamengo, Vasco e Botafogo brigando pelo 7º lugar. Isso acontece pelo calendário. Se tivermos nove classificados para a Libertadores, teremos um Brasileiro jogado por times alternativos. Uma pena.


Uma coisa eu garanto: o Botafogo que eu projeto não vai brigar pelo 7º lugar.


Vamos manter a responsabilidade, mas queremos chegar em 2019 com o time brigando na ponta por todos os campeonatos.


Política respinga no momento do futebol?


Não sei. Eu vivi o clube como remunerado e vivenciei uma eleição. Posso dizer que o clube fica muito contaminado pelo processo eleitoral. Não posso afirmar no ambiente dos atletas, mas o clube em geral, já que ninguém sabe o que vai acontecer.


Torço muito para que o Botafogo chegue à Libertadores, esse é o meu maior sonho no momento. Apoio muito esse momento do futebol. O torcedor tem todo o direito de protestar, mas acho que esse é o momento de apoiar o time. Faltam dois jogos.


Torcedor de arquibancada


Fui acusado de não ir aos jogos. Hesitei em falar o que vou revelar agora. Tenho uma filha de dois anos que está com muita saúde, mas nasceu no limite da prematuridade. Foi um momento desafiador da minha vida. Na virada do ano, perdi meu pai, meu companheiro de estádio. Foi muito duro. De fato, nesse ano, fui muito menos do que gostaria.


Mas meu histórico é de arquibancada. Não sou cidadão de camarote.


Transição

Pretendo aproveitar alguns quadros de voluntários atuais. Não posso dizer se vou aproveitar ou não, porque não depende de mim. Mas me dou muito bem com o Carlos Mattos (diretor de TI), com o Gustavo Noronha (diretor jurídico) e com o Alexandre Brito (vice de esportes gerais). Tenho excepcional relacionamento com eles. São nomes que gosto.


É obvio que vou chamar todos para conversar, quero ouvir o atual presidente. Quero tirar o ódio do processo e amenizar as feridas naturais do final de uma eleição. O Botafogo é muito grande para ser assumido por um único grupo. A porta estará aberta. Em caso de vitória, vamos nomear pessoas para conduzir desse processo de transição.


Base

Precisamos ter cuidado na formação dos atletas. Vamos perder o Emerson (Santos, com pré-contrato assinado com o Palmeiras) de graça, talvez a maior joia dessa geração. Um caso típico de má gestão de imagem é o do Luís Henrique. O garoto esteve em todas seleções de base, o colocaram em um jogo e na semana seguinte tinha uma foto dele na vitrine da loja. É exemplo de o que não fazer com um atleta da base. O garoto ficou totalmente desorientado, forçaram uma titularidade e deu no que deu. Não dei nem onde ele está hoje (Feirense, de Portugal).



Emerson Santos e Matheus Fernandes: duas joias do Botafogo (Foto: Divulgação / Botafogo)


O Manoel Renha (coordenador da base) é um quadro muito qualificado. É um típico caso que precisamos ter a dimensão do tamanho dele. Precisamos sentar e conversar. Ele conta com o meu apreço e sempre se mostrou disponível a colaborar com todos os presidentes.


É claro que esse trabalho da base começou antes da chegada dele, desenvolvido por profissionais da gestão passada. Não tenho medo de fazer elogios pontuais à antiga gestão. Existe uma tendência de satanização. Esse modelo atual da base se desenvolveu na gestão passada. Daremos muita atenção à base.


Futebol feminino

Temos um desafio especial que a partir de 2019 o futebol feminino passará a ser obrigatório. Minha ideia é formar uma categoria de base com sub-15 e sub-17, e no primeiro ano fazer uma parceria com uma equipe já formada. Aos poucos haverá a transição. Vejo Marechal Hermes com simpatia para abrigar esse projeto. Vamos fazer uma reforma básica e podemos colocar arquibancadas para que façam jogos lá. Não vejo as meninas treinando no novo CT.


Queria agradecer à família Moreira Salles. Levaremos 30 anos para pagar o CT, portanto não pertence a essa gestão. Mas reconheço a habilidade que a atual administração teve para abrigar o projeto. Mas lembro sempre que infraestrutura não é o nosso problema.


Somos o clube de melhor estrutura no Rio. O que precisamos é de gestão.


Fonte: GE/Por Marcelo Baltar e Thiago Lima, Rio de Janeiro

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