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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

S/A, Jair Ventura, Centro de Treinamento... seis anos de Mais Botafogo em seis atos


Apesar de primeiro ano começar na Série B, gestão consegue melhorar finanças nas primeiras temporadas, mas anos seguintes são conturbados principalmente no âmbito econômico



Este 31 de dezembro de 2020 marca o fim da gestão de presidentes eleitos pela Mais Botafogo. Apesar de ter se desvinculado de Nelson Mufarrej semanas antes da eleição de novembro - que elegeu Durcesio Mello -, o grupo que emplacou o atual presidente e o anterior não conseguiu fazer com que o sucessor fosse eleito. Para relembrar o período que a chapa CEP/Mufarrej e Mufarrej/CEP ficou no poder, o ge separou um acontecimento de cada ano nessa retrospectiva.



Gestão da Mais Botafogo administrou o clube nos últimos seis anos — Foto: Infoesporte


2015 - Primeiro ano na Série B

Diferentemente do que vai acontecer com Durcesio Mello, a primeira gestão do Mais Botafogo assumiu o clube sabendo exatamente qual seria a realidade na temporada: a Série B. Na virada de 2014 para 2015, apenas oito jogadores eram remanescentes no time, e o futebol precisou passar por uma reformulação, que começou com as chegadas de Antônio Lopes e René Simões.


A conquista da Taça Guanabara até surpreendeu e pavimentou o caminho sem tantas derrapadas. Apesar da troca de técnicos no meio da temporada, a chegada e manutenção de Ricardo Gomes no cargo levou o Botafogo de volta para a primeira divisão com algumas rodadas de antecedência. O título da Série B também veio de forma antecipada e fez com que o clube retornasse à primeira divisão com um pouco mais de moral.



Time do Botafogo comemora a conquista da Série B de 2015 — Foto: Vitor Silva/Botafogo


2016 - Ricardo Gomes/Jair Ventura

Quando Ricardo Gomes aceitou a proposta para comandar o São Paulo em agosto de 2016, muita gente pensou "já era para o Botafogo", já que o treinador deixava o clube na 17ª posição ao fim do primeiro turno. Para o lugar dele, assumiu o auxiliar permanente Jair Ventura.


Filho de Jairzinho, o técnico começou a trilhar o próprio caminho no comando do time que o pai foi ídolo. Com um estilo de jogo focado nos contra-ataques - e bastante efetivo -, Jair conseguiu tirar o Botafogo da zona de rebaixamento e foi além. Na última rodada do Brasileirão, venceu o Grêmio fora de casa (mesmo lugar onde seria eliminado meses depois) e garantiu vaga na Pré-Libertadores do ano seguinte.



Jair Ventura sucedeu Ricardo Gomes no comando do Botafogo em 2016 e classificou o time para a Libertadores — Foto: Vítor Silva/Botafogo


2017 - CT: três anos de sonho

No meio de julho de 2017, o ge noticiou pela primeira vez que o Botafogo assinou um protocolo de intenção da compra do Espaço Lonier. Ficou acordado que o CT custaria R$ 25 milhões em 360 parcelas mensais corrigidas apenas pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e foi aprovado de forma unânime no Conselho Deliberativo. O dinheiro foi emprestado pelos irmãos Moreira Salles.


Mas a realidade financeira bateu à porta e o CT - prometido para o ano de 2018 e com diversos novos prazos - até hoje não ficou pronto. A gestão de Durcesio Mello - que assume no próximo dia 4 - planeja devolver o espaço aos irmãos, já que o Botafogo pagou apenas algumas das parcelas de pouco menos de R$ 70 mil. Segundo o novo presidente, os proprietários originais saberão o que fazer com o terreno.



Espaço Lonier abrigará o CT do Botafogo — Foto: Site do Espaço Lonier


2018 - despedida de Jefferson

O maior ídolo recente do Botafogo se despediu no primeiro ano de Nelson Mufarrej à frente da presidência do clube. A última partida do goleiro foi contra o Paraná, em 26 de novembro, num Nilton Santos lotado. Com direito a pôster gigante, bandeirão na arquibancada e aparição surpresa da mãe, o goleiro deixou os gramados na partida de número 459 pelo clube. A vitória por 2 a 1 teve como apito final justamente um tiro de meta cobrado pelo goleiro.



- Com certeza (totalmente realizado). Você ter essas convocações e os jogos que fiz pela Seleção representar o Botafogo esses anos todos, ser o terceiro jogador que mais vestiu a camisa do Botafogo... É para poucos. Entrei realmente na história e glorifico muito a Deus por isso. Agora é ficar do outro lado torcendo por essa rapaziada - disse Jefferson na ocasião.



Jefferson é levantado pelos jogadores na despedida em Botafogo x Paraná — Foto: PAULO SéRGIO/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO


2019 - S/A


No meio de 2019, a ideia de transformar o Botafogo em Sociedade Anônima, transformando-o em clube-empresa, começou a criar corpo. Os irmãos Moreira Salles encomendaram um estudo para a Ernst & Young em que analisava a possibilidade de criação de uma SPE que utilizaria todos os ativos do futebol. Após a aprovação da captação no Conselho Deliberativo no fim daquele ano e a manutenção do time na Série A, esperava-se que a busca por investidores fosse mais simples do que a realidade se desenhou.


Depois de diversas datas previstas para a conclusão do projeto, além de uma pandemia no meio do caminho, o plano inicial da Botafogo S/A, capitaneado por Laércio Paiva, foi passado para Gustavo Magalhães, que assumiu a coordenação. O passo mais recente noticiado pelo ge é que o projeto está em fase de conversa com os credores para renegociação da dívida e também de registro dos fundos de investimento.



Assembleia aprovou projeto da Botafogo S/A em 2019 — Foto: Vitor Silva/Botafogo


2020 - Fim do mandato com ajuda de cardeais


O último ano da gestão de Nelson Mufarrej e da Mais Botafogo foi bastante conturbado. Com dificuldade de gerar caixa por causa das penhoras e dívidas de curto prazo que o clube adquiriu ao longo do tempo, o 2020 ainda reservou a pandemia de Covid-19, que impactou a receita do clube. Por causa dessa dificuldade, o Botafogo conseguiu ficar em dia com jogadores e funcionários graças a uma decisão judicial que garantiu o pagamento dos salários à frente das penhoras.


Mas para o funcionamento de outros setores do clube foi necessário que alguns botafoguenses da diretoria tirassem dinheiro do próprio bolso para conseguir com que jogos da base e do profissional fossem realizados, por exemplo. Em entrevista no fim de outubro, o ex-presidente do Botafogo e membro do comitê de futebol que cuidou dessa área em boa parte da temporada, Carlos Augusto Montenegro, disse que o clube está falido e que precisou até comprar bolas para o time treinar. A ver como a questão operacional do dia a dia será realizada de 2021 em diante.



Carlos Augusto Montenegro e Durcesio Mello (ex e futuro presidentes do Botafogo) são amigos de infância — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Agora a bola fica com Durcesio Mello. O presidente eleito, que tem como vice Vinícius Assumpção e conta com o apoio de Carlos Augusto Montenegro, coloca a a profissionalização da gestão do futebol do Botafogo como ato primordial para a sobrevivência do clube.



Fonte: Por Redação do ge — Rio de Janeiro

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