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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Análise: derrota do Botafogo na despedida da Série A é encontro de passado, presente e futuro


Espaçado, pouco criativo e sofrendo mais do que ameaçando, primeiro tempo do Bota é resumo do que foi a temporada; etapa final tem melhoria no que pode ser a solução: garotada




Melhores Momentos: Ceará 2 x 1 Botafogo pela 38ª rodada do Brasileirão 2020



A derrota para o Ceará por 2 a 1 na despedida da Série A foi um resumo do passado, presente e futuro do Botafogo. Resultado que mais se repetiu para os cariocas no Campeonato Brasileiro, o revés foi a 21ª derrota na competição que o Bota não conseguiu nem um quarto dos pontos possíveis. A campanha teve traços que remontam a atitudes de anos atrás, que se refletem no agora e podem até impactar mais à frente.



Passado


O primeiro tempo de Ceará e Botafogo mostrou os cariocas como uma equipe lenta, espaçosa e com dificuldade para criar oportunidades. Assim como na maioria das derrotas em 2020/2021, o Bota não conseguiu mostrar um ímpeto em que fizesse por onde para vencer os jogos. Pouco criativos e sem ambições além de mostrar serviço para Marcelo Chamusca, os comandados da sétima pessoa a estar à beira do campo no Brasileiro apresentavam um futebol com poucas chances.


O futebol com poucas chances é o ponto final do torto planejamento feito desde o momento em que a permanência na Série A de 2020 foi confirmada. Com um comitê de futebol formado por dirigentes amadores, com certo prestígio em anos anteriores, as decisões tomadas na emoção culminaram na lanterna do Brasileiro.



Ao todo, foram 25 jogadores contratados, quase 60 utilizados e oito pessoas diferentes na beira do campo. Olhando para trás, fica claro que não havia possibilidade de o fim da temporada ser diferente. Foram todos esses passados do Botafogo que estiveram em campo no Castelão, principalmente no primeiro tempo.



Botafogo teve esse sentimento de gol sofrido por 62 vezes no Campeonato Brasileiro — Foto: Kid Júnior/SVM



Presente

O aqui e agora alvinegro tem que ser o planejamento bem feito, não tem por onde escapar. O clube não aguentará mais uma temporada tão bagunçada e é para isso que diretoria tenta conter ao máximo vazamentos. Foi assim com a contratação de Marcelo Chamusca, anunciada na noite da última sexta-feira.


O novo treinador teve a missão de observar, presencialmente nas duas últimas rodadas, e avaliar alguns jogadores que poderão fazer parte do elenco que ele projeta para levar o clube de volta para a Série A. A reformulação será grande, seja pela readequação da folha salarial dada a realidade de segunda divisão, ou pela insatisfação com o desempenho técnico de alguns jogadores. E, nas palavras de Lucio Flavio, essa reformulação será o grande desafio para Chamusca.


- O maior desafio será, com a chegada de reforços e a mudança que naturalmente acontecerá em algum momento no plantel, entrosar a equipe o mais breve possível. Na próxima semana já temos o Campeonato Estadual. Na minha concepção esse vai ser o maior desafio que o Chamusca terá. Mas entendo que seja um desafio bacana principalmente com jogadores jovens que estão mostrando o seu valor e certamente vão contribuir muito com o Chamusca nesse primeiro momento.



Sousa é uma das esperanças alvinegras para o futuro — Foto: KELY PEREIRA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO



Futuro

É com o "desafio bacana" que fechamos a última análise da estranha temporada que foi 2020/2021. David Sousa, Kayque e Ênio se destacaram na partida. O Botafogo terá reforços em todos os setores, mas pode ser justamente em casa a solução. A paciência que tanto faltou nas decisões é essencial para a formação de tantos jogadores que a equipe tem revelado.


Certamente o clube precisará ter paciência com nomes que estão surgindo e cuja oscilação será comum na temporada que começa já na próxima quarta-feira. Além dos três, claro, tem Matheus Nascimento. A entrada da principal joia alvinegra melhorou o time e indica o potencial do garoto de apenas 16 anos.


Assim se encerra a temporada alvinegra. Colhendo os frutos do passado, sentindo a dor do presente, mas também com fé nas crias da base. A gestão que assumiu em janeiro saberia que a missão seria difícil, mas o caminho será bem mais turbulento do que Durcesio Mello e Vinicius Assumpção imaginaram no momento de registro da chapa. Caberá a eles pavimentar o caminho da necessária reconstrução do clube.



Fonte: GE/Por Davi Barros — Rio de Janeiro

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