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terça-feira, 29 de março de 2022

Luís Castro cita Garrincha e diz por que escolheu Botafogo: "Recolocar o clube no caminho do sucesso"


Português chega com contrato de dois anos e comissão técnica recheada




Luís Castro fala sobre os motivos que o fizeram escolher o Botafogo (https://ge.globo.com/video/luis-castro-fala-sobre-os-motivos-que-o-fizeram-escolher-o-botafogo-10434633.ghtml)



Luís Castro foi apresentado oficialmente, nesta terça-feira, no Nilton Santos, como novo técnico do Botafogo. O português chega a General Severiano com contrato de dois anos, até o fim de 2024. O treinador se disse muito feliz pelo novo desafio, principalmente porque admira a história de Garrincha e Jairzinho, ídolos do clube.


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Castro citou diversas vezes que reconhece as dificuldades pelas quais o clube passou antes de John Textor adquirir 90% das ações da SAF Botafogo, mas que pretende reconduzir o time aos tempos de vitória. Segundo ele, houve outro convite para trabalhar no Brasil - o do Corinthians. Porém, a escolha foi pelo Botafogo.


+ O que Luís Castro pode aproveitar do Botafogo? Comentaristas opinam


- Primeiro dia é sempre um dia diferente, de muita comunicação interna. É com muita felicidade, me sinto muito feliz por representar o Botafogo. É verdade que é um desafio difícil, que temos muitas dificuldades estruturais, temos algumas dificuldades em questão de treino. O que senti é que havia muita vontade de melhorar e trabalhar. Para mim, o trabalho é muito mais importante do que o talento. Acho que o Botafogo há muita gente com talento e com trabalho. Isso facilita mais as coisas. Escolhi o Botafogo e realmente tive outros convites, mas escolhi o Botafogo, escolhi estar aqui. Vamos falar das razões mais à frente, mas foi uma escolha consciente. Acredito muito no projeto e no que Textor quer para o projeto. Acredito nos torcedores e nas pessoas envolvidas no projeto. Sou uma pessoa de convicções - disse o português.


Luís Castro começou a treinar o clube na manhã desta terça-feira. A intertemporada será no próprio Nilton Santos, e o português terá cerca de 10 dias antes da estreia. A partida contra o Corinthians, pela primeira rodada do Campeonato Brasileiro, ainda não tem data definida, mas está prevista para o fim de semana do dia 9 e 10 de abril.



Luís Castro comenta expectativa de treinar no Brasil: "Se não me derem tempo, paciência" (https://ge.globo.com/video/luis-castro-comenta-expectativa-de-treinar-no-brasil-se-nao-me-derem-tempo-paciencia-10434982.ghtml)


Presente na entrevista, o americano Jhon Textor, investidor da SAF alvinegra, comentou:


- Obrigado a todos por virem. Estou animado por estar aqui por muitos motivos. É o início do que queremos. O senhor à minha direita, é incrivelmente talentoso, professor, tem uma reputação em construir divisões de base e a vida de jovens jogadores. Eu sempre soube que ele vinha para o Botafogo. Soube que tinha outro time interessado nele, mas sabia que ele era um escolhido. Sempre foi minha primeira escolha. Eu acredito em muitas das lições que o mundo nos dá. Da defesa ao ataque, temos muito a aprender no futebol. Um homem como Luís Castro desenvolveu métodos de jogo e de ensinamento. Acredito que homens como Luís podem construir uma ponte no Brasil sobre o que pode dar certo. Ele tinha responsabilidade no Oriente Médio e queria terminar da melhor forma. É uma das minhas primeiras coletivas de imprensa. Um comentário final sobre a decisão de Luís. Foi muito importante para nós que ele tenha sido um homem que cumpriu seus compromissos no Catar. Ele chega como campeão e está aqui para isso, construir mais campeões.




Luís castro, botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo


+ Botafogo define que ficará no Nilton Santos em intertemporada de "imersão" de Luís Castro



Confira, em tópicos, os outros temas abordados por Luís Castro:


Expectativas para esse ano

- Normalmente, quando traçamos objetivos de uma temporada, fazemos de uma forma bastante otimista para animar todos que nos envolvem. E muitas vezes não temos em conta o que envolve outras equipes. Para lançar o que pensamos para o ano, temos que levar em contas as outras equipes também. Eles também querem o campeonato. Vamos iniciar um projeto de construção que leva mais ou menos tempo do que nossa equipe pode fazer. Temos alguns jogadores que ainda poderão entrar e sair. Em relação a isso, quando estiver perto do fim da janela, posso falar melhor. Queria paz para fazer essa construção. Não é um projeto de um ano, mas de algum tempo. Os resultados é que compram tempo e espero que os resultados nos ajudam a comprar esse tempo. Espero que consigamos apresentar um bom futebol.




"Não temos espaço para treinar", diz Luís Castro, sobre estrutura do Botafogo (https://ge.globo.com/video/nao-temos-espaco-para-treinar-diz-luis-castro-sobre-estrutura-do-botafogo-10435026.ghtml)


Sucesso de Jorge Jesus e Abel Ferreira, também portugueses, no Brasil


- Ganhar campeonatos e ter sucesso no futebol não pertence a um país. A globalização permite que possamos trabalhar em vários lugares. Fico feliz que Jesus e Abel tenham sucesso aqui. Mas nós apreciamos a forma que as equipes jogam e se manifestam. Gosto tanto quando um treinador brasileiro e um português ganham. Eu fui treinado por Paulo Autuori e Marinho Peres, que tanto me ensinaram. Não tenho mais ou menos responsabilidades porque outros colegas portugueses foram bem. Minha consciência exige o máximo de todos.




Luís castro, botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo



O que mudou para agora os técnicos europeus olharem para  


- Globalização foi o que mudou. Antes, meu mundo era minha aldeia. Depois passou a ser minha cidade, meu país e agora é todo o planeta. Trabalhar no Brasil sempre foi uma meta minha, porque lembro de Falcão, Jairzinho, Pelé e minha seleção não estava em alguns mundiais. Aqui é de onde saem os melhores jogadores do mundo. É sempre uma paixão representar o Botafogo e estar no futebol brasileiro.


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Jogo que viu presencialmente contra o Flu e conversa com elenco


- Minhas primeiras palavras foram dar os parabéns pelo jogo contra o Fluminense. A equipe esteve muito bem, dedicada e determinada. O Lucio Flavio fez um trabalho fantástico ao longo deste período que esteve à frente do Botafogo e esteve perto de chegar na final. Vi uma equipe sempre junta que criou muitas dificuldades. Tentou chegar sempre ao gol adversário, de olho no gol adversário. E parabenizei os jogadores e o Lucio Flavio.


O que espera em relação a estrutura?


Luís Castro:

- Não vamos esconder nada. Temos muitas dificuldades. Não temos espaço para treinar, mas não é desculpa. Vamos ter que ganhar assim mesmo. Sou responsável por tudo que acontece no Botafogo. Aceitei o clube como ele está e aceitei fazer o desenvolvimento dessa estrutura. Terminando o treino perguntei onde treinaremos amanhã. Não sabemos. Hoje em dia é fundamental ter um Centro de Treinamentos. Não adianta comprar um carro e não ter estrada para andar com o carro. Vamos organizar rapidamente e tentar atravessar essa zona mais turbulenta e entrar em velocidade de cruzeiro. Os departamentos do clube estão muito bem definidos.




Luís castro, textor, botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo


John Textor:

- Toda infraestrutura de treinamentos tem grandes desafios. Nós temos grandes parceiros, pessoas que têm onde os jovens podem treinar. O Sub-20 treina no Cefat, onde tem pessoas comprometidas com o Botafogo. No Lonier temos os irmãos Moreira Salles que são grandes botafoguenses. É como se fosse uma colcha de retalho, temos CTs espalhados pelo Rio e é difícil de trabalhar sistematicamente. Temos muitos problemas de infraestrutura e queremos ficar mais juntos, depois eu falo em termos de qualidade, mas percebo que as pessoas envolvidas tem um amor muito grande pelo clube e as pessoas estão fazendo seu melhor para que os problemas sejam sanados.


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- Com relação ao time principal, eles têm necessidades especiais, precisam de isolamento e treinar de forma mais privada. Precisamos resolver esses problemas. Ao mesmo tempo é importante ter o time principal próximo dos garotos. No caso do Crystal Palace as divisões de base estão do outro lado da rua. A gente vê o brilho no olhar e acredito que promover isso é bom. Os irmãos Moreira Salles já viajaram o mundo para buscar os melhores CTs. No site do Crystal Palace dá pra ver isso. Esse é o padrão que devemos ter aqui. O Botafogo é um dos maiores clubes do mundo. Crystal Palace pode ser um time da Premier League, mas eles olham para o Botafogo como algo muito grande. Precisamos trabalhar na direção de que o CT do Botafogo faça jus ao tamanho e nome do que merece. Estaremos buscando parcerias, preciso visitar alguns lugares na cidade, temos muito o que fazer, mas vamos encontrar esse lugar apropriado para o Botafogo. A curto prazo, não dá pra fazer em um dia, mas esse homem (Castro) precisa de campo e temos três níveis de metas, curto, médio e longo prazo. É uma coisa que temos que resolver.



Luís Castro fala sobre elenco do Botafogo (https://ge.globo.com/video/luis-castro-fala-sobre-elenco-do-botafogo-10435128.ghtml)


O que representa pra você?


Luís Castro:
- Muito, de verdade. Se conseguirmos colocar o Botafogo novamente no caminho do sucesso, é uma marca que ficará muito forte. Chegar no Porto e ser campeão no time B foi mais um treinador a ser campeão. Mesma coisa no Shakhtar e no Al Duhail. Agora, chegar ao Botafogo e conseguir estar na família do Botafogo, que quer construir e colocar o Botafogo no caminho, é uma marca diferente. Isso foi decisivo para a minha decisão. Estar num clube que teve Garrincha, Jairzinho... aqueles jogadores que vimos como menino. Não foi uma escolha difícil. Foi consciente e acertada. Faz me lembrar do tempo que estive no Porto e aproveitar jogadores da base para transformá-los em jogadores de grande nível. O futebol é muito perigoso. Daqui a um mês pode acontecer de me perguntarem se tenho apoio e capacidade para continuar. A resposta será sempre que sim. A torcida no último jogo foi fantástica. A paixão que os torcedores tiveram estava ali, dava para sentir. Aquilo é ter paixão, ver como eles estavam animados com o que a equipe fez porque o ser humano reconhece a dedicação e o trabalho dos outros, de forma pura. E essa pureza eu vi ali. De gostar porque gosta, é o clube, a paixão. Por tudo isso é uma escolha certa.


Como pensa na reconstrução da filosofia num jeito Botafogo de se jogar?


- O espírito vencedor está associado. Muitas vezes criamos uma oportunidade na vida e a sociedade não deixa expressar os talentos. Essa construção tem que ser muito alicerçada na vontade e de fazer o bem. No que diz respeito a mim, falei nos líderes de departamento não foi por acaso, porque eles sabem o que acontece no clube. Há uma coisa sempre muito perigosa dentro de uma estrutura. Quem é de rede social sabe o que vou dizer. O lado mais frágil das estruturas é a comunicação. Há ruído quando falo daqui pra lá, mas uma coisa que prego é uma comunicação limpa e se isso acontecer teremos um bom trabalho. Se a comunicação interna for ruidosa isso vai nos levar a ter maus resultados.


- Sobre nosso plantel, que é decisivo para ter sucesso, está sendo construindo e de forma dificílima. Estamos tentando jogadores, mas que os clubes não liberam. A essa altura do mais à frente, teremos estrutura e um time melhor, só que não temos esse tempo agora. Nosso grande desafio é rentabilizar o que temos. Por isso conto com o apoio dos líderes de departamento e também da torcida para fazermos do Botafogo cada vez maior e melhor. A energia é decisiva.


Princípios do jogo que não abandona?

- Quando falamos de princípios ofensivos e defensivos, muitas vezes misturamos com esquema tática. Queremos uma construção a partir de trás, chegar junto na frente, ter uma pressão pós-perda e não perder o equilíbrio. Normalmente as equipes ofensivas perdem o equilíbrio defensivo. A alternancia de esquemas ao longo do jogo nos permite provocar surpresas ao adversário, que pode não ter isso. Cada vez mais estudamos o adversário e eles nos estuda. Isso não tem a ver com os princípios.


Junção da comissão técnica do Luis Castro com a do Botafogo

- Não é surpresa para vocês que um treinador tenha acompanhamento da sua comissão técnica. Também não é surpresa que quando você viaja a família tem um elemento de fora que talvez não se encaixe. Tenho minha comissão e se alguém não se sentir bem ou o contrário não tem problema. Não é questão de caráter ou necessariamente por ser profissional ruim. Eu não abdico de ninguém da minha comissão. Somos um time. Se não estivermos coordenados, acho que teremos dificuldades.


Time B

- Acredito em contextos favoráveis ao desenvolvimento. E 40 jogadores para trabalhar treino a treino não é o ideal. O time B fará com que coloquemos os jogadores para render e se render irem para a equipe A. Isso não quer dizer que o jogador do time B não tenha qualidade. O futebol de formação é muito difícil. Quando pensamos que o jogador está formado, dá um passo errado e perde-se uma carreira. Na equipe B terá atenção do treinador. Este equilíbrio entre ganhar e desenvolver é da parte mais complexa do futebol. Quando Cristiano Ronaldo chegou ao Manchester, via-se muitas vezes ele jogar bem e Ferguson o colocava no banco.


Como enxugar elenco

- É impossível trabalhar no futebol com 40 jogadores. O número que eu solicitei à direção foi 27 jogadores de linha, mais três goleiros: 30 jogadores no máximo. Isso porque o Brasileirão tem muitos jogos, na Copa do Brasil nós esperamos avançar... Isso vai nos criar dificuldades pelo número de jogos. Esse é o número mais equilibrado para caminharmos. Tendo a equipe B, podemos ir lá e buscar alguns jogadores.



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Fonte: GE/Por Davi Barros — Rio de Janeiro

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