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segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Pênalti à parte, Botafogo fez seu melhor trabalho defensivo contra o Fluminense de Diniz



O clássico do Maracanã não teve um time claramente dominante, não teve frequentes sensações de gol e teve faltas em excesso. E é fato que, antes de Victor Sá arrancar para dar a vitória ao Botafogo, o Fluminense tivera a bola na marca do pênalti para mudar a história, mas Lucas Perri foi decisivo. Ainda assim, a vitória alvinegra tem um aspecto interessante: a forma como Luís Castro lidou com o estilo de Fernando Diniz.


Uma das vantagens de ter trabalhos com um mínimo de continuidade é poder observar como cada encontro entre treinadores é uma espécie de continuação do anterior. Em 2022, Castro e Diniz se encontraram duas vezes. E o terceiro jogo foi aquele em que o português melhor controlou as ações ofensivas tricolores.





Victor Sá em vitória do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Neste domingo, o Botafogo ficou com a bola por 41% do tempo. No primeiro turno de 2019, ficara só 20% até perder por 1 a 0, no jogo de maior domínio do Fluminense. No returno, ampliou a posse para 35%, abriu 2 a 0 até ceder o empate na segunda etapa. Não que o alvinegro tivesse enfrentado o tricolor de Diniz disposto a competir pela posse, mas Luís Castro afirmou após o jogo que gostaria de ter estendido mais os períodos do time com a bola.


O ponto mais importante foi que o Botafogo permitiu ao Fluminense apenas sete finalizações. No último Brasileiro, foram 11 num jogo e 18 no outro. Jogos contra este Fluminense impõem uma escolha difícil aos rivais. Ao concentrar jogadores em torno da bola, obriga o rival a evitar se ver em inferioridade numérica no setor em que a jogada ocorre, mas também não se fragilizar no lado oposto, para onde o Fluminense pode fazer inversões de jogo.


Neste domingo, o Botafogo controlou o lado em que o time de Diniz aglomerava seus jogadores para trocar passes curtos, evitou bolas em profundidade e sofreu pouco com inversões. Tampouco incomodou tanto no ataque. Foi um jogo de poucas chances. O alvinegro teve uma bola parada no primeiro tempo e contragolpes surgidos após o primeiro gol. O Fluminense, com poucas soluções para variar o corredor das jogadas, construiu o lance do pênalti na melhor jogada da partida, quando Keno ofereceu ao time algo que faltava: um ataque à profundidade, até sofrer o pênalti de Rafael. Mas Calegari, que estranhamente executou a cobrança numa decisão que escapou ao controle da comissão técnica, parou em Lucas Perri.


Já o gol de Victor Sá expôs uma questão que, vez por outra, reaparece no Fluminense: um lançamento feito por um jogador sem pressão diante de uma linha defensiva com dificuldade para controlar o passe às suas costas.


O clássico de início de temporada ficou a dever em termos técnicos e teve 38 faltas. Foi truncado em boa parte do tempo. Mas o Botafogo foi recompensado pelo trabalho defensivo, talvez o melhor de todos os confrontos com Diniz. Ainda que Lucas Perri tenha sido salvador no lance do pênalti.



Fonte: GE/Por Carlos Eduardo Mansur
Jornalista. No futebol, beleza é fundamental

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