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sábado, 26 de janeiro de 2013

Ídolos não se compram


Oswaldo de Oliveira pode ter boas intenções, ser bom técnico e ter suas razões, mas não deveria ter esnobado Loco Abreu


Falar que El Loco não é ídolo? Que não é botafoguense? Ah, Oswaldo, sua soberba passou dos limites (Foto Arena)
Ídolo, pessoa pela qual se tributam louvores excessivos ou que se ama apaixonadamente. Personalidade que desfruta de grande popularidade, tais como artistas populares, esportistas e etc. Esta é a definição no dicionário.

Bom, vamos lá, quem está certo? Loco Abreu ou Oswaldo de Oliveira? Pensei bem antes de escrever sobre o assunto. Uma das coisas principais que tento ser é justo quando posto alguma coisa. Está longo, mas acho que vale a leitura.

No fim do ano passado, conversei com Oswaldo de Oliveira, após o último jogo do Brasileiro. Ele foi atencioso, muito educado e mostrou vontade em continuar o trabalho no Botafogo. Tem currículo e é um bom treinador. Mas começou a cavar sua própria cova quando pediu um centroavante horroroso para o lugar do queridinho da torcida. Agora, perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado (como disse o companheiro Renato Maurício Prado, no Central FOX). Ao invés de ter deixado o ego de lado, preferiu responder Loco Abreu e falar coisas que não tem como medir.

Oswaldo não possui prestígio com a torcida alvinegra. Disse que são carentes. Ele tem razão. São mesmo. E um dos motivos é o de não conseguir títulos em sequência e nem uma vaga para a Libertadores, algo que em um ano ele também não conseguiu no clube. E tem todo o direito de não querer Loco Abreu no elenco, seja por ser um cara polêmico ou por achar ruim de bola.

Agora, falar que o uruguaio não é ídolo? Que El Loco não é botafoguense? Ah, Oswaldo, sua soberba passou dos limites, meu caro. Assim que falou isso, o técnico mostrou quem não é, de fato, botafoguense. Qualquer torcedor do Glorioso, querendo ou não a permanência de El Loco, o tem como ídolo, assim como os outros que ele falou, mas em patamares diferentes.

EL LOCO FEZ COM QUE O ALVINEGRO SE TRANSFORMASSE EM TUDO O QUE NÃO FOI NAS DERROTAS: AMBICIOSO, CORAJOSO E CAMPEÃO

Provavelmente, na década passada, Oswaldo conseguia mais um importante título japonês, quando o Botafogo sofria em decisões disputadíssimas com o Flamengo, seu maior rival. E durante três anos seguidos, perdeu, sempre de maneira dramática, dolorida e tendo no goleiro Bruno, seu maior algoz. Eis que em 2010, um trio formado por Loco Abreu, Herrera e Jefferson se mostrou imune à pressão, ignorou o chororô e acabou com a zoação rubro-negra. Dos três, Abreu foi o que teve maior destaque. Além de gols durante a competição, através de uma cavadinha irresponsável colocou o melhor goleiro do Brasil, na época, no chão, e fez com que o Alvinegro se transformasse em tudo o que não foi nas derrotas: ambicioso, corajoso e campeão.

Depois, "cojones" contra o Vasco, mais cavadinha contra o Fluminense e muitas declarações cheias de irreverência e arrogância. Algo que o botafoguense não estava mais acostumado a escutar desde Túlio Maravilha. Passaram a conviver nos últimos anos com uma geração talentosa, mas que acabou ficando marcada por reclamações à arbitragem, às vezes justas, mas, em sua maioria, exageradas.

Foram tempos de "Locura". Loco Abreu ajudou a resgatar a dignidade e o orgulho do torcedor botafoguense. Os adversários passaram a respeitar mais a Estrela Solitária. Capa dos principais jornais inúmeras vezes, o Botafogo voltou a ter um personagem de peso. Fez-se um ídolo.

Ano passado, El Loco errou em ir para o Figueirense. Deveria ter permanecido para brigar por uma vaga no time e provado que o treinador estava errado. Seu ego também é enorme. Mas os erros de ambos poderiam ter ficado no passado. Loco estaria de volta em 2013. Seu substituto daria adeus, para alegria da torcida. Mas quando tudo estava prestes a acontecer, Oswaldo declara que Loco e Seedorf não poderiam ser escalados juntos. Ora bolas, professor, se o cara não pode jogar com o melhor jogador do time, é porque ele não serve.

Recado dado. E o uruguaio voltou à terra natal. Oswaldo continuou. Venceu a batalha. Mas não quis engolir sapo e fez questão de repudiar a condição de ídolo conquistada por Abreu. Ele pode ser experiente, mas ainda não aprendeu que ídolo não se compra no mercado, não se faz em um mês, e às vezes nem em 10 anos. O que faz alguém ser um ídolo é carisma, atitude e conquistas. Isso, Loco tem de sobra. E Oswaldo terá que conseguir rapidamente no Botafogo. Senão, ouvirá até o seu último dia em General Severiano os gritos de "Uh, El Loco". É a clara resposta da torcida às afirmações equivocadas e presunçosas de seu treinador.

Rapidinha: Meu porteiro Nilo Geraldo, já famoso aqui no blog quando falo de Botafogo, me disse o seguinte há alguns dias:

"Seu Claudio, meu neto adora o Seedorf, mas na hora de comprar a camisa do Botafogo, ele não quer a 10. Chega na loja e pede a 13, pede boneco do Loco Abreu, caneca, e até aquela dentadura que ele usa do Uruguai. Como vou explicar pra ele agora que o chefe do Botafogo não o quer mais?"

Isso é pura idolatria, professor... A mais singela que existe.

Por SEM FIRULA/Claudio Portela/foxsport

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