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terça-feira, 12 de março de 2013

Seedorf, o homem que trouxe orgulho e autoestima ao Botafogo


Seedorf, o homem que trouxe o orgulho, a autoestima ao Botafogo. E ergueu a Taça Guanabara com a imponência de quem já levantou quatro Champions League. Ele é a estrela solitária de Marechal Hermes…






A cena foi emocionante. Seedorf e Jefferson carregando juntos o troféu.
Ela representava a Taça Guanabara. Conquistada depois das vitórias nos jogos decisivos. Onde o Botafogo precisava ganhar. Derrubou os favoritos Flamengo e Vasco. Por isso, o peito estufado do holandês de 36 aos. 

Mesmo com a noção da realidade. Estava comemorando pela primeira vez na vida um turno de um campeonato. Não importava. Mostrou no Engenhão o mesmo orgulho de quem já foi tricampeão da Champions League.

Orgulho, essa palavra teve um peso imenso desde que chegou ao Rio. Desde julho de 2012 mudou a rotina do Botafogo. O clube havia se esquecido como era ter um jogador reconhecido mundialmente. Garrincha, Jairzinho, Paulo César, Nilton Santos, Carlos Alberto Torres. Todos esses ídolos ficaram no passado. Assim como o poder financeiro. Chegou até a vender General Severiano em 1977. Humilhação maior. 

Alguns títulos esporádicos foram conquistados. O último significativo foi o Brasileiro de 1995. Faz 18 anos. Ano importantíssimo na vida de Seedorf. Foi quando ele jogou bem demais na Sampdoria. E acabou vendido ao Real Madrid. Antes, havia vencido a Champions League pelo Ajax. 

Desde que foi para a Espanha sua carreira disparou. Ganhou a Champions League e o Mundial de Clubes. Vendido para a Inter por cerca de R$ 59 milhões. De lá foi para o Milan. 

Mais duas Champions League, entre outros títulos. No meio do ano passado saiu do clube italiano. Tinha os Estados Unidos, China e times do Oriente Médio para ganhar mais dinheiro. Só que conseguiu juntar o útil ao agradável. 

Quis recompensar a família, já que é casado com uma brasileira e tem dois filhos. Jogar onde sabe que o ritmo é mais lento, futebol de toques e não correria. E ainda acalentar uma excelente proposta financeira: R$ 1,5 milhão de luvas. Mais R$ 700 mil mensais, bancados pelos patrocinadores do Botafogo. Principalmente a Puma. 

É hoje o jogador mais bem pago do futebol do Rio de Janeiro. No Brasil só perde para Neymar e Ronaldinho Gaúcho. Foi avisado que o Botafogo tinha imensas dificuldades financeiras. E que o elenco era limitado. Brincando com o presidente Mauricio Assumpção disse que o desafio seria 'mais gostoso'.

A apresentação foi assustadora.
Digna de um clube popular ávido de uma grande estrela de verdade.




Muita gente colocou em dúvida a capacidade física de Seedorf.
Ele mostrou que não era um jogador que iria andar em campo. Juntando preparo físico, personalidade e liderança, trouxe respeito ao Botafogo.

É claro que não tem companheiros à altura.
Mas tem se desdobrado em campo, enfrentado até mesmo outro líder do time. Jefferson, goleiro que vive a melhor fase na carreira, estava dando muito chutões. Tomou uma descompostura do holandês em campo. Bateram boca e discutiram no vestiário. De gênios fortes, acabaram se entendendo. 

Seedorf quer a saída com troca de passes como aprendeu nos grandes clubes que jogou.
E também na Seleção Holandesa. O holandês falou para o goleiro confiar no time. E mesmo sem qualidade ideal, os zagueiros e volantes botafoguenses aprenderam a levantar a cabeça. Seedorf vai muito além de Oswaldo Oliveira. Ele é o verdadeiro treinador em campo. Muitas vezes o time se altera e o técnico só acompanha. Não reclama, sabe que é obra de Seedorf. 

O sucesso de Seedorf tem refletido na Europa. Os boatos de jogadores consagrados querendo atuar no final de carreira no Brasil não param. "Acho que abri uma porta, que é possível ter uma ótima experiência no Brasil.O Brasil geralmente era um país exportador. E agora mostra ao mundo que também podem importar. Isso tem a ver com o crescimento econômico no país. Veja Neymar, que ainda está jogando aqui. Um cara como ele já estaria na Europa há dois anos." 

Interessante ver como encara o calendário e a torcida brasileiros.
Desabafou à agência Reuters. "Eles jogam a cada três dias. Mas o que mais me impressionou foram os torcedores. São todos loucos por futebol aqui, mas não vão realmente ao estádio. Isso é algo que me surpreendeu muito. Porque para as partidas importantes eles enchem o Maracanã com 120 mil pessoas facilmente. Aí de repente você tem só 3 mil pessoas indo ao estádio (em outro jogo)." Mesmo na final da taça Guanabara ontem, o público foi de apenas 32 mil torcedores. 

Seedorf aos poucos vai entendendo o excesso de jogos. 
O quanto são incompetentes os dirigentes que organizam os campeonatos. Mas isso fica para depois. O momento é outro. "Não somos campeões do Rio ainda. Mas levantar a taça Guanabara nos deu muita moral. O Botafogo só está precisando de confiança. Tem jogadores e torcida para se impor. E é o que estamos lutando para fazer. Vamos lutar ainda mais para que essa taça seja só a primeira." Ele trouxe orgulho e confiança que faltava ao Botafogo. 

Seedorf está revertendo as expectativas. Indo além do que todos esperavam. Foi avisado que havia escolhido mal o clube brasileiro. Desafiado, disse que provaria que não. Por isso o peito estufado ao carregar a taça ontem. Queria mostrar não só ao Rio. Mas ao mundo, ter ao escolher o clube da estrela solitária. 

E uma estrela de verdade, mesmo solitária faz muita diferença.
Como mostrou Clarence Clyde Seedorf. Na decisão de ontem, um toque de calcanhar enganou três vascaínos. Acabou com a retranca vergonhosa de Gaúcho. Depois,o holandês foi sozinho dar sua volta merecida volta olímpica no Engenhão. E desfrutar um sentimento diferente. 

Depois de carregar quatro Champions League. O troféu de campeão do mundo. Veio a inexplicável alegria de ser campeão da Taça Guanabara...



Por Blog Cosme Rímoli/esportes r7.com

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