Páginas

sábado, 11 de maio de 2013

Nicolás Lodeiro, ao L!NET: 'Jogamos por orgulho, não por dinheiro'


Em entrevista exclusiva por telefone, direto de Paysandú, cidade natal dele, apoiador do Botafogo revelou vontade de ser eleito o melhor jogador do Carioca, seu futuro no clube e sobre o carinho que recebe da torcida alvinegra




Entrevista com Lodeiro - Botafogo (Foto: Alexandre Loureiro/LANCE!Press)
Lodeiro foi um dos grandes destaques do Botafogo na campanha do título estadual (Foto: Alexandre Loureiro/LANCE!Press)
O meia Lodeiro chegou ao Botafogo na sombra do conterrâneo Loco Abreu, um dos maiores ídolos da História recente do clube. E, agora, ele está cada vez mais perto de se ocupar o mesmo espaço do centroavante no coração da torcida. Afinal, ele também conquistou um Campeonato Estadual e foi o artilheiro da campanha vitoriosa.

Depois da vitória, ele não esconde que mira o título de melhor jogador da competição, que será entregue no dia 20, e garantiu que os atrasos de salários se tornaram uma motivação a mais para o grupo, que jogou por orgulho ao Alvinegro. Além disso, Lodeiro deseja continuar no Botafogo por um bom tempo e escrever sua trajetória, até aqui brilhante.

LANCE!Net: Você tem feito muitos gols. Como é esta fase?
R: Estou muito feliz por estar fazendo muitos gols. Gosto de fazer os gols e quero continuar assim. É muito bom fazer gol, o time me ajuda muito e quero continuar nesse caminho.

L!Net: Qual a importância do Oswaldo de Oliveira nesse seu crescimento?
R: Ele conversa muito comigo. Me ajuda muito e tenho crescido demais. É um excelente treinador. Ele pede muita movimentação da equipe, estou evoluindo muito dentro de campo e ainda quero evoluir mais ainda.

L!Net: O Oswaldo sempre fala muito bem de você...
R: Quando fala de mim fico feliz. Sempre guardo as palavras dele para eu melhorar. Me passa muita confiança. Ele quer que eu cresça. Um treinador como ele é importante para todos nós e para o Botafogo. Sabe muito de futebol, uma ótima pessoa.

L!Net: Quando chegou, pensava que tudo fosse dar tão certo?
R: Quando deixei o Ajax, estava feliz, mas não tinha uma continuidade. Jogava um jogo, não jogava outro. Vim para o Botafogo para ter mais sequência de jogos, estar perto da minha seleção e poder me firmar nela. Graças a Deus tenho atingido este objetivo.

L!Net: Imaginava virar ídolo logo?
R: Não imaginava, mas sempre tive confiança em mim, em fazer o meu trabalho. Me entrego no campo e nos treinos e assim consegui o apoio da torcida. Ainda não tenho um ano e já tenho um enorme carinho da torcida. É muito bom.

L!Net: Muitos acham que você foi o melhor do campeonato. Concorda com essa afirmação?
R: Agradeço a quem acha isso (risos). Não sei se fui o melhor. Fui importante para o time. O mais importante foi o título. Claro que quero muito conseguir isso, é um objetivo pessoal e trabalhei para isso. Todos querem e também tenho muita vontade.

L!Net: Como foi aquele momento em que você dedicou um gol ( na goleada por  4 a 0 sobre o Audax, pela Taça GB) a seu pai? Porque não comemorou mais assim?
R: Quando faço um gol bonito, sempre comemoro assim. Aquele gol foi muito bonito e importante. Ele sempre esteve perto de mim em tudo. Sempre sinto ele ao meu lado e sinto falta dele. Todos os gols são para ele. Se hoje jogo futebol é pelo meu pai.

L!Net: Você dedicou o gol da semifinal para o Alex Evangelista, fisioterapeuta. Como é a relação com ele?
R: Nunca falam, mas temos que reconhecer o trabalho dele. Sabe muito, tem muito conhecimento e foi fundamental para que jogasse os dois últimos jogos do Estadual. Ficávamos Gabriel, eu e ele das 8h às 20h tratando. Sou muito agradecido a ele. (No jogo contra o Sobradinho, em Brasília, pela Copa do Brasil, Lodeiro sofreu um estiramento muscular na coxa esquerda, perdendo o jogo de volta no Rio e o último da fase de classificação contra o Volta Redonda. Ele retornou na semifinal contra o Resende e fez um dos gols da vitória por 5 a 0, dedicado ao fisioterapeuta Alex Evagelista)

L!Net: Como foi ser campeão mesmo com os salários atrasados?
R: Para nós foi importante. Nos deu uma motivação para mostrar que nós jogamos por orgulho, não queríamos cobrar salário. Orgulho era conseguir a taça. O atraso nós guardamos como motivação.

L!Net: Jogar na Europa te ajudou a crescer na parte tática?
R: Foi muito importante jogar na Europa. No futebol de hoje você tem que defender e depois atacar. No Uruguai ou no Brasil, a maior parte dos atletas pensa em atacar, fazer gol, mas o mais importante é vencer. A mentalidade é importante.

L!Net: Os funcionários do clube gostam muito de você. Como é sua relação com eles?
R: Sinto carinho por todos eles. Tanto os do Engenhão quanto os de General Severiano. Quero agradecer a todos por tudo que fazem por mim.

L!Net: Como é sua relação com o Seedorf fora de campo?
R: Ele é um profissional de alto nível e excelente pessoa. Estou sempre perto dele para ouví-lo e aprender com sua vivência. É um grande jogador que só traz coisas boas ao grupo.

L!Net: Você tem recebido algumas sondagens. Pensa em sair do clube?
R: Recebi muitas propostas antes de vir para cá. Hoje, estou feliz e quero seguir jogando aqui, desfrutar do Botafogo, do nosso título e conseguir outros. Escolhi o Botafogo, pois sabia que seria um time que eu poderia crescer. Mas não sei o que vai acontecer no futuro.

L!Net: Dentro do elenco, quais são os seus melhores amigos?
R: Sou companheiro de todos, mas não saio com nenhum pessoalmente. Tem muita gente boa, mas sou muito reservado. Márcio Azevedo me dava carona, Lucas... Todos me chamam para sair para que eu me adapte. Minha vida é reservada.

L!Net: Agora tem Copa do Brasil e Brasileiro pela frente. O Botafogo tem time para brigar por esses títulos?
R: Temos um time forte e com bons valores. Queremos seguir neste caminho e ajudar o clube a conseguir um título importante. Será um ano longo, difícil, mas temos confiança.

L!Net: O que tem feito aí no Uruguai nestes dias de folga?
R: Tenho descansado, estado com os amigos e minha família. Agora, estou em Paysandú (cidade natal do jogador) e vou passar o dia das mães aqui com minha mãe. Estou tranquilo, comendo churrasco e descansando.

L!Net: O Nacional (time que Lodeiro iniciou a carreira no futebol e do qual é torcedor) foi eliminado na Copa Libertadores na quinta-feira, jogando no Estádio Nacional de Montevidéu. Viu o jogo?
R: Vi. Fui ao estádio torcer pelo Nacional, mas infelizmente não deu. Não foi dessa vez que chegaremos ao título. O ano que vem será melhor.

- COM A PALAVRA

Alvaro de Oliveira Filho, colunista do Lance!

"Uruguaios de sucesso: De Loco a Lodeiro"

"Ele chegou sem festa, sem torcida no aeroporto e com poucos holofotes. Entrou e saiu do time sem despertar reações e houve até quem duvidasse da aposta feita pelo Botafogo. Alguns, entre os quais este reles escriba, ficaram meio desconfiados depois das primeiras atuações. A timidez e as idas e vindas da seleção uruguaia talvez tenham sido um obstáculo naqueles primeiros meses. E Lodeiro terminou o Brasileiro-2012 da mesma forma que havia começado: discreto, sem brilho. Apenas um coadjuvante.

Mas o ano mudou e 2013 apresentou um novo Lodeiro. Um jogador dinâmico, que se multiplica em campo. Ajuda na marcação, quando o adversário está com a bola; participa da organização das jogadas e aparece frquentemente na área para tentar as finalizações. Sua movimentação constante o deixa sempre como boa opção de passe para os companheiros. Não por acaso, terminou o Estadual como artilheiro do Botafogo, com oito gols.

Hoje é peça fundamental no time de Oswaldo de Oliveira. Foi, na minha visão, o craque do Estadual, superando até Seedorf. Se mantiver o nível das atuações na Copa do Brasil e no Brasileiro, em pouco tempo vai ocupar o lugar deixado por outro ídolo uruguaio. E os alvinegros vão trocar o 13 de Loco Abreu pelo 14 de Lodeiro. Uma evolução, sem dúvida".


Alexandre Braz e Luiz Gustavo Moreira Rio de Janeiro (RJ)LANCENET!  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é sempre bem vindo. Participe com suas opiniões!