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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Assumpção vê Bota longe do caos e encara críticas: "A rejeição é grande"


Presidente afirma que vai se despedir da política do clube ao término de sua gestão e enaltece seus feitos sem arrependimentos no comando do Alvinegro



Nas últimas semanas, Maurício Assumpção precisou recorrer a um médico. Desde o início da vida adulta, quando morava em Goiânia, ele não sofria com crises de asma. Na consulta, ouviu do doutor que uma das causas era o estresse. "Sério? Que surpresa!", ironizou ele. A exatos 118 dias do fim de seu ciclo como presidente do Botafogo, ele está próximo de voltar a ser um professor universitário e um profissional da odontologia. Mas até lá, precisa lidar com uma enxurrada de críticas, vindas de dentro e fora do clube, enquanto se esforça para amenizar a grave crise financeira do Alvinegro.

Maurício Assumpção minimiza tamanho do caos em que o Botafogo se encontra (Foto: Satiro Sodré)

Após seis anos no comando de um dos maiores clubes do Brasil, Maurício Assumpção começa a fazer suas reflexões sobre a experiência vivida. E apesar de ser ausência no Engenhão, no dia a dia do futebol – após divergências com os jogadores –, e circular pouco nos corredores de General Severiano – fica quase o tempo inteiro em sua sala na sede alvinegra –, o presidente garante que trabalho não falta. Mostrando-se capaz de suportar as críticas, ele espera deixar a imagem de alguém que conseguiu fazer a Estrela Solitária brilhar enquanto houve energia – ou dinheiro – para isso.

– No momento imediato, sei que o nível de rejeição é grande. Mas quando começou a gestão, em 2009, fizemos um trabalho para conquistar torcedores mais jovens, e ninguém falava. Cinco anos depois, o resultado apareceu – argumenta ele, citando a pesquisa divulgada pelo Ibope, que aponta o Botafogo como a segunda torcida no Rio de Janeiro na faixa etária de 10 a 15 anos (15,6%).

Em entrevista ao GloboEsporte.com, o mandatário admite a frustração pelo fato de deixar o Botafogo sem ver concluída a construção do CT da base, em Marechal Hermes, sua grande obsessão, mas destaca as melhoras nas demais sedes. Reconhece o incômodo por ver torcedores pagando salários de jogadores, mas agradece a ajuda. Exalta os feitos dos seus amigos do futebol de praia na gestão de alguns setores do clube e afirma que deixar a presidência será também se despedir da política alvinegra. E resume a experiência no cargo, sob elogios e críticas.

– Eu vivi. E aí não dá para me arrepender.

Qual o Botafogo o senhor pretende entregar ao próximo presidente?

O que mais tenho ouvido é que o Botafogo está um caos. Mas não é nada muito diferente do que encontrei quando cheguei. Poucas semanas antes da minha primeira eleição, recebi email de uma pessoa sempre cotada como possível candidata, mas que nunca efetivamente se candidatava. Ela pedia que eu não fizesse aquilo, que era uma loucura, que o Botafogo era ingovernável e que eu poderia ser preso. Passados quase seis anos, não fui preso, e o é governável. As dificuldades existem para qualquer presidente e vão continuar existindo, mas o panorama não é de caos. A situação hoje é muito ruim por causa das penhoras, com possibilidade de melhora desse quadro. Conseguimos entrar no Refis e pagar a primeira parcela. 

Agora o esforço é para pagar as outras quatro, de mais de R$ 2 milhões, o que não é fácil. Há o Ato Trabalhista, e podemos ter uma situação melhor a partir desta semana em relação a esse assunto. Quando cheguei também já tinha adiantamento de receitas. Havia um estádio que era deficitário, que devia R$ 1,2 milhão de contas públicas e de terceirizados. Hoje o caos que dizem existir se reflete muito no que acontece no futebol por conta dos salários atrasados e do ambiente que ficou por conta disso.

Em relação ao patrimônio do clube, qual sua avaliação?

A diretoria deixa o Botafogo com um patrimônio muito melhor do que recebeu. Hoje, depois de uma reformulação, o Mourisco recebe provas internacionais, tem recebido delegações estrangeiras por causa das Olimpíadas de 2016. Quando chegamos, o que mais se via era projeto para o Mourisco, e essa diretoria reformulou todo o patrimônio. Foram R$ 14 milhões de obras, e o Botafogo não botou um tostão. Poderíamos receber mais de R$ 170 mil por mês de aluguel não fossem as penhoras. General Severiano sofreu modificações enormes. Não à toa saímos de 900 sócios para 2.600 adimplentes. Agora está sendo feita a modificação da grama natural para sintética, que vai dar um empurrão na frequência do clube. Sacopã teve reforma da garagem dos barcos, um tanque novo, sala de musculação com equipamentos novos. Já nos tentaram tirar a concessão do Caio Martins duas vezes porque existe interesse grande, pois fica em local nobre de Niterói. Grupos pesados estão de olho naquela área. Tirar a concessão todo mundo quer, e o clube entendeu que é importante manter até Marechal Hermes ficar pronto.

Maurício Assumpção com o prefeito Eduardo Paes: acordo para o CT do Botafogo (Foto: Divulgação / Botafogo Oficial)

É verdade que há jovens da base dormindo nos camarotes do Caio Martins, como disse o ex-presidente Carlos Augusto Montenegro em entrevista ao jornal "O Globo"?

Reputo essa declaração à informação que chegou para ele. Tenho certeza de que o Montenegro não vai ao Caio Martins há muitos anos, talvez desde a Série B (em 2003). Os jogadores realmente dormem onde eram os camarotes, mas que foram reformados para virarem alojamentos de no máximo quatro garotos por quarto. O Ministério Público já foi lá e deu ok para as atividades da base. Elas são divididas com o CEFAT, que nós alugamos. Em relação a Vargem Grande, o clube recebeu o terreno, assim como os outros clubes, para fazer o CT. Mas nem o Botafogo e nem ninguém recebeu o dinheiro que seria dado por uma empresa privada. Precisávamos do dinheiro para acertar o terreno. Para isso ser feito, são necessários aproximadamente 100 mil caminhões de entulho, e isso tem um custo grande. Conseguimos com o Governo a doação do entulho. Mas precisamos pagar R$ 3 milhões para assentar o entulho e nivelar para receber a construção, e isso nós não temos.

Marechal Hermes é uma situação especial. Foi demolido porque tinha a perspectiva de começar a obra. O Botafogo demorou a conseguir a licença com a Prefeitura para fazê-la. Existia o interesse de investidores financiarem a construção do CT, mas isso não se concretizou porque havia a instabilidade do processo sucessório, para saber se o trabalho da base continuaria ou seria interrompido. Então decidiram não fazer o investimento. Fomos para o plano B, que é a aprovação da construção por projetos incentivados. Conseguimos isso junto à Secretaria de Esportes do Estado. Hoje temos todos os certificados, e agora está na fase de captação junto às empresas. Dizer que o patrimônio do Botafogo é um dos piores... Quem fala isso não anda pelas sedes do Botafogo.

Como acredita que estará Marechal Hermes ao fim de sua gestão?

No fim do mandato a perspectiva é de estar no começo das obras, já com uma parte desse dinheiro para a sequência. Até o fim de novembro acredito que possa ter começado as obras. Minha maior tristeza é de não ver Marechal Hermes concluído. Vou ver começado, mas não vou ver concluído. Quando o Botafogo tiver o centro de treinamento, a perspectiva vai ser ainda melhor.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (antigo Proforte), Refis e Ato Trabalhista são a saída do Botafogo em termos financeiros?

Não esperamos o Proforte sair. Entramos no Refis da crise, como Fluminense e Atlético-MG. O Refis não é melhor do que a Lei de Responsabilidade, mas você pode aderir se ela for aprovada. Neste momento, para sobreviver, entendemos que entrar para o Refis seria importante. Feito isso, com a Lei de Responsabilidade e o Ato, o clube passa a não ter penhoras. Então pode
planejar com o que tem a receber: contrato de televisão até 2018, receita de patrocínios na camisa, no estádio e sócio-torcedor.

O senhor pretende fazer adiantamento de receitas antes do fim deste ano?

Vou ter que fazer adiantamento, da mesma forma que fiz quando entrei e que outros presidentes fizeram. É verdade. Para fechar o ano todo eu teria que fazer. Mas não vou adiantar R$ 65 milhões do ano que vem, como falaram. Vamos estabelecer as prioridades de pagamento para fechar o ano. Os funcionários estão em dia, mas o futebol não está. Direito de imagem,
comissão técnica... Essas são situações emergenciais. Para isso também estamos buscando outros recursos. Estamos passando jogos para outras praças. Não é a melhor situação, sabemos que é melhor jogar em casa. Mas para eu ter torcida, teria que botar ingressos mais baratos. Os jogadores entenderam que deveria ser feito.

Maurício Assumpção no treino do Botafogo. Sem confiança, uma cena cada vez mais rara (Foto: Gustavo Rotstein)

Por falar em jogadores, por que o senhor não tem mais comparecido aos treinos da equipe, como aconteceu quando a crise financeira ficou mais grave?

Quando o time foi eliminado da Libertadores, tive uma conversa com todos os jogadores e disse que a situação ia continuar muito difícil, que quem não quisesse passar por isso ainda tinha tempo de rescindir e procurar outro clube. Mas eu não ia mais aceitar a situação de greve, porque foi um fator preponderante para tirar o Botafogo da Libertadores. O jogo (contra o Unión Española, no Maracanã) não foi o foco naquela semana. Mas ninguém se disse insatisfeito. Parei de ir aos treinos depois que os jogadores não quiseram ir à Paraíba fazer o amistoso contra o Botafogo-PB durante a Copa do Mundo. Aí disse que se essa era uma relação de confiança, e a confiança dos jogadores com o presidente não existia mais, então não tinha que estar lá.

O que tenho que fazer é vir ao clube todos os dias, como tenho feito. Dizem que eu larguei o clube, mas não larguei, não. Continuo vindo todos os dias. Avisei ao Gottardo que não acompanharia como vinha fazendo, mas dei carta branca. Tenho reuniões com a diretoria, falo com eles frequentemente, mas não compareço mais. E quando os jogadores entram em campo com a faixa dizendo que estão ali pelo profissionalismo e pelos torcedores, eu fico mais tranquilo, porque não preciso cobrar nada do grupo. Primeiro porque estou em situação delicada para cobrar, e esse grupo já se comprometeu com a torcida. Se vier cobrança, é da torcida. Eles fizeram um pacto entre eles e a cobrança que vem das arquibancadas, e esse compromisso vem das arquibancadas.

Avalia que a folha salarial do Botafogo tornou-se inchada e que o orçamento do futebol ficou muito alto em relação às receitas?

O que havia em determinado momento era jogadores com contratos muitos longos. Hoje a maioria tem contratos de no máximo um ano, a maioria vence no fim do ano. Talvez esse seja um problema. Porque os que têm a garantia de um contrato de dois anos se sentem mais confortáveis, numa situação mais segura. O que tem contrato de um ano pode sair do clube e não ter mercado, por exemplo. Os jogadores de contratos mais longos são os que vieram da base, até por questão de segurança. Em relação à comissão, recentemente diminuímos os valores. Em um determinado momento, o orçamento do futebol foi crescendo e em 2014 diminuiu. A folha não é assustadora em termos de Brasil.

Em compensação, os resultados eram melhores do que muitos que tinham orçamentos maiores. Em 2012/2013 eu precisava fazer um investimento, que se chamou Seedorf. Quando se traz um cara desse, tem que colocar o custo e os benefícios que ele pode trazer. Aí você vê que de 2010 a 2014 a torcida na faixa de 10 a 15 anos cresceu de forma significativa, isso num período em que o Fluminense comemorou dois títulos brasileiros. É óbvio que algo foi feito. O orçamento vinha do contexto do crescimento do clube como um todo. Em 2009 o Botafogo tinha R$ 6 milhões de receita para a camisa, depois pulou para mais de R$ 26 milhões por ano. Isso não é obra do acaso, mas de gente competente.

Seedorf e Mauricio Assumpção na chegada do holandês para jogar no Botafogo (Foto: Fernando Soutello / AGIF)

O que acha do movimento de torcedores que decidiram se juntar para pagar salários de jogadores até o fim do ano?

Claro que me incomoda, porque gostaria de estar honrando esses compromissos. Quando soube que isso ocorreria, liguei para um integrante do grupo e perguntei se queriam alguma contrapartida. Mas disseram que não era empréstimo, era doação. Se eu tivesse condições talvez doasse, mas como presidente, me incomoda. Não gosto. Como torcedor, tenho que ficar feliz nesse momento por ver que torcedores se reuniram para tentar amenizar a situação complicada. Se continuarem unidos, somando Ato Trabalhista, Refis ou Lei de Responsabilidade aprovada, em cinco ou seis anos essa situação do Botafogo estará resolvida.

Como vê as críticas de opositores sobre o emprego de amigos seus de futebol de praia no Botafogo?

Não foi a primeira vez que falaram sobre esse assunto. As pessoas acham que tenho vergonha de falar dos amigos da praia. Algumas pessoas fazem amigos da rua, na faculdade, na escola. As minhas grandes amizades no meio esportivo foram com pessoas que conheci no futebol de praia. Não conheço presidente que tenha colocado inimigo para colaborar. Se eles vão ser
competentes, é outra historia. Tenho alguns amigos na base e alguns no marketing, no comercial. Veja o que aconteceu nessas áreas? Veja o que aconteceu com produto o Botafogo. A torcida cresceu nesse período. Na base, qual foi o trabalho? Aliás, essa é a pergunta que cabe aos que serão candidatos a presidente: quem vai ser o seu cara da base? Porque já vi muitos da política do Botafogo que não fizeram nada pela base, mas agora são os doutores da base. 

Vejo candidatos que andam com pessoas que já foram da base do Botafogo. E qual foi o trabalho dessas pessoas?

Para falar da base do Botafogo, o cara tem que já ter feito algo igual ou melhor em outro clube do Brasil ou ter se enfurnado vendo o que se faz lá. Acompanhar futsal, com eu acompanho, sub-15, sub-17, tem que ir pra Austin, Nova Iguaçu, Macaé, ver treino, participar de reunião pós-jogo, como já participei. Veja os resultados e veja o que a base conquistou. Hoje, o Botafogo fica com 70%, 80% dos direitos econômicos dos jogadores que chegam. Somos o clube mais difícil de negociar com empresários. Temos um sistema de captação. Assim chegaram Daniel, Vitinho, Gabriel, Caio... Mesmo com todas as dificuldades que temos.

O senhor pretende apoiar algum candidato nas próximas eleições do Botafogo?


Não vou ter candidato. Tive uma reunião com vices e perguntei quem gostaria de ser candidato. Só o Alberto Macedo (vice jurídico) disse que sim. Tive uma conversa franca com ele naquela época e disse que tinha duas pessoas que gostaria que fossem meus candidatos. Paulo Mendes (vice geral) e Chico Fonseca (vice de futebol). Infelizmente, nenhum dos dois pôde assumir a responsabilidade, por motivos profissionais. Assim, deixei os vices livres para apoiar as candidaturas que achassem melhor. Existe liberdade de escolha. A situação não terá candidato oficial. Se eu, Maurício, vou apoiar alguém, é outra história. Mas primeiro vou esperar a confirmação dos candidatos. A única registrada por enquanto é a do Vinicius Assumpção. Mas candidato da situação não tem.

O que pretende fazer depois de encerrar seu ciclo na presidência?


Sou professor universitário, tenho uma clínica odontológica. Não estou atuando, hoje sou mais um empresário. Agora existe um vertente da odontologia que é do esporte, que me agrada. Também tenho recebido convites para dar aula em cursos de marketing esportivo, posso ampliar minha atuação como executivo da odontologia. No futebol do Botafogo, não. Volto para a arquibancada. Não vou ficar ligado à vida política do clube, não quero fazer parte de chapa. Acho que seis anos foram suficientes para participar da vida política, não tenho esse fervor de liderar, ter um grupo político. Não tenho esse tipo de paixão. Algumas pessoas nascem com isso, gostam. Vou voltar a ser o que eu era. Torcedor de arquibancada, continuar pagando meu sócio-torcedor. Para trabalhar no futebol teria que ser algo muito atraente, muito interessante em termos de perspectiva de trabalho. Mas tenho recebido algumas sondagens de empresas de consultoria de marketing esportivo, só não sei se é isso que eu quero.

Maurício Assumpção acompanha partida de futebol de praia, um de seus redutos (Foto: Globoesporte.com)

Fala-se que você gostaria de trabalhar nos Estados Unidos, onde o Botafogo acabou de registrar sua marca.


O mercado americano vem crescendo, e o Botafogo visualizou isso muito antes da Copa do Mundo. O Botafogo registrou a marca nos Estados Unidos, e isso foi motivo de questionamento do Conselho Fiscal. Até achei legal a preocupação, mas não registrei a marca no meu nome. Aliás, só o clube pode registrar sua marca. O mercado dos EUA está crescendo muito, e entendo que o Botafogo tem que estar lá. Estamos tentando desenvolver uma parceria com um clube, mas é parceria técnica. Se o Botafogo entender lá na frente que deve ter um clube lá, como Botafogo USA, aí é uma questão para a próxima diretoria. Mas até agora não há nada de oficial em termos de proposta de trabalho lá. Estamos desenvolvendo parcerias para ter o Botafogo no campeonato americano da segunda liga, a USL, isso é verdade, mas não é de hoje. Há três anos estamos fazendo sondagens de mercado. Quando um clube faz muitos jogadores na base, chega a hora em que precisa de um mercado secundário para colocá-los, e esse pode ser mercado interessante.

Qual a avaliação que faz da comissão da crise, instituída pelo Conselho Deliberativo?

Assim que a comissão foi constituída, mandei uma carta para o presidente em exercício do Conselho dizendo que me colocava à disposição para todos os pedidos necessários, disse que gostaria que fizessem esses pedidos por meio da presidência, para eu passar para os meus diretores. O presidente da comissão, Gustavo Noronha, já fez a primeira reunião com o financeiro, pediu documentos que foram disponibilizados e que são de posse do clube. Em breve haverá uma reunião com o futebol. Vejo de forma tranquila. Quando o grupo Mais Botafogo rompeu comigo, em 2009, criou várias comissões e não andou. Essa parece que vai andar. Nós estamos fazendo planilhas com a origem das dívidas e com as dívidas que foram feitas em cada mandato, inclusive as minhas. Para que a comissão tenha ideia da dívida, dos valores das dívidas e que assim possa tomar conhecimento. Mesmo que não me peça, eu vou entregar. Acho importante que tenha essa consciência.

Recentemente houve uma invasão de torcedores na sede do clube na tentativa de encontrá-lo. Teme por sua segurança?

Estou há seis anos no Botafogo e nunca andei com segurança fora de estádio. Nunca temi, até porque acho que nunca fiz nada que desse motivo para isso. Não tenho que temer algum tipo de agressão. Se fosse me pautar pelos comentários, não saía na rua. Estamos com processo na delegacia. Não vou retirar a queixa. As pessoas que provem que não invadiram, que não me
ameaçaram e que não fizeram nada de errado. Sei que tem maluco para tudo, mas não vou cercear minha vida, e não é isso que pesa para que eu decida me afastar da política do clube.

Teme que a imagem deixada em seu último ano seja a imagem que ficará de toda a gestão?

Não é que eu tema. É uma possibilidade. No momento imediato, é óbvio que o nível de rejeição é grande. Mas quando começou a gestão, em 2009, fizemos um trabalho para conquistar torcedores mais jovens, e ninguém falava. Cinco anos depois, o resultado apareceu.

Como define a experiência de ter sido presidente do Botafogo?


Pensei nisso quando aceitei me candidatar. Imaginava que estaria na minha casa de campo, com 90 anos, embalando na rede, olhando o horizonte e pensando que tive a oportunidade mas não tive coragem. Agora, com 90 anos, vou dizer que tive a oportunidade e tive a coragem. Fiz coisas boas e coisas ruins. Certas e não tão certas. Conquistei vitórias e tive derrotas. Eu vivi. E aí não dá para me arrepender.

Por Gustavo Rotstein Rio de Janeiro/GE

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