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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Após um mês de gestão, presidente prevê 2015: “Ano de amor ao clube”


Carlos Eduardo Pereira enumera dificuldades financeiras e faz apelo à torcida do Botafogo por apoio à equipe na próxima temporada



Carlos Eduardo Pereira, presidente do Botafogo, anuncia
desafios para 2015 (Foto: Luciano Belford/SSPress)
Foi na madrugada de 26 de novembro que Carlos Eduardo Pereira teve a confirmação do resultado das urnas, que o indicou como o novo presidente do Botafogo. Poucas horas depois voltava a General Severiano para dar seu primeiro expediente no cargo. Após um mês, já com uma noção real dos problemas a serem enfrentados, Carlos Eduardo sabe que o ano de 2015 será de extrema dificuldade. Mas não deixa de lado o otimismo, principalmente por acreditar que, em tempos de crise financeira, a torcida alvinegra será o principal reforço da equipe que buscará o retorno à elite no cenário nacional.

- Um ano de muita dificuldade. Um ano em que a torcida precisará de muita paciência. Precisa lembrar que 2014 foi o ano da irresponsabilidade e que 2015 vai ser de paciência e, principalmente, de amor ao clube afirmou o presidente.

Confira a entrevista de Carlos Eduardo Pereira ao GloboEsporte.com:

Qual balanço que faz do primeiro mês? Que dificuldades imaginava encontrar e acabaram sendo piores que o esperado?

O primeiro cenário que encontramos pior do que esperado foi a falta de credibilidade do clube. Em todos os contatos que fizemos, sempre o primeiro encontro era negativo, pois as pessoas não acreditavam mais no que o Botafogo falava. Então foi preciso mostrar que por conta disso os sócios escolheram a mudança. Gradualmente estamos resgatando essa credibilidade, mas a situação segue extremamente difícil. Além de ainda não termos as receitas liberadas, o volume de contas vencendo umas sobre as outras, sem que haja recursos, coloca a coisa mais complicada. Cada dia é uma dívida nova, um credor notificando, questões trabalhistas, atletas... O passivo é monstruoso.

Qual foi a maior conquista da sua gestão até o momento e os próximos desafios?

A maior conquista foi a volta ao Ato Trabalhista, sem dúvida. O clube estava paralisado, e desde 2013 estava com as contas bloqueadas, dependendo de ações do sindicato para pagar salários. Em 21 dias resolvemos isso. Também conseguimos quitar oito meses da Timemania. Temos o caso Elkeson para resolver até o fim do mês; estamos tentando de alguma maneira contornar a situação do Gabriel e chegar a um entendimento e buscando manter o Jefferson como nosso principal elemento. A verdade é que para muitos credores o Botafogo continua sendo um mau pagador e poucos têm a disposição de negociar. Mas estamos tentando explicar que com o orçamento atual já não dá para o clube funcionar, quanto mais ter um excedente para pagar as contas. Esse é o nosso principal desafio: conseguir conciliar a falta de recursos com o entendimento dos credores e busca de dinheiro novo para fazer o clube rodar minimamente. Temos o compromisso inadiável de retornar à Primeira Divisão. Fazer esse malabarismo não vai ser fácil.

Sua vida pessoal mudou desde o início da gestão?

Muda porque a vida pessoal fica sobrecarregada. As obrigações e os contatos com a imprensa repercutem na rotina pessoal. Mas é só o começo e é normal, mas não me surpreendeu. Também não acho desgastante. Quando você se candidata, sabe o caminho que tem pela frente. Todos nós sabemos que serão três anos de luta e dificuldade, eventualmente com algumas vitórias. Trabalhar com recuperação, falta de dinheiro e credores é tudo muito difícil, não esperávamos diferente.

O Botafogo ainda não apresentou reforços. É uma preocupação?

O mercado está num momento de acomodação. Os clubes perderam a capacidade de pagamento e os atletas estão com os salários inchados. É delicado. O que posso garantir é que não vamos fazer nada que não possamos pagar. Não temos capacidade de mais endividamento. Temos que gerenciar nossos recursos e captar dinheiro novo. Não pode ser com antecipação de receitas, como vinha sendo. Foi uma gestão pouco responsável que levou a isso. O departamento de futebol está trabalhando 24 horas, mas claro que não depende só de nós. O ideal é na reapresentação o René tenha um esboço do plantel.

Quais as atuais perspectivas do Botafogo em relação ao Engenhão?

Nosso departamento de patrimônio está acompanhado tudo de perto e tentando até que ponto o prazo estabelecido pode ser cumprido. A expectativa é de que pelo menos o anel inferior do Engenhão esteja liberado para nossa estreia no Carioca (dia 1º de fevereiro, contra o Boavista).

Dentro do que se apresenta até agora, o que imagina para o Botafogo em 2015?

Um ano de muita dificuldade. Um ano em que a torcida precisará de muita paciência. Precisa lembrar que 2014 foi o ano da irresponsabilidade e que 2015 vai ser de paciência e, principalmente, ano de amor ao clube. O time que vai entrar em campo contra o Boavista vai precisar de apoio mais do que nunca. Talvez na história do Botafogo nunca precisou de tanto. É importante que a torcida abrace o time. Por isso, dentro das nossas possibilidades, vamos praticar os menores preços possíveis de ingressos. Precisamos que todos estejam no estádio.

Por Gustavo Rotstein Rio de Janeiro/GE

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