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quinta-feira, 28 de abril de 2016

5 kg mais forte, Sassá volta "louco" para jogar e supera morte da mãe


Cinco meses e meio após operar joelho esquerdo, atacante retorna ao Botafogo nesta quinta, contra o Coruripe, e carrega homenagem pela Dona Elizete, vítima de acidente



A enorme cicatriz no joelho esquerdo deixou marcado: foram os cinco meses e 15 dias mais demorados da vida de Sassá. Quando entrar em campo na noite desta quinta-feira em Los Lários, contra o Coruripe pela Copa do Brasil, vai ser inevitável não passar aquele filme na cabeça: o momento da lesão, a tristeza por interromper sua melhor fase na carreira, a complexa cirurgia para reconstruir o ligamento, o apoio da família, o longo período de reabilitação, horas e horas de academia... Foi tanta musculação que o jovem atacante, de 22 anos, ganhou 5 kg de massa muscular durante o tratamento e retornará mais forte ao time do Botafogo. A tendência é que ele comece no banco, mas está "louco" para jogar. Nem que seja só por cinco minutos.


- Estou feliz da vida, louco para voltar, louco de vontade nos treinos... Pessoal até pede calma (risos). Antigamente (antes da lesão), brincava dizendo que queria jogar pelo menos 40 minutos, agora cinco para mim está ótimo (risos) - brincou o descontraído atacante, com fome de gol:


- Se sobrar ali a gente bota para dentro.


Mais forte e com fome de gol, Sassá volta ao Botafogo após cinco meses e meio (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)

Quando o filme chegar na parte da família, vai ser impossível também não se emocionar. Foi difícil para o jovem superar a morte da mãe, a Dona Elizete, vítima fatal de um acidente de ônibus na BR-101, na altura de Cachoeiro de Itapemirim (ES), ao voltar de uma excursão de Páscoa há quatro anos. As lembranças dela, maior incentivadora da carreira do filho, ainda enchem os olhos de Sassá de lágrimas. Mas com o nascimento do filho Murilo, de 10 meses, e o apoio da esposa Juliana e do pai Luiz Roberto, garante ter superado a tragédia. E, recentemente, tatuou no braço uma homenagem em forma de coroa para eternizar a sua rainha.

Confira a entrevista completa com Sassá:

GloboEsporte.com: você lembra como foi a lesão?
Sassá: Estava muito feliz, era meu melhor momento no Botafogo desde que virei profissional. Sentindo que a carreira estava decolando. Aí aconteceu a lesão. No primeiro lance, quando tentei girar sobre o cara, senti o joelho falsear. Se eu tivesse saído ali... Mas faltava pouco para acabar o jogo, voltei, e no outro lance, quando fui girar, a chuteira não veio. Sabia que tinha rompido alguma coisa.


Na hora você já imaginou a gravidade?Senti o joelho dar uma estalada, falei: "Já era". Já sabia que era sério, que tinha dado ruim. Procurei ficar o mais tranquilo possível. Coloquei na mão de Deus. Por dentro, fiquei um pouco chateado, mas procurei entender.


Como foi acompanhar o Botafogo de longe?

É horrível, até evitava ficar vendo jogos do Botafogo para não ficar com aquela sensação ruim (de não poder jogar). Foi na reta final do Brasileiro, sendo que no filé fiquei fora, fora da foto do título. Nos treinos às vezes eu chegava um pouco atrasado de propósito para não ter muito contato, pois sabia que iria demorar. Procurei fazer tudo, tentei ficar ao máximo tranquilo, sabia que não ia ser rápido. Já estava com meu filho, então tive mais tempo para ficar com ele.


E agora, como se sente?

Estou feliz da vida, louco para voltar, louco de vontade nos treinos... Pessoal até pede calma (risos), não tem como. Antigamente (antes da lesão), brincava dizendo que queria jogar pelo menos 40 minutos, agora cinco para mim está ótimo (risos).

Sassá ao lado de Elizete e da irmã Roberta: atacante tatuou recentemente homenagem à mãe (Foto: Arquivo Pessoal)



Você está feliz?
Sempre. Sou um cara feliz, tenho família, esposa, jogo no Botafogo... Não tem como ficar triste.


As marcas no joelho de Sassá (Foto: Thiago Lima)
Dá para dizer que você superou o acidente com sua mãe?
A cabeça não fica muito boa, mas procurei focar ao máximo. Meu objetivo principal era dar uma vida melhor para ela, infelizmente não deu. Falei: "Mãe, vou te dar uma casa". Fiz tudo, comprei tudo, aí aconteceu essa situação. A cabeça deu uma revirada... Mas graças a Deus consegui tocar o barco.


Ela chegou a te ver no profissional?
Na época eu subia, descia... Ela ajudava um rapaz com dificuldades, e ele era botafoguense, então estavam sempre aqui (em General Severiano).

 
Acha que ela pode estar te vendo hoje de algum lugar?
Eu não acredito.


O que a torcida do Botafogo pode esperar nesta tua volta?
Muita garra, determinação, vontade... Vou dar o meu máximo nos jogos, e se sobrar ali (a bola) a gente bota para dentro. Estou louco, vai chegar o dia 30, mas não chega o dia 28 (risos). Dá para sentir um frio na barriga.


Você tem receio de algum movimento com a perna esquerda?
Dá um pouquinho de medo, mas o médico falou: "Vai com calma, devagar". É natural, com o tempo passa.


Fonte: GE/Por Thiago Asmar e Thiago Lima/Rio de Janeiro

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