Bastidores da indefinição do estádio a uma semana da partida aflora crises antigas de Carlos Eduardo Pereira com Bandeira de Mello e Peter Siemsen e sobra até para Roni
Acordou, marcou, desandou. Após idas e vindas, o Fla-Flu da 30ª rodada do Campeonato Brasileiro está com local indefinido, por mais que no site da CBF continue previsto para o Luso-Brasileiro – rebatizado de Arena Botafogo depois de o clube reformar a casa da Portuguesa-RJ. Já estava tudo verbalmente acertado entre Fluminense, mandante do duelo, e o Alvinegro: o aluguel sairia por R$ 180 mil, com os envolvidos se responsabilizando sobre despesas operacionais e eventuais danos. Na última terça-feira, porém, tudo mudou.
O Alvinegro enviou um documento para a Federação de Futebol do Estado do Rio (Ferj) alegando que o estádio na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro, não poderia receber o clássico. A justificativa dada ao Fluminense, mandante, foi de problemas na tubulação de esgoto perto da arquibancada Sul, destinada aos visitantes. Só que a questão é muito mais política e aflora crises antigas entre os três presidentes: o alvinegro Carlos Eduardo Pereira, o tricolor Peter Siemsen e o rubro-negro Eduardo Bandeira de Mello.
Peter, Bandeira e CEP: caso do clássico na Ilha expõe racha entre Flamengo, Fluminense e Botafogo (Foto: Infoesporte) |
A briga entre Botafogo e Fluminense começou em 2015, durante o Carioca. Em entrevista ao jornal "Extra", Peter criticou o Alvinegro pela aproximação com a Ferj e disse: "Não sei o que eles querem com isso. Talvez uma conta bancária mais alta". CEP respondeu em nota oficial que as declarações foram "ofensivas e descabidas", e depois Anderson Simões, ex-vice-presidente administrativo e hoje vice de estádios, fechou as portas do Nilton Santos – como a diretoria rebatizou o Engenhão – para o rival enquanto não houvesse retratação, o que nunca aconteceu.
O racha entre Botafogo e Flamengo também é antigo e vem desde o polêmico vídeo do grupo "Porta dos Fundos", que ironizava a quantidade de patrocínios pontuais do Alvinegro. O caso Willian Arão no fim do ano passado, no entanto, acabou com qualquer cordialidade entre as duas diretorias. Desde então, CEP se nega a negociar com o Rubro-Negro até que a situação seja definida. No mês passado, o Fla ofereceu R$ 3 milhões e o empréstimo de Adryan para realizar dez jogos no Engenhão. O que foi prontamente recusado em General Severiano.
O GloboEsporte.com lista como ficou o cenário nos bastidores após o novo racha:
BOTAFOGO
Carlos Eduardo Pereira tem relação estremecida com rivais desde 2015 (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo) |
Acontece que a pressão interna foi determinante. Por questões políticas ou técnicas, alguns dirigentes foram contra. Os valores foram considerados baixos, fora o risco de danos à estrutura do estádio. O estado do gramado também pesou por conta da realização de três jogos em cinco dias – além do Fla-Flu no dia 13, o Botafogo enfrentaria o Internacional no dia 12 e o Atlético-MG no dia 16. Outro fator que contribuiu foi a reação de sua torcida, que nas redes sociais reclamou muito de ceder sua casa a rivais que são concorrentes diretos por vagas na Taça Libertadores da América de 2017. O Alvinegro não se pronunciou oficialmente.
FLAMENGO
Bandeira de Mello lamentou postura do Flu, e veto do Botafogo também desagradou (Foto: André Durão) |
O racha com o Botafogo desta vez ficou em segundo plano, já que o Flamengo não é o mandante do clássico e sequer participou das negociações. Mas a diretoria sabe que o veto também tem a ver com a possível presença do Rubro-Negro no estádio alvinegro. O clube evita ataques ao Fluminense por conta da parceria que pretendem costurar para a administração do Maracanã. De resto, a união não é mais a mesma. Já não falam a mesma língua na Ferj, e esse episódio do Fla-Flu inicialmente revoltou a muitos na Gávea. A pisada no freio foi estratégica. Internamente, dirigentes se veem isolados com relação aos demais clubes cariocas.
FLUMINENSE
Peter Siemsen comprou barulho com Fla e reprovou veto do Bota (Foto: Fernando Cazaes / Photocamera) |
Peter, então, ao decidir priorizar o aspecto técnico e o interesse do torcedor, entrou em contato com o Botafogo e acertou o aluguel da Arena da Ilha no dia 13. O Flu chegou a anunciar oficialmente o local e também não caiu bem nas Laranjeiras a postura alvinegra do veto. Tanto que o clube já está buscando outro lugar independentemente de a CBF ter mantido o clássico na Ilha por ora. Deve fechar acordo com a prefeitura de Volta Redonda e mandar o clássico no Raulino de Oliveira, destinando apenas 10% de ingressos à torcida do Flamengo, com a renda sendo dividida igualitariamente. O Tricolor se pronunciou oficialmente (veja aqui).
RONI
Hoje empresário, Roni ficou sem o Fla-Flu que já havia comprado (Foto: Reprodução / TV Anhanguera) |
Após Manaus voltar à briga na tarde de segunda, ele foi pego de surpresa com a mudança para a Arena Botafogo e o adiamento para o dia 13 e disse: "Não sei de mais nada. O Fluminense é o mandante, ele escolhe". A terça-feira reservava mais um capítulo da confusão, mas o jogador aposentado já não fazia mais parte dela: "Desde ontem que eu saí do circuito", encerrou.
Fonte: GE/ Por GloboEsporte.com*Rio de Janeiro
*Amanda Kestelman, Fred Gomes, Hector Werlang, Marcelo Baltar, Richard Souza e Thiago Lima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sempre bem vindo. Participe com suas opiniões!