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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Jefferson desabafa e explica decisão de nova cirurgia: "Chegamos no limite"


Goleiro e departamento médico do Botafogo se pronunciam pela primeira vez sobre caso. Jogador será operado nesta quinta e ficará pelo menos mais seis meses parado



Um dia depois de Sidão ter sido o porta-voz a confirmar a nova cirurgia deJefferson, nesta quarta-feira goleiro e clube, enfim, se pronunciaram. E juntos. Enquanto o elenco treinava pela manhã no Cefat, em Várzea das Moças, em Niterói (RJ), o ídolo alvinegro estava em uma clínica da cidade fazendo exames e marcou a sua operação para esta quinta com um médico particular em um hospital da Zona Sul do Rio de Janeiro. Depois, se apresentou no CT onde os jogadores estão concentrados até sábado e concedeu entrevista coletiva ao lado do dr. Luiz Fernando Medeiros, coordenador médico do Botafogo e responsável pela primeira cirurgia.

Luiz Fernando Medeiros (esq) e Jefferson explicaram situação do goleiro nesta quarta (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)

Na entrevista, Jefferson desabafou e admitiu a frustração. Disse que seguiu todo o cronograma passado pelo departamento médico após a cirurgia em maio e se mostrou chateado com o fato de sua recuperação não ter dado resultado. Segundo ele, por isso preferiu buscar uma segunda opinião, que desde o início avisou ao clube que o faria, e disse ter chegado ao limite da espera.

É um momento muito triste que estou passando, delicado, nunca passei por isso na minha carreira. Mas chegamos no limite, que somente uma segunda cirurgia para resolver o meu problema"
Jefferson, goleiro do Botafogo


– Como todo mundo sabe, em maio deste ano eu tive uma lesão muito séria no tríceps, ficando impossibilidade de continuar fazendo o que eu gosto, que é jogar futebol. Com o departamento médico, fizemos uma exame que constatou a necessidade de cirurgia. Fizemos a cirurgia com o DM do Botafogo. Uma lesão muito rara. Precisávamos dar um prazo. Nos foi passado o prazo entre três e quatro meses para voltar a jogar. Fizemos todo o cronograma. Voltei a treinar, cheguei a treinar, mas quando fui precisar realmente de um esforço a mais, com defesas mais difíceis, não consegui fazer. Foi aí que me reuni com o Botafogo para saber porque eu não conseguia voltar. Em acordo com Botafogo, sugeri uma segunda opinião – disse, prosseguindo:


– Nesse meio, algumas pessoas fazem escondido. Eu comuniquei ao Botafogo que precisava ouvir uma segunda opinião de um especialista de ombro e cotovelo. Consultei o dr. Márcio (Schiefer), que constatou que a lesão estava permanente no local. A esperança é que ela pudesse se regenerar com o tempo. Demos um passo para trás, paramos de fazer os exercícios. Fiquei duas semanas parado. Melhorou um pouco, mas quando voltei não consegui fazer o meu trabalho. Em acordo com o Botafogo, o médico constatou a necessidade de uma segunda cirurgia. É um momento muito triste que estou passando, delicado, nunca passei por isso na minha carreira. Mas chegamos no limite, somente a segunda cirurgia para resolver o problema.

Uma parte cicatrizou, outra parte não. É difícil dizer. Complicações cirúrgicas acontecem com qualquer um. São coisas que podem acontecer com qualquer tipo de cirurgia"
Luiz Fernando Medeiros, médico do Botafogo


O médico prefere deixar uma nova previsão de volta só após a cirurgia, mas a torcida alvinegra sabe que ainda vai demorar para ver Jefferson em ação. Extraoficialmente, fala-se em pelo menos mais seis meses parado. Com isso, o goleiro deve perder todo o Campeonato Carioca de 2017 e parte da Libertadores, caso o Botafogo confirme sua vaga para o torneio continental.


– A ideia é abrir, inspecionar e corrigir a cicatrização que ainda não ocorreu. A gente prefere dar um prazo apenas depois da cirurgia, que vai acontecer amanhã. A primeira cirurgia ocorreu de acordo com o que a gente esperava. Não houve nenhuma intercorrência, mas ao serem exigidos os tendões ainda causam dor ao Jefferson. Uma parte cicatrizou, outra parte não. É difícil dizer. Complicações cirúrgicas acontecem com qualquer um. São coisas que podem acontecer com qualquer tipo de cirurgia. Precipitação com certeza não (houve). Nessa lesão nos baseamos em protocolos e literatura escassa. Foi seguido o protocolo que a literatura nos indicava a seguir. Não obtemos os resultados que queríamos. Vamos ver o que acontece agora. Aqui no Brasil não achamos nenhum caso de jogador. Acontece nos atletas de futebol americano pelo uso de corticoide, não é o caso dele – argumentou o doutor.

Jefferson se mostrou chateado com o fato de não ter tido evolução na recuperação (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)

Jefferson está fora desde maio, quando lesionou o tríceps do braço esquerdo e passou por uma cirurgia. A previsão inicial era de voltar a jogar em três meses, mas o goleiro continuou sentindo dores no local. A constatação foi de que o tendão reconstituído não cicatrizou direito, e assim ele precisará passar por novo procedimento cirúrgico. O fato causou enorme mal-estar em General Severiano, com o goleiro procurando tratamento fora do clube. Jefferson, inclusive, vai ser operado por um médico particular.


Além de ser considerada grave, a lesão é incomum. A cirurgia em maio consistiu em reconstruir o tendão retirando enxerto do joelho, de modo a prevenir que a sutura que será feita fique mais resistente aos movimentos após a recuperação. A previsão de voltar ao agosto não se confirmou. Ele foi liberado apenas em setembro, só que, ao participar de um jogo-treino contra o Bangu, voltou a sentir incômodo no local. Na primeira cirurgia, o goleiro ficou seis semanas com o braço imobilizado com tipoia e só depois disso iniciou as sessões de fisioterapia. Agora, ficará três meses sem mexer o braço. Confira outros trechos da entrevista de Jefferson:


SELEÇÃO BRASILEIRA
É um momento difícil. Senti o gostinho de voltar à Seleção com a mudança que teve (saída de Dunga e chegada de Tite). Fiquei triste. É claro que ainda tenho o sonho de voltar à Seleção, mas nesse momento o mais importante é resolver o meu problema e ficar bom. Não tenho prazo. Preciso ficar bom para voltar o mais rápido a jogar pelo Botafogo. As coisas não funcionaram como a gente imaginou. Isso dá uma frustração.


MEDO DE NÃO VOLTAR A JOGAR?

Passa pela minha cabeça. A gente sabe que futebol, principalmente a Seleção, é momento. Quem estiver no melhor momento estará na Seleção. Aqui no Botafogo, sei que quando voltar bem eu me garanto nos treinamentos e nos jogos. Sem desrespeitar nenhum goleiro. O Sidão está muito bem. Mas cada pessoa tem que se garantir. Sei que quando eu voltar terei que recuperar meu ritmo de jogo, a história que tenho no Botafogo. A cirurgia pode ter seu risco, mas não procuro pensar nisso. Tenho que ter fé em Deus de que vai correr tudo bem. Não posso criar um monstro na minha cabeça


SENTIMENTO
Eu não consigo levantar do chão com o braço esquerdo. Isso já diz tudo. Tenho que ter fé em Deus. As vezes acontecem coisas que não esperávamos. O lado positivo é que estou mais próximo da minha família. Na rua as pessoas me dão força e me motivam. Até quem não é botafoguense. Aconteceu, não tem como voltar atrás. Pelo o que falei com o Dr. Márcio, por ser uma lesão rara ou grave, o prazo para eu poder a voltar a exercitar o braço é de três meses.


RENOVAÇÃO DE CONTRATO
Tenho contrato com o Botafogo até o final do ano que vem. Quem sabe agora as coisas invertem um pouco. Terei um bom tempo de recuperação até voltar a jogar. Não estou pensando em renovação. Só penso em voltar e poder fazer o meu trabalho. Agora, dentro de campo, é comigo.


Fonte: GE/Por Davi Barros* e Marcelo Baltar/Rio de Janeiro
*Estagiário, sob supervisão de Marcelo Baltar.

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