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domingo, 7 de dezembro de 2014

A história do Fogão não se rebaixa


Com tantas glórias e craques inesquecíveis, o Botafogo tem na trajetória de 110 anos a certeza de que pode voltar a brilhar com sua Estrela Solitária

FERNANDO FARIA


Rio - São 110 anos de uma gloriosa história. Gerações e gerações que aprenderam a amar o time da Estrela Solitária. Defendendo um escudo tão simples e imponente, um desfilar de craques de fino trato com a bola, de paixão pela rede, de inesquecíveis emoções. Quantos deles, com a Amarelinha, encantaram não só os alvinegros, mas o país e o mundo. Quanta felicidade proporcionaram! Quantas plateias surpreenderam!

Como esquecer a categoria de Nilton Santos, aquele que sabia tanto de bola, que era chamado de Enciclopédia do Futebol. E de Garrincha, o Mané, Alegria do Povo, que imortalizou a camisa 7 do clube, levando à loucura os Joões mundo afora e trazendo o caneco do Bi em 1962, depois de a Seleção ficar sem Pelé, tão bem substituído pelo Possesso Amarildo. Didi, monstro sagrado do meio-campo, deus no gramado. Zagallo, formiguinha de futebol incansável. Gerson, Canhotinha de Ouro, jardas e jardas em lançamentos de precisão milimétrica. Jairzinho, o Furacão da Copa, gols em todos os jogos na inesquecível conquista do Tri em 1970.

Garrincha (ao centro) é o maior ídolo da história do BotafogoFoto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia

O arrojo de Manga, a simplicidade de Wagner, a frieza de Jefferson, o talento de Carlos Alberto Torres, o fôlego de Josimar, a valentia de Brito, a segurança de Mauro Galvão, a qualidade de Leônidas, a classe de Rildo, a bomba de Marinho Chagas, o faro de gol de Paulinho Valentim, a falsa lentidão de Fischer, a fixação pela rede de Quarentinha, a redenção de Maurício. Quantos craques!

A corajosa rebeldia do cabeludo e barbudo Afonsinho, a insanidade de Heleno de Freitas, a lucidez de Seedorf, a habilidade desconcertante de Paulo Cezar Caju, a dedicação de Donizete, a irreverência de Túlio Maravilha e Loco Abreu, o trabalho incansável de Dirceu, o fôlego de Alemão, a precisão de Mendonça, a elegância de Nilson Dias.

Maior lateral-esquerdo da história, Nilton Santos só jogou pela Seleção e pelo GloriosoFoto: Divulgação
O Botafogo trilhou seu glorioso caminho nos passos de jogadores espetaculares, gênios da bola. Se hoje a Estrela Solitária não brilha com tanta intensidade, se está ofuscada por nuvens densas e decisões obscuras de dirigentes, novos dias de céu aberto virão. A camisa preta e branca deve ser sempre vestida com muito orgulho. Afinal, se a Série B emudece, a história do clube grita. E a história não se rebaixa!

‘O clube jamais se perderá na poeira do tempo. A crise atual passará’

O torcedor do Botafogo sempre foi conhecido como ‘sofredor’ por causa de expectativas frustradas. Teve período glorioso nos anos 60, quando times poderosos liquidavam adversários. Após mais de duas décadas sem títulos e da venda da sede de General Severiano, houve quem desse como certo o fim do clube como instituição de primeira.

Tulio foi o grande nome do título brasileiro do Botafogo em 1995Foto: Reprodução Internet
Mas o Botafogo sobreviveu a tudo e teve década vitoriosa nos anos 90. No século 21, a coisa piorou, mesmo com os três títulos cariocas. Mas, pela sua grande e apaixonada torcida, o clube jamais se perderá na poeira do tempo e personagens recentes como Loco Abreu, Seedorf e Jefferson seguram a mística incomparável, semeada a partir do grande Heleno de Freitas.

Por isso, o botafoguense é um alucinado pelo clube, não importam resultados e obstáculos. A crise atual passará porque há mutirão a favor. Como dizia o saudoso teatrólogo Sérgio Rangel: “O jogo em si e o papo sobre o futebol em si não me interessam. O Botafogo está acima de tudo.”

Marcio Guedes, Colunista do O DIA

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