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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Análise: eficiente atrás, mas inofensivo na frente, Bota tem "lição Libertadores"


Ferrolho alvinegro funciona, mas time encontra dificuldades para sair em velocidade e criar. Voltas de Montillo, Luis Ricardo e Sassá vão encorpar elenco na próxima fase









Foi uma classificação heroica, de muita entrega, mas também sofrida. O Botafogo está na fase de grupo da Libertadores, mas suou para passar pelo Olimpia, em Assunção. Com desfalques e sem peças importantes como Montillo, Jair Ventura teve mais uma vez de improvisar. A estratégia em Assunção era clara: defender forte e sair em velocidade nos contra-ataques. Funcionou parcialmente. Firme na marcação, o time não teve forças para atacar. A classificação - justa, diga-se de passagem, veio, mas fica a lição.


A ideia, em Assunção, era jogar por uma bola. Afinal, um gol obrigaria o Olimpia a marcar três, devido aos critérios de desempate da Libertadores. O lance, porém, não aconteceu, e o Botafogo avançou pelas mãos de Gatito nos pênaltis. Ficou o aprendizado. Na fase de grupos, em jogos importantes, porém, sem o mesmo caráter decisivo, as chances de um tropeço são enormes se a estratégia for apenas se defender. Vale destacar, no entanto, que no Campeonato Brasileiro, nas mãos de Jair Ventura, o Alvinegro teve umas das melhores campanhas como visitante.

Sistema defensivo do Botafogo foi bem e suportou a pressão do Olimpia durante quase todo o jogo (Foto: Marcelo Baltar)

A surpreende escalação de Matheus Fernandes expôs a estratégia alvinegra. Assim como em Santiago, contra o Colo-Colo, Jair Ventura optou por quatro volantes, abriu mão de um camisa 9 (Roger) e apostou na velocidade de Pimpão. Sem Montillo (machucado), Camilo foi o parceiro de ataque do camisa 17. Desta vez, porém, não funcionou.


O Botafogo jogou com duas linhas de quatro. Marcelo - como lateral -, Carli, Emerson Silva e Victor Luís fecharam o ferrolho lá atrás e dificultaram a vida dos atacantes paraguaios. A opção pelo trio de zagueiros, segundo Jair, foi para anular a bola aérea do do adversário, um dos pontos fortes do Olimpia. Mais à frente, centralizados, Airton e Matheus Fernandes. João Paulo (direita) e Bruno Silva (esquerda) deveriam ser as válvulas de escape. Deveriam...

Isolado, Pimpão tenta puxar contra-ataque. Sistema ofensivo não funcionou em Assunção (Foto: Marcelo Baltar)

Praticamente impenetrável na defesa, o Botafogo quase não passou sustos. O problema é que os contra-ataques eram lentos e não encaixavam. Ciente, Jair inverteu as posições de Bruno Silva e João Paulo, mas a transição para o ataque continuou lenta. Sobrou para Matheus Fernandes.

- Tirei o Matheus no intervalo porque ele estava mal? Não. Eu tive dificuldades com as duas linhas de quatro. Inverti o Bruno com o João Paulo, mas continuamos com dificuldades e sem velocidade. Estávamos trazendo cada vez mais o Olimpia para o jogo. Coloquei o Gilson que tem uma saída rápida pelo corredor e o pé esquerdo. Um jogador leve. Os volantes estavam tendo dificuldades, até pelo volume de jogo do Olimpia. Conseguimos corrigir um pouco, mas não foi o ideal - analisou Jair Ventura, após a partida.

Sem companhia, Pimpão e Camilo encontraram dificuldades contra o Olimpia (Foto: Marcelo Baltar)

Gilson entrou no lugar de Matheus na volta do intervalo para dar velocidade na saída pela esquerda. A intenção foi boa, mas pouco funcionou. Camilo e Pimpão continuaram muito isolados e, por mais que a defesa estivesse segura, a pressão do Olimpia, devido ao volume de jogo, aumentou. o gol paraguaio saiu, Gatito brilhou nos pênaltis, e o resto é história.


Fato é que, vistosa ou não, a estratégia deu certo, e o Botafogo está na fase de grupos da Libertadores. Fica a lição. Na Libertadores não dá para abdicar de atacar. A expectativa, no entanto, é que com a volta de jogadores como Montillo e Luis Ricardo, além da provável inscrição de Sassá, Jair Ventura ganhe em qualidade e quantidade. No horizonte alvinegro, a tendência é evoluir.


Fonte:GE/Por Marcelo Baltar/Assunção, Paraguai

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