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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

"O ano de 2015 para o Botafogo começou hoje", diz novo presidente


Carlos Eduardo Pereira concede entrevista coletiva após rebaixamento à Série B e afirma que Vagner Mancini e Wilson Gottardo ainda não têm o futuro definido



O dia seguinte do rebaixamento do Botafogo deu a Carlos Eduardo Pereira uma noção mais exata do que vai encontrar no próximo e nos dois anos seguintes. Apenas seis dias depois de ser eleito presidente, ele concedeu entrevista coletiva para falar sobre os passos seguintes à queda para a Série B, consumada com a derrota por 2 a 0 para o Santos, no último domingo.




O presidente afirmou que o técnico Vagner Mancini e o diretor Wilson Gottardo ainda não têm o futuro definido. Mas deixou claro que o planejamento do futebol para a próxima temporada já foi iniciado.

- Sobre Mancini e Gottardo, ainda vamos aguardar o fim do Campeonato Brasileiro. A partir de hoje os diretores do departamento de futebol vai sentar com os dois e avaliar o trabalho, além de entender o que foi feito e observar pontos negativos e positivos. Mas é importante frisar que o ano de 2015 para o Botafogo começou hoje.

Carlos Eduardo, presidente do Bota, concedeu sua primeira entrevista coletiva no cargo (Foto: Sofia Miranda)

Confira a íntegra da entrevista do presidente Carlos Eduardo Pereira:

Erros


Houve distanciamento, perda de comando e ocupação de espaços com pessoas apadrinhadas do ex-presidente. Com isso foi criada uma estrutura paralela de amigos e não se conseguiu manter o modelo profissional funcionado. A chegada do Eduardo Hungaro, um profissional sem experiência, e todo esse conjunto de fatores foram coroados com a incapacidade de quitar salários.


Sinais da crise

Desde 2011 o clube dava sinais preocupantes. Internamente, nós do Conselho Deliberativo observávamos que os orçamentos eram deficitários. Não há como sobreviver a isso. Ou você corta a despesa ou aumenta a receita, mas os gestores encontraram a saída adiantando receitas. Era um cenário praticamente previsível para quem estava no Conselho. Nós alertamos, mas infelizmente o Conselho teve uma visão política das contas, e chegamos a essa situação.

Refis e outras dívidas



Fizemos uma análise da legislação e vimos que é possível pagar dentro de um prazo de 30 dias depois do vencimento. Em paralelo, temos quantias bloqueadas. São cerca de R$ 15 milhões, tendo que pagar R$ 6 milhões ou R$ 7 milhões. Estamos em contato com a Fazenda para conseguir alguma compensação usando esses valores para conseguir quitar os débitos até o fim do ano. O Botafogo não quer sacar esse dinheiro. Nossa ideia é que ele permaneça na Fazenda para pagar as parcelas do Refis e da Timemania. Assim poderemos começar 2015 em outro patamar.

Engenhão




Estivemos com o prefeito na última sexta-feira e ele nos posicionou que as empresas prometeram inicialmente entregar o estádio em novembro, mas adiaram para março. Mas ele prometeu que vai se esforçar para que tenhamos o Engenhão em janeiro. Com isso teremos condições de alavancar o projeto sócio-torcedor. O estádio tem potencial para gerar outras receitas, mas precisamos tê-lo efetivamente de volta. Queremos negociar os naming rights, algo que até agora não se conseguiu.

Patrocínio

A intenção é renovar com a Guaraviton, que já manifestou interesse. Vamos abrir esse diálogo a partir de agora e esperamos um bom resultado. Nosso departamento de marketing está buscando alternativas, caso não seja possível, mas parece que é a prioridade da empresa também. Em relação ao contrato para o material esportivo, já tivemos contatos com um fornecedor importante, com quem teremos uma reunião na sexta. Amanhã vamos receber outra marca interessada.

Impacto do rebaixamento na captação de receitas

Pelo que sentimos no primeiro momento, não teremos maiores impactos. As pessoas têm a devida noção que o Botafogo é uma marca forte, com mais de 5 milhões de torcedores no Brasil e abrangência internacional. Não sentimos qualquer restrição. Claro que se não conseguirmos voltar à Primeira Divisão, fica mais complicado por causa da redução de cotas de televisão. Para 2015 não vi redução, mas nos obriga a retornar à Série A no fim do ano.

Elenco barato em 2015?



A questão de custo é bastante relativa. O que você precisa é de um elenco que te entregue um produto final de boa qualidade. E não necessariamente o caro entrega o melhor. Tem que ter qualidade, experiência e buscar no mercado os nomes certos. A expectativa é de um plantel competitivo e de custo adequado. Por isso, a sinalização de chamar de volta os quatro jogadores demitidos foi mostrar ao mercado que as práticas da nova diretoria são diferentes. Teremos uma reunião hoje à tarde para anunciar os vices, a diretoria completa. Depois pensaremos nos convites. Hoje já começou o trabalho de avaliação do plantel.

Corte de custos e funcionários

Hoje vamos nos reunir com os demais vices para saber exatamente a expectativa de redução. É fundamental que isso seja feito. Para não sermos injustos com ninguém, vamos fazer uma análise criteriosa.

Real situação do Botafogo

É pior do que eu imaginava. Nós estávamos acreditando que se tivéssemos mais alternativas na área trabalhista, teríamos um caminho pavimentado. Mas vamos ter que começar do zero. Caminho é bem longo para trilhar. A situação do clube é muito complicada, e é importante que os sócios-torcedores e os torcedores tenham isso em mente.

Botafogo como reflexo dos problemas do futebol carioca?

Não vejo a situação do Botafogo como um problema do futebol carioca. Vejo como um problema interno, gerencial. O Botafogo tinha meios para não estar nessa situação. Vamos ter que resolver de forma institucional.

Estrutura de trabalho

Há a vontade de reativar o campo de General Severiano, que tem estrutura, mas teve um erro infeliz em relação à destruição do campo de grama. Vamos compatibilizar o Caio Martins com outra alternativa para a base emergencial. A expectativa é que em 2016 nós consigamos dar início à obra do CT integrado das categorias. Vai depender da captação de recursos.

O custo Seedorf

Acho que a vinda do Seedorf foi capenga, porque trouxe o atleta, mas com todos os custos ao clube. Tem que ter um projeto de marketing acompanhando, patrocinadores e eventos que produzam receita para o clube. Houve um ganho de imagem, mas se tratando de uma instituição em crise econômica, foi tudo muito caro em relação ao trabalho que foi feito.

Como motivar novos sócios a contribuir?



Hoje o Botafogo tem uma imagem muito desgastada. Como eu disse aos representantes da Fazenda, você não recupera uma imagem com palavras, mas com atitudes. É um grande desafio que temos. Confio muito na torcida do Botafogo, na capacidade de mobilização, de participação. Nosso programa de sócio-torcedor será feito com transparência, vamos deixar claro que toda a contribuição será para a montagem e manutenção do plantel. Isso vai atrair mais pessoas. Mas tudo isso tem que ser sempre ligado a um projeto com o Engenhão.

Por Gustavo Rotstein e Sofia Miranda*Rio de Janeiro*Estagiária, sob supervisão de Gustavo Rotstein.

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