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terça-feira, 21 de julho de 2015

De curinga a absoluto: sem rivais, Luis Ricardo reina na lateral direita do Bota


Saída iminente do jovem Gilberto para o futebol italiano deixa caminho livre na equipe titular para o jogador, que brinca com despedida do concorrente: "Vai com Deus, Giba"




Luis Ricardo, Botafogo (Foto: Chandy Teixeira)
Desde que chegou ao Botafogo no início do ano por empréstimo do São Paulo, Luis Ricardo já viveu muitas situações diferentes: desconfiança inicial, vice-campeonato Carioca, liderança da Série B e até uma eliminação traumática na Copa do Brasil. Tudo isso, Luis viu de ângulos diferentes, dependendo da sua posição dentro do campo - que não foram poucas. Com o jovem Gilberto se destacando na lateral direita, coube a Luis Ricardo procurar espaço sendo improvisado em outros setores: na esquerda, no meio, como volante... Feitos que o transformaram em um verdadeiro curinga nas mãos do recém-demitido René Simões.

Ser o faz tudo no Botafogo não era necessariamente um motivo de insatisfação para Luis Ricardo. Entretanto, o jogador não faz questão de esconder que está animado com a possibilidade de se firmar na posição de origem com a quase certa saída do "rival" Gilberto, que deve assinar com a Fiorentina assim que retornar do Pan-Americano. A negociação do colega deixa Luis Ricardo praticamente soberano na posição, com a concorrência de apenas Diego, que acabou de ser promovido da base. Reinado que alimenta a confiança e abre espaço até para uma brincadeira com a despedida de Gilberto.

LUIS RICARDO NO BOTAFOGO

Chegada: janeiro de 2015
Jogos como titular: 14
Jogos que entrou: 5
Gols: 2
Posições que já atuou: lateral-direito, lateral-esquerdo, volante
e meio-campo.
Jogos que atuou fora da lateral-direita todo o tempo: 5

- É qualidade (ser um curinga). Se tem contado comigo, é porque algo de bom eu tenho feito. Se tivesse mal, não teria sido chamado e não jogaria em posição nenhuma. Eu até falo: Giba, vai com Deu. Onde você estiver, que Deus te abençoe. Agora eu vou tomar posse. Mas a gente fica feliz pelo Giba. Ele está vivendo um grande momento, tanto é que foi para Seleção. É um cara novo, precisa almejar coisa grande. Espero que ele seja feliz, que dê tudo certo. Agora, vou procurar fazer o que vinha fazendo, e melhorar. Sempre. Pensar no acesso sempre e por que não dar continuidade na minha carreira aqui no Botafogo - disse.

Na última partida contra o Náutico, Luis Ricardo mostrou que pode sim ser o dono desta e também de outras posições. Iniciou com boa atuação na lateral e, quando foi deslocado para o meio, participou da construção do gol da vitória que garantiu a manutenção da liderança da Série B ao Botafogo. Uma espécie de início de boa fase após ter sido apontado como vilão da primeira derrota do time na competição, quando o Alvinegro perdeu para o Macaé por 4 a 2, no Moacyrzão.

- Eu vejo que no futebol o céu e o inferno é muito próximo. Aquele dia eu fui a bola da vez. Um dia sou destaque, no outro não. Dei até entrevista dizendo que tenho experiencia suficiente para assimilar isso. Vai acontecer, não foi nem vai ser última vez que vou ser cobrado, elogiado. Mas futebol é assim, tem que entender - analisou o jogador.

Luis Ricardo brinca com o filho em sua casa na Zona Oeste do Rio (Foto: Marcelo Baltar)

Além de estar vivendo um momento novo no Botafogo, Luis Ricardo ainda tem que conviver com outro aspecto que começa a se tornar comum na carreira: o de ser um dos mais experientes do grupo. Aos 31 anos, o lateral tem a responsabilidade de ser um dos pontos de equilíbrio de um time com cada vez mais jogadores jovens na equipe titular.

- Hoje me vejo nesse papel (de liderança). Eu falando, eles ouvindo. Até falando: "calma, tem que dar uma diminuída". O futebol te dá essa oportunidade, de passar experiência. E, de fato, eles ouvem bastante. Vejo também que esse é o nosso papel, até pelo fato de ser mais experiente - afirmou o jogador.

Porém, não foi só a nova condição dentro do time que Luis Ricardo opinou. O lateral falou também sobre a saída de René Simões, o desmanche do time e até deu uma resposta sincera quando foi perguntado se o Botafogo é uma "grande família".Confira abaixo a entrevista completa.

SAÍDA DE RENÉ SIMÕES

Eu pelo menos fiquei muito chateado. Quando aqui cheguei fui muito bem recebido. Todo grupo na saída dele ficou bem triste. No dia, você sente, é um baque. Mas no outro dia é vida que segue.

GAROTOS NO TIME

Entrou uma garotada. A gente vinha treinado algumas vezes com eles. São garotos muitos bons. O Jair (Ventura, técnico interino) já conhecia e optou por jogar com eles. Até pintou uma incerteza, mas, de resto, conseguiram dar conta do recado, mudar o time justamente em uma partida que a gente tinha que ganhar. O Jefferson, eu, Carleto, Giaretta, os caras mais velhos, falamos que tÍnhamos que assumir essa responsabilidade. E durante o jogo demos a nossa parcela contribuição.

POSTURA DO CAPITÃO JEFFERSON

O Jefferson tem dividido a responsabilidade. Ele não tem vaidade nenhuma. Eu costumo dizer que ele, como nosso capitão, está interagindo mais. Ele quer que as pessoas o olhem como líder, mas também como parceiro, para conversar. Ele tem sido um excelente capitão, um excelente amigo. E ele tem toda confiança do nosso grupo.

CRISE NA LIDERANÇA?

Como ter crise num time que é líder? É até engraçado falar nisso. Mas futebol é resultado. Vínhamos de seis jogos sem uma boa sequência. Quando isso acontece, o jogador é cobrado, treinador, diretoria. A torcida também tem que entender que a gente sempre entra para vencer. Exemplo foi o jogo contra o Figueirense. Nos doamos, nos dedicamos, estávamos melhor no jogo, mas a bola não entrava. Aí levamos aquele gol aos 47 e sendo eliminado. Isso acarretou saída de treinador, hoje o Pimpão também está fora.

Luis Ricardo afirma que grupo sentiu saída de René Simões (Foto: Chandy Teixeira)

AMBIENTE DO BOTAFOGO

É um dos mais agradáveis. Tem sido bom onde tenho passado, tenho feito amigos de trazer em casa. Faço jantar com esposas e filhos. Chamar de grande família talvez seja algo um pouco... mas tem sido um grupo de bastante amizade.

CRÍTICAS AO JOVEM TOMAS

Vai ter dia que eu vou ser vaiado, vou estar mal no jogo. Eu também não comecei esse jogo contra o Náutico bem. Devido à ansiedade, querer resolver as coisas logo de imediato, até pelo fato da necessidade da vitória. O Jair, muito sábio, deu uma preservada nele. A gente conta com ele. Por ser um garoto, ele precisava desse tempo. E a comissão técnica foi muito inteligente em preservá-lo. Nessas horas, a gente tem que se unir até porque ele já nos ajudou. É administrar para não perder o jogador.

SAÍDA DE PEÇAS IMPORTANTES

Foi bom pelo fato de o Carioca ter começado já com esse time jogando a maioria das partidas. Isso favoreceu muito, há o entrosamento e isso foi levado para o Brasileiro. Mas aí acaba saindo um, saindo outro. Acaba desmanchando. E até chegar naquela sintonia, vai oscilar. Foi o que aconteceu com a gente. Espero que com essa vitória,a gente volte a retomar a boa fase.

AS AMIZADES


Ele (Gilberto) e o Sassá foram presentes que ganhei de amizade. Sempre onde joguei, sempre procurei ser parceiro do cara da minha posição. Tem que torcer sempre que ele vá bem. Quando eu cheguei no São Paulo para disputar a posição com o Douglas, ele foi vendido para o Barcelona. Agora eu chego aqui, Gilberto vendido. Eu até falo: quando vai ser a minha vez? A gente fica feliz, o Douglas também é um amigo que tenho. Então espero que uma hora chegue a minha vez para que eu possa ganhar um pouquinho também.

MAS QUER SAIR?

Não, eu fico, meu contrato vai até o fim do ano. O passe é do São Paulo, mas podemos chegar ao fim do ano e conversar para ficar aqui no Botafogo. Sou bastante feliz aqui no Bota. Aqui eu retomei esse caminho de jogos. Até porque no São Paulo eu estava indo para os jogos, mas não estava sendo aproveitado. Aqui tenho aproveitado da melhor maneira possível.

OBJETIVO É UMA TRANSFERÊNCIA INTERNACIONAL?

Seria contraditório falar que não penso. Mas estou focado no momento. Se você estiver bem, vai pintar Europa, Ásia. Mas para isso tem que ter rendimento. Se tiver num bom momento, alguém vem e acaba acontecendo.

Por Chandy Teixeira e Marcelo BaltarRio de Janeiro/GE

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